SAFs disputam final da Libertadores: entenda o modelo de gestão de Botafogo e Atlético-MG

Neste sábado (30), Atlético Mineiro e Botafogo se enfrentam na final da Libertadores 2024, no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Além de disputarem o título mais cobiçado do continente, os clubes protagonizam um marco histórico, pois representam as Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), modelo de gestão sensação no futebol brasileiro voltada para sustentabilidade financeira e resultados mais sólidos.

Premiação milionária e a importância para as SAFs

A edição 2024 da Libertadores oferece a maior premiação da história da competição. O campeão levará US$ 23 milhões (cerca de R$ 133,6 milhões na cotação atual) apenas pelo título. Considerando as premiações acumuladas ao longo do torneio, o Botafogo pode arrecadar até R$ 193,4 milhões, enquanto o Atlético Mineiro pode faturar R$ 191,1 milhões.

Esses valores são importantes para as SAFs, que dependem de receitas robustas para equilibrar investimentos em elenco, infraestrutura e o pagamento de dívidas herdadas. A conquista de um torneio como a Libertadores, além do impacto esportivo, traz valor comercial, reforçando a viabilidade e a importância do modelo para o futuro do futebol nacional.

Como funcionam as SAFs?

Criadas a partir da Lei nº 14.193/21, as SAFs permitem que clubes de futebol sejam administrados como empresas, separando a gestão esportiva da associação civil tradicional. O modelo oferece benefícios fiscais nos primeiros 5 anos, com alíquota unificada de até 5% sobre a receita mensal, e mecanismos para renegociar dívidas, como o Regime Centralizado de Execuções.

Além disso, as SAFs podem captar investimentos externos, atraindo parceiros que buscam retorno financeiro com a valorização do clube e de seus ativos, como jogadores e propriedades comerciais. Essa estrutura pode proporcionar maior previsibilidade e planejamento, fundamentais para clubes que almejam competitividade em cenários globais.

As SAFs por trás de Atlético Mineiro e Botafogo

O Atlético Mineiro, avaliado em €105,1 milhões, passou por uma revolução após a adesão ao modelo SAF, oficializada em 2023. Sob a liderança de Rubens Menin e outros investidores, o clube investiu pesado em reforços como Gustavo Scarpa (€8 milhões) e Bruno Fuchs (€2 milhões), além de contar com estrelas como Hulk (€1,8 milhões) e Paulinho (€17 milhões). Com um elenco de 34 jogadores, o clube também se destacou no mercado de transferências, gerando €9,21 milhões em vendas recentes, incluindo Allan (€8,2 milhões) e Nathan Silva (€3,65 milhões).

O Botafogo, pioneiro no modelo SAF, é liderado pelo empresário John Textor, que transformou o clube em uma potência. Com um valor de mercado total de €136,1 milhões, o elenco também possui 34 jogadores, com destaque para Thiago Almada (€27 milhões) e Luiz Henrique (€16 milhões). No mercado de transferências, o clube investiu em nomes como Savarino (€2,45 milhões) e Jeffinho (empréstimo), acumulando um balanço negativo de €14,33 milhões, mas garantindo competitividade e expansão de sua marca.

Valores movimentados e impacto financeiro

As SAFs de Atlético Mineiro e Botafogo movimentaram mais de €30 milhões em transferências recentes, demonstrando a força do modelo em atrair investimentos e gerar receitas.

A premiação da Libertadores 2024 é uma oportunidade para reforçar o fluxo de caixa e investir em novas estratégias, como modernização de infraestrutura, fortalecimento do elenco e ampliação das ações de marketing.

Quais são os times brasileiros administrados por SAFs?

Desde a criação da Lei das SAFs, mais de 60 clubes brasileiros aderiram ao modelo.

Entre os destaques estão Cruzeiro, Vasco, Bahia, América-MG e outros clubes menores, como CSP (PB) e Capital FC (TO). Minas Gerais, São Paulo e Paraná lideram em número de clubes nesse formato.

Além disso, Botafogo-PB está em fase de transição para SAF, enquanto a Portuguesa assinou contrato nesta sexta-feira (29) e finalizou o processo para se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol.

O futuro do futebol brasileiro

A final entre Atlético Mineiro e Botafogo destaca o papel das SAFs como uma nova abordagem de gestão no futebol nacional. Embora ainda em processo de consolidação, o modelo oferece uma estrutura que busca maior sustentabilidade financeira e competitividade.

O formato reflete o esforço dos clubes em se alinhar às demandas de um mercado cada vez mais globalizado, sinalizando uma possível transição para uma gestão mais profissional no esporte brasileiro.

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