Sul-coreanos protestam sob neve enquanto prazo para prisão de Yoon se aproxima

Milhares de sul-coreanos enfrentaram uma nevasca neste domingo (5) para se manifestarem a favor ou contra o presidente Yoon Suk Yeol, suspenso devido a uma tentativa fracassada de instaurar lei marcial e resistindo à prisão um dia antes do vencimento do mandado.

Yoon mergulhou o país em caos político no mês passado com a declaração de lei marcial mal-sucedida e, desde então, está refugiado na residência presidencial, cercado por centenas de oficiais de segurança leais.

Uma tentativa de prendê-lo na sexta-feira falhou quando um impasse tenso de seis horas com seu serviço de segurança presidencial terminou por temores de segurança, com seus apoiadores também acampados do lado de fora.

Sul-coreanos enfrentam nevasca em protestos

Milhares voltaram à sua residência no domingo, apesar das condições de neve intensa cobrindo a capital – com um grupo exigindo a prisão de Yoon enquanto o outro pedia que a sua destituição fosse declarada inválida.

“Neve não é nada para mim. Podem trazer toda a neve e ainda estaremos aqui”, disse a manifestante anti-Yoon Lee Jin-ah, de 28 anos, que trabalhava em uma cafeteria antes.

“Larguei meu emprego para vir proteger nosso país e a democracia”, afirmou ela, acrescentando que acampou do lado de fora da residência durante a noite.

Park Young-chul, na casa dos 70 anos, disse que a tempestade de neve não o impediria de apoiar Yoon antes que o mandado expire à meia-noite de segunda-feira (1500 GMT).

“Passei por guerra e menos 20 graus na neve para lutar contra os comunistas. Esta neve não é nada. Nossa guerra está acontecendo de novo”, ele disse à AFP.

Os protestos no frio ocorrem enquanto Yoon, nesta semana, prometeu “lutar” contra aqueles que tentam questionar sua tentativa de tomada de poder.

Promotores relatam apelos de ministros

Yoon enfrenta acusações criminais de insurreição, um dos poucos crimes que não estão sujeitos à imunidade presidencial, o que significa que ele pode ser condenado à prisão ou, no pior dos casos, à pena de morte.

Se o mandado for executado, Yoon se tornará o primeiro presidente sul-coreano em exercício a ser preso.

Um relatório dos promotores sobre seu ex-ministro da Defesa, visto pela AFP no domingo, mostrou que Yoon ignorou as objeções de ministros importantes do gabinete antes de sua tentativa fracassada de lei marcial.

O relatório disse que o então primeiro-ministro, ministro das Relações Exteriores e ministro das Finanças do país expressaram reservas sobre as possíveis consequências econômicas e diplomáticas em uma reunião de gabinete na noite da decisão.

O Partido Democrático de oposição do país pediu no sábado a dissolução do serviço de segurança que protege Yoon.

O anúncio deles ocorreu após cenas de grande tensão na sexta-feira, quando centenas de guardas de Yoon e tropas militares o protegeram de investigadores que eventualmente cancelaram a tentativa de prisão citando preocupações de segurança.

No domingo, o chefe do serviço de segurança presidencial Park Jong-joon disse que não tinha intenção de permitir que os investigadores prendessem Yoon até o prazo de segunda-feira, porque aqueles sob sua responsabilidade eram legalmente obrigados a proteger o líder em exercício do país.

“Executar um mandado de prisão em meio a alegações de irregularidades processuais e legais compromete a missão fundamental do serviço de segurança de garantir a segurança absoluta do Presidente”, disse Park, que negou um pedido de interrogatório pela polícia, em um discurso.

Blinken intervém

O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, iniciou na madrugada da segunda-feira (6) uma visita à Coreia do Sul. Ele buscará, com cuidado, incentivar a continuidade das políticas do presidente destituído, mas sem seguir suas táticas.

Blinken chegou à capital naquela que provavelmente será sua última viagem como principal diplomata americano antes da posse do presidente eleito Donald Trump. Ele se encontrará com seu homólogo Cho Tae-yul.

Blinken está destacando os esforços do presidente Joe Biden para construir alianças e, após sua passagem pela Coreia do Sul, seguirá para Tóquio. Para seus conselheiros, é crucial não deixar a Coreia do Sul de lado, visto que ela mantém uma relação tensa e muitas vezes competitiva com o Japão, que também abriga milhares de tropas americanas.

Blinken pode enfrentar algumas críticas da esquerda sul-coreana por sua visita, mas deve conseguir navegar pela crise política, disse Sydney Seiler, ex-oficial de inteligência dos EUA focado na Coreia, atualmente no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

“Blinken pode evitar muitos desses problemas internos sul-coreanos com relativa facilidade e contextualizá-los não como uma tentativa de ajudar o partido no poder ou criar artificialmente uma sensação de normalidade onde ela não existe”, disse Seiler.

Em um comunicado, o Departamento de Estado não mencionou diretamente a crise política, mas afirmou que Blinken buscará preservar a cooperação trilateral com o Japão, que inclui o compartilhamento aprimorado de inteligência sobre a Coreia do Norte.

A visita de Blinken acontece em um momento de mudança para ambos os países, com Trump retornando à Casa Branca em 20 de janeiro.

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