EUA abrem investigação contra práticas da China na indústria de semicondutores

Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (23) o início de uma investigação sobre as políticas e práticas da China relacionadas à indústria de semicondutores.

A medida, conduzida pela Representante de Comércio dos EUA (USTR), Katherine Tai, será realizada com base na Seção 301 da Lei do Comércio de 1974. O objetivo é avaliar se as práticas chinesas estão prejudicando a competitividade americana e criando barreiras comerciais.

Foco da investigação

A investigação está centrada em semicondutores, componentes essenciais para produtos como carros e dispositivos médicos.

Segundo o USTR, há evidências de que a China utiliza “extensos meios anticompetitivos e não de mercado” para dominar o setor global de semicondutores, o que inclui oferecer chips a preços artificialmente baixos.

“Essas práticas ameaçam eliminar a competição justa e orientada para o mercado”, afirmou Katherine Tai.

Dados divulgados pelo USTR indicam que a China dobrou sua participação global na capacidade de produção de semicondutores lógicos fundamentais nos últimos seis anos e pode alcançar cerca de 50% da capacidade mundial até 2029.

Essa rápida expansão estaria desestimulando investimentos de atores econômicos orientados para o mercado, segundo o relatório.

Dependência dos EUA e impactos econômicos

Uma análise recente revelou que dois terços dos produtos americanos contêm semicondutores fabricados na China. A Secretária de Comércio, Gina Raimondo, destacou que muitas empresas americanas nem sequer sabem se seus produtos possuem componentes chineses.

“Esse nível de dependência representa um desafio crítico para a segurança econômica e as cadeias de suprimentos dos EUA”, alertou.

Nos últimos anos, o governo de Joe Biden vem investindo para reduzir a dependência de semicondutores estrangeiros e fortalecer a fabricação doméstica. A nova investigação, segundo a Conselheira Econômica Nacional Lael Brainard, é parte dessa estratégia mais ampla de revitalizar a manufatura nos EUA e aumentar a resiliência das cadeias de suprimentos.

Resposta da China

Pequim reagiu, classificando a investigação como “protecionista” e afirmando que defenderá seus interesses. O governo chinês instou Washington a interromper suas “práticas erradas”, indicando que a disputa comercial entre as duas potências pode se intensificar.

Precedentes e futuro

A Seção 301, que fundamenta a investigação, foi usada anteriormente durante o governo Donald Trump para justificar aumentos tarifários sobre produtos chineses. A expectativa é que a análise inicial da USTR se concentre nos impactos das políticas chinesas sobre os semicondutores e, eventualmente, aborde insumos para a fabricação de chips.

A investigação deverá ser concluída em até um ano, com a possibilidade de adoção de medidas punitivas caso sejam confirmadas práticas que restrinjam o comércio americano.

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