Richard Parsons, ex-CEO da Time Warner, Citigroup e LA Clippers, morre aos 76 anos

Richard Parsons, que foi importante na separação da Time Warner e da AOL, morreu aos 76 anos. A informação foi confirmada pela Lazard, empresa na qual Parsons atuava há anos como membro do conselho.

A união da Time Warner com a AOL ficou conhecida como uma das piores fusões da história corporativa.

A AOL (originalmente conhecida como America Online) foi uma das primeiras empresas de serviços de internet e comunicação digital nos Estados Unidos, destacando-se nos anos 1990 e início dos anos 2000.

Parsons assumiu o cargo de CEO da AOL Time Warner em 2002, sucedendo Gerald Levin. Dois anos após a fusão de US$ 165 bilhões entre a gigante da mídia e a empresa emergente da internet, ele liderou a recuperação da Time Warner, removendo o nome “AOL” da marca corporativa e reduzindo a dívida da empresa de US$ 30 bilhões para US$ 16,8 bilhões, por meio da venda de ativos como a Warner Music.

“A fusão não saiu como muitos de nós esperávamos. A bolha da internet estourou, e precisávamos consertar os problemas”, disse Parsons em uma entrevista de 2004. Ele explicou que a AOL enfrentava um colapso no negócio, enquanto o Warner Music Group e a indústria musical em geral também estavam em declínio. “Vendemos o negócio de música, além de outros ativos não estratégicos, para fortalecer nosso balanço e trazer uma nova gestão”, afirmou.

Parsons deixou a Time Warner em 2007.

De origem humilde ao topo do mundo corporativo

Nascido em 1948, Richard Parsons cresceu em uma família operária. Aos 16 anos, ingressou na Universidade do Havaí, onde jogou basquete e conheceu sua esposa, Laura Ann Bush, com quem se casou em 1968.

Após formar-se, voltou a Nova York para cursar a Albany Law School, onde conciliava os estudos com um trabalho como zelador para pagar sua faculdade. Ele se formou como o melhor da turma e, durante um estágio na legislatura estadual, criou laços com Nelson Rockefeller, então governador e futuro vice-presidente dos EUA. Parsons se tornou diretor associado do conselho de políticas domésticas do presidente Gerald Ford.

“Eu não fazia parte da velha guarda, mas, ao entrar no círculo de Rockefeller, ganhei uma rede de pessoas que me apoiaram pelo resto da vida”, disse Parsons ao The New York Times em 1994.

Após a derrota de Ford nas eleições de 1976, Parsons trabalhou em um renomado escritório de advocacia e passou a comandar o Dime Bancorp em 1988, ajudando a instituição financeira a se recuperar durante a crise de poupança e empréstimos da época.

Uma carreira marcada por liderança e resiliência

Richard Parsons ingressou no conselho da Time Warner em 1991 e tornou-se presidente em 1995. Ao longo da carreira, ele se destacou como um republicano moderado, conciliando valores conservadores na economia e liberais em questões sociais.

Sua proximidade com o então prefeito de Nova York, Rudy Giuliani, e seu papel na transição da administração municipal foram marcantes, embora a relação tenha se deteriorado mais tarde.

Após sair da Time Warner, ele assumiu cargos estratégicos, como a presidência do Citigroup durante a crise financeira de 2008, e também foi nomeado CEO interino do Los Angeles Clippers em 2014, após um escândalo de racismo envolvendo o dono do time.

Além do mundo corporativo, Parsons esteve engajado em causas sociais e culturais. Foi diretor da Apollo Theater Foundation e contribuiu para a arrecadação de quase US$ 100 milhões para o histórico teatro do Harlem. Em 2021, ele e a esposa doaram 40 obras de arte para o American Folk Art Museum.

Parsons, que lutava contra um mieloma múltiplo desde 2018, optou por reduzir suas atividades públicas por recomendações médicas. “Apesar dos desafios de saúde, ele permaneceu uma inspiração para aqueles ao seu redor”, destacou o comunicado oficial da família.

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