Crise de liquidez no Brasil: riscos à estabilidade econômica

Crise de liquidez no Brasil: riscos à estabilidade econômica

O Brasil enfrenta um cenário econômico desafiador que pode culminar em uma crise de liquidez. Especialistas alertam para a dificuldade do governo em refinanciar dívidas de curto prazo, com cerca de 48% da dívida pública atrelada à taxa Selic. Essa estrutura, combinada com prazos curtos de maturidade — entre dois e seis meses —, exige leilões frequentes, elevando o prêmio de risco. “O governo pode chegar a um ponto em que não terá liquidez suficiente para quitar suas obrigações”, afirmou Vandyck Silveira em entrevista à BM&C News.

Reservas Internacionais: Seguro ou Última Alternativa?

Embora o Brasil conte com reservas de R$ 360 bilhões, os especialistas destacam que utilizá-las para cobrir déficits pode gerar impactos negativos imediatos. “Mexer nas reservas levaria à depreciação do real em 2% ou 3%, colocando em risco a estabilidade financeira do país”, explicou o economista.

As reservas, segundo os especialistas, devem ser vistas como uma “pólice de seguro” para garantir a solvência do Brasil em momentos de crise extrema, evitando erros do passado, como os que levaram à moratória de 1982.

Dívidas e o Perigo da Monetização

Outro ponto levantado foi a possibilidade de o governo recorrer à emissão de moeda para enfrentar os problemas fiscais, o que acarretaria aumento da inflação. “Monetizar a dívida é como dar um calote sem que os investidores percebam de imediato”, disse Silveira.

Além disso, o mercado já precifica esses riscos ao exigir prêmios mais altos para financiar a dívida pública. “O mercado não é malvado. Ele responde aos excessos do governo que usa recursos para consumo, não para investimentos.”

Os analistas criticaram a estratégia do governo de alocar recursos em consumo imediato, em vez de investimentos produtivos. “O governo toma dinheiro emprestado, mas não o utiliza para projetos que possam gerar retorno e quitar a dívida no futuro. Em vez disso, financia despesas correntes, como benesses populistas e estatais deficitárias”, afirmou o especialista.

Esse modelo de gestão, segundo os analistas, cria um desequilíbrio de fluxo de caixa, comparável a uma pessoa que toma empréstimos para despesas como restaurantes, sem gerar ativos que valorizem com o tempo.

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