RETROSPECTIVA 2024 – Ano de Grelo, Liniker, montagens no funk, turnê de medalhões da MPB e Simone Mendes


O cantor Grelo vence o Prêmio Multishow 2024 em um dos grandes momentos do artista goiano no ano em que ganhou projeção nacional com o hit ‘Só fé’
Divulgação / Globo
♫ RETROSPECTIVA 2024
♪ O ano de 2024 transcorreu na música brasileira com alguns fenômenos de popularidade que, ainda assim, não foram capazes de unir todo o Brasil. Em movimento irreversível, o mercado da música atravessou o ano com cada artista no próprio quadrado, atuando em segmentos distintos, ainda que os incontáveis feats. tenham tentado dar liga em artistas de universos diferentes.
Em alguns casos, a área desse quadrado foi extensa. Aos 27 anos, Grelo – nome artístico do cantor e compositor goiano Gabriel Ângelo Furtado de Oliveira – foi a revelação do mainstream do mercado. Compositor que vinha fornecendo hits para astros do forró e para duplas e cantores sertanejos, Grelo foi para a frente dos holofotes no segundo semestre com a explosão da música Só fé, um dos hits virais de 2024.
Em outro quadrado, o trio fluminense Os Garotin também ascendeu ao posto de revelação da música brasileira com o soul e R&B tropical do primeiro álbum, Os Garotin de São Gonçalo, dividindo o pódio com a cantora e compositora baiana Melly, que também transita pelo segmento da black music contemporânea.
Artista egressa do mercado indie, Liniker extrapolou quadrados e ganhou status de cantora do mainstream por conta do estouro do álbum Caju, o disco mais comentado do ano.
Contudo, como a indústria da música brasileira opera em nichos, é provável que as multidões arrastadas por Caetano Veloso e Maria Bethânia para as apresentações do show da turnê Caetano & Bethânia nem saibam quem é Grelo.
O público dos medalhões da MPB continua gravitando em torno de um universo paralelo. Nesse universo, Milton Nascimento foi ovacionado pelo álbum gravado com a cantora, compositora e baixista norte-americana de jazz Esperanza Spalding. Mas será que os ouvintes que cultuam o álbum Milton + Esperanza chegaram a ouvir a música Dois tristes, grande sucesso emplacado pela cantora sertaneja Simone Mendes ao longo de 2024? É provável que não.
Talvez o público de Milton Nascimento tenha ouvido (a contragosto) Macetando, a música gravada por Ivete Sangalo com Ludmilla. Macetando saiu no fim de 2023, mas virou hit do Carnaval de 2024 e atravessou o ano com fôlego.
Com jeito de que veio para ficar e ainda vai crescer mais, o cantor Jota.Pê também chegou com fôlego ao fim de 2024 por conta da repercussão do álbum solo Se o meu peito fosse o mundo.
Simone Mendes é a intérprete de ‘Dois tristes’, uma das músicas mais ouvidas ao longo de 2024
Antonio Trivelin / g1
No funk, que viveu ano glorioso dentro e fora do Brasil (com Anitta tentando globalizar o baile com o álbum Funk generation e a turnê mundial gerada pelo disco), a moda da MTG – abreviação de montagem – ganhou espaço, saindo do circuito dos funks carioca e mineiro. Até o hit natalino de Simone virou alvo de MTG.
Cada vez mais popular fora do Brasil, mas ainda marginalizado dentro do próprio país, o funk encarou o sertanejo nas plataformas de streaming. DJs e MCs estiveram no topo das listas dos artistas mais tocados.
Fora do mainstream, houve grandes álbuns de Amaro Freitas (Y’Y), Zé Manoel (Coral), Jussara Silveira (Brasilin), Nando Reis (Uma estrela misteriosa revelará o segredo), Ilessi (Atlântico negro), Boca Livre (Rasgamundo), João Bosco (Boca cheia de frutas), Ayrton Montarroyos (A lira do povo), Marcos Sacramento (Arco), Tássia Reis (Topo da minha cabeça) e Ná Ozzetti & Luiz Tatit (De lua), entre outros nomes que permaneceram nos próprios quadrados.
Na área do rock, Samuel Rosa bateu na trave com um primeiro álbum solo, Rosa, que soou demasiadamente apegado ao som do Skank em músicas como Flores da rua (a faixa que deveria ter sido lançada como single inicial em vez de Segue o jogo).
Já Adriana Calcanhotto ressuscitou Adriana Partimpim após 12 anos. Mas o álbum O quarto surtiu pouco efeito entre as crianças de todas as idades, talvez pelo teor adulto de parte do repertório. Mart’nália entrou na onda do pagode com álbum que, assim como o disco de Partimpim, deve crescer no show que estreia em janeiro.
E assim, com muito feat. mas com cada artista no próprio quadrado, 2024 sai de cena para que chegue 2025! Feliz ano novo aos artistas e aos leitores do Blog do Mauro Ferreira!
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