Luto na UFSC! 7 patinhos somem misteriosamente e onda de tristeza toma campus de Florianópolis

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Na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), um acontecimento inesperado e triste tem mobilizado a comunidade acadêmica e deixado estudantes de luto. Os icônicos patinhos que habitavam o lago da universidade desapareceram misteriosamente, deixando uma sombra de tristeza sobre o campus de Florianópolis.

Os animais se tornaram uma parte inseparável da UFSC ao longo dos anos. São símbolos de tranquilidade e beleza natural, proporcionando momentos de alegria e quebra da rotina para todos que presenciam.

A notícia do desaparecimento dos patinhos recém-nascidos abalou a comunidade, levando a uma onda de comoção e tristeza por parte dos alunos e funcionários.

Os sete patinhos alegravam o dia de quem passava pelo campus – Foto: @aves.daufsc/Instagram/Reprodução/ND

O sumiço dos patinhos foi inicialmente notado por estudantes que frequentavam os lagos, na sexta-feira (14) e no sábado (15). Conforme Lauro Cesar Voltolini de Almeida, fotógrafo e proprietário da página “Aves da Ufsc”, sete filhotes nasceram neste ano e encheram de encanto e beleza o campus.

“Aos poucos fui notando que o número de filhotes estava diminuindo. Cogitei a possibilidade de alguém ter levado alguns para criar em outro lugar, pois talvez o lago não desse conta de tantos animais”, relata.

Patinho foram visto no inicio de outubro – Foto: UFSC/Reprodução/ND

Foi na manhã de sábado, que, dos sete patinhos, apenas um restava no lago. “Depois de olhar melhor, entendi o motivo. Havia no lago outra ave, um socó-dorminhoco. Quando vi o socó acreditei que ele queria encontrar algum peixe ou rã no lago para poder comer, mas depois ficou claro que o que ele queria mesmo era comer o filhote”, conta.

Assim que voltou do trabalho às 13h, o patinho não estava mais lá. “Das muitas coisas que eu pensei que pudessem ter acontecido ao longo desses dias, para explicar estes sumiços, a mais provável de todas estava na minha frente o tempo todo e eu só pensava na possibilidade de alguém ter ‘furtado’ os pobrezinhos”, lamenta.

Usuários culpam socó-dorminhoco pelo atentado – Foto: X/Reprodução/ND

Voltolini ainda diz que é possível encontrar diversas espécies de aves na universidade — corujas, socós e até mesmo a garça-moura —, cujo principal objetivo é: procurar alimento.

“Talvez essa situação fosse previsível. A UFSC é o lar de muitas aves e várias delas se alimentam de outros animais. Filhotes pequenos são alvos fáceis para aves maiores e mais ágeis que patos. Mesmo os adultos são bem limitados na sua mobilidade”, complementa.

Agora, somente restaram três patas adultas – Foto: @aves.daufsc/Instagram/Reprodução/ND

Possível alvo de predadores

O professor Guilherme Brito, do Laboac (Laboratório de Ornitologia e Bioacústica Catarinense), não viu surpresa na mudança da paisagem do lago, que agora só conta com os três patos adultos, além das outras espécies que circulam no local.

“Eu imaginava que iriam ter predações, mas tinha esperanças de um ou outro ficar. Mas faz parte, também, fazer o exercício de observar e entender a natureza como ela é, sem tentar incutir nossos anseios nela”, fala, a respeito da repercussão que o assunto gerou.

Patos acompanhavam a mamãe no cotidiano – Foto: @aves.daufsc/Instagram/Reprodução/ND

Segundo o professor, que tem um trabalho de levantamento das aves no campus da Trindade, há potenciais predadores que eventualmente podem capturar filhotes e ovos dos patos do lago.

“Lagartos teiú (Salvator merriami) podem predar ovos. Jacarés-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), algumas espécies de gaviões e falcões (carcará, chimango, gavião-tesoura, gavião-carijó, gavião-de-cauda-curta), grandes garças (socó-dorminhoco, garça-branca-grande e garça-moura) podem predar filhotes já eclodidos”, conta.

Brito também explica que filhotes são alvos frequentes de predadores por serem menores, inexperientes e mais indefesos que adultos, portanto bastante visados. Eles não se locomovem, nem se defendem como os maiores, dando menos trabalho para um predador.

“Os pais podem, sim, protegê-los, mas também depende da experiência dos animais com as proles. Pelo histórico dos patos do lago essa é a primeira ninhada”, explica.

Patos viram atração turística – Vídeo: @Andreykovski/Twitter/Reprodução/ND

Sobre a possibilidade de novos filhotes comporem o cenário do campus futuramente, Brito avalia que seria necessário saber o histórico individual dos adultos do lago. Entretanto, há uma segunda fêmea mais nova no local, que chegou depois e teve provavelmente a prole viável. “Há registro de tentativa e ovos colocados em anos passados, então é bem possível que se reproduzam novamente”, diz.

Patinhos fazem falta para a comunidade

“Fico muito triste pelos patinhos. Eles vão deixar um vazio para todos que ao longo destes dias frequentaram esta região da UFSC e assim como eu senti um quentinho no coração ao vê-los”, lamenta Lauro.

Todos lamentam a perda dos animais – Foto: @aves.daufsc/Instagram/Reprodução/ND

No X (antigo Twitter), a comunidade universitária se mostrou comovida em relação ao desaparecimento e possível morte dos animais. A plataforma se tornou um meio de compartilhar lembranças e até mensagens de luto pela perda dos patinhos.

Situação afetou a todos - X/Reprodução/ND
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Situação afetou a todos – X/Reprodução/ND

Animais eram a atração para os estudantes - X/Reprodução/ND
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Animais eram a atração para os estudantes – X/Reprodução/ND

Internautas lamentam possível morte dos patos - X/Reprodução/ND
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Internautas lamentam possível morte dos patos – X/Reprodução/ND

Filhotes eram a felicidade dos estudantes - X/Reprodução/ND
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Filhotes eram a felicidade dos estudantes – X/Reprodução/ND

Alunos se mostram bastante afetados pela perda dos pequenos - X/Reprodução/ND
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Alunos se mostram bastante afetados pela perda dos pequenos – X/Reprodução/ND

Usuários tentam justificar sumiço dos pequenos - X/Reprodução/ND
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Usuários tentam justificar sumiço dos pequenos – X/Reprodução/ND

Alunos estão em luto - X/Reprodução/ND
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Alunos estão em luto – X/Reprodução/ND

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“Os sete patinhos não voltaram de lá” – X/Reprodução/ND

Todos estão sentindo falta dos filhotes - X/Reprodução/ND
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Todos estão sentindo falta dos filhotes – X/Reprodução/ND

A tristeza é eminente - X/Reprodução/ND
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A tristeza é eminente – X/Reprodução/ND

Estudantes se recusam acreditar - X/Reprodução/ND
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Estudantes se recusam acreditar – X/Reprodução/ND

A negação é a primeira fase - X/Reprodução/ND
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A negação é a primeira fase – X/Reprodução/ND

Estudantes manifestam luto nas redes sociaisv - X/Reprodução/ND
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Estudantes manifestam luto nas redes sociaisv – X/Reprodução/ND

“Te amo patinhos da UFSC. Vocês estarão em nossos corações para sempre”; “eu tô INDIGNADA com o que aconteceu com os patinhos da UFSC!! Eram tão fofuchos”; “destruiu meu dia descobrir sobre o falecimento dos patinhos da UFSC”, escrevem alguns.

“Toda vez que lembro que os patinhos da UFSC morreram eu pego depressão tipo 3”; “então quer dizer que os patinhos da UFSC foram para além das montanhas para brincar?”, comentam outros.

Filhotes chamam atenção no início de outubro

Foi no início de outubro deste ano que os sete patinhos capturaram a atenção dos transeuntes no entorno do lago da UFSC, localizado ao lado do Centro de Cultura e Eventos, no campus da Trindade.

O professor esclarece que essa espécie é frequentemente domesticada e encontrada em várias partes do mundo, embora sua distribuição seja mais abrangente na América do Sul e na América Central. “Essas aves geralmente apresentam uma mistura de cores, enquanto a variedade selvagem, a espécie nativa, é completamente negra”, ele explica. Esses patinhos foram domesticados pelas comunidades indígenas das Américas.

Os Patos do Mato são essencialmente animais florestais associados a rios e tendem a ser tímidos em áreas onde a caça é comum. No campus da UFSC, onde são alimentados por pessoas que frequentam a região, eles coexistem de maneira harmoniosa com os seres humanos. “Eles são um exemplo clássico de animais domesticados”, observa Brito.

No entanto, o fato de serem animais domesticados pode resultar em sua permanência no ambiente onde recebem alimentação em abundância. Isso poderia levar a um aumento na população, uma vez que esses animais são conhecidos por sua alta taxa de reprodução. “Em cativeiros, eles tendem a se reproduzir abundantemente”, acrescenta o professor.

A fofura desses patinhos tem atraído muitos admiradores, o que é facilitado pela tolerância desses animais em relação à presença humana. “Os filhotes confiam muito nos pais e não demonstram medo diante da proximidade de pessoas”, diz Guilherme. No entanto, ele ressalta a importância de agir com cautela e respeito em relação a esses animais. “Não é apropriado pegá-los com as mãos para tirar fotos”, adverte o professor.

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