Ônibus gratuito nas eleições de 2022 não aumentou participação de eleitores, diz Ipea

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Estudo destaca que benefício foi utilizado por eleitores que já tinham tomado a decisão de votar de qualquer maneira; no entanto, registrou-se importante impacto sobre os níveis de mobilidade no dia da votação

ALEXANDRE PELEGI

Um estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) concluiu que a oferta de transporte gratuito no dia das eleições presidenciais de 2022 não alterou significativamente a participação dos eleitores.

Os pesquisadores concluíram que o benefício não teve efeito significativo nem no comparecimento, nem sobre os resultados das eleições.

De acordo com a publicação, 82 municípios brasileiros, abrangendo 28,8 milhões (18,5%) dos eleitores, utilizaram a política do passe livre no primeiro turno das eleições em 2022.

Já no segundo turno, mais 297 municípios adotaram a prática, com 75,8 milhões (48,7%) dos eleitores utilizando o benefício do ônibus gratuito.

O estudo, intitulado “Transporte Público Gratuito e Participação Eleitoral”, é assinado pelos pesquisadores Rafael Pereira, do Ipea, Renato Vieira, Fernando Bizzarro, Rogério Barbosa, Ricardo Dahis e Daniel Ferreira.

Se o passe livre no transporte não provocou alterações no comparecimento, nem nos resultados eleitorais, a pesquisa concluiu, no entanto, que ele teve importante impacto sobre os níveis de mobilidade no dia da votação, que cresceram entre 7,2% e 17,5%.

Os municípios que forneceram transporte público gratuito no dia do primeiro turno registraram um aumento de 13,7% nos níveis de mobilidade nas paradas de transporte público. Também houve aumento de mobilidade em áreas de parques (17,7%), em supermercados e farmácias (7,2%) e em áreas de comércio (varejo) e recreação (5,0%) no dia 2 de outubro do ano passado”, diz o Ipea.

Outra conclusão importante dos pesquisadores do Ipea é que, embora a gratuidade no transporte possa melhorar o acesso das pessoas para votar, ela sozinha não é suficiente para aumentar o comparecimento dos eleitores. “Os resultados sugerem que as reformas destinadas a reduzir a abstenção eleitoral podem encontrar um terreno fértil em políticas que aumentem a proximidade geográfica entre os eleitores e os locais de votação”, ressalta o Ipea.

Em resumo, o passe livre levou muita gente no dia das eleições a usar o transporte coletivo para outras finalidades, como o lazer nas cidades.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

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