Mãe de criança morta após picada de escorpião questiona falta de soro em hospital de Jaguariúna: ‘Deveria ter suporte’


Menino de 3 anos morreu após passar por dois hospitais na região de Campinas. Menino morreu após ser picado por escorpião em Jaguariúna
Arquivo pessoal
A mãe da criança de 3 anos que morreu após ser picada por um escorpião questionou, nesta sexta-feira (8), a falta de soro antiescorpiônico no Hospital Municipal de Jaguariúna (SP), unidade onde o menino foi atendido primeiro.
A criança, chamada Arthur Morais Carvalho Nascimento, foi levada pela família para o Hospital Municipal Dr. Walter Ferrari, de Jaguariúna, no início da tarde de sábado (2), após ser picada. Como a unidade não possui o medicamento, o menino foi encaminhado para o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
No HC, o menino chegou a receber o soro, mas não resistiu e morreu no último domingo (3). A mãe também reclama da demora entre a transferência da criança e a aplicação do medicamento.
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“Fico me perguntando, por que não tem soro ali? Uma região cheia de sítios, cheia de chácaras, todo mundo tem piscina. Uma área muito quente, como que não tem um soro em um hospital pequeno para atender um município e ter que correr tudo para Campinas?”, questiona a mãe.
Questionada sobre a ausência de soro no hospital de Jaguariúna, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirmou que existem 221 Pontos Estratégicos de Soro Antiveneno (PESAs) para pessoas picadas por animais peçonhentos em todo o Estado.
Não explicou, no entanto, porque o hospital não possui o medicamento.
Ainda segundo Secretaria Estadual de Saúde, quando se trata de criança de até 10 anos, a recomendação é que se aplique o soro antiescorpiônico em até 1h30 após a picada.
O HC informou que recebeu a criança somente 1h20 depois da notificação do hospital de Jaguariúna e que a aplicação foi feita “minutos após a entrada”.
No entanto, segundo a mãe, desde o acidente até a administração do soro, a espera foi de mais de duas horas.
Segundo a mãe, o tempo entre a picada e o atendimento foi o seguinte:
Entre 12h40 e 12h45: criança foi picada pelo escorpião.
13h08 – família chegou no Hospital Municipal de Jaguariúna.
13H46 – a criança foi transferida para a Unicamp.
15H03 – aplicação do soro antiescorpiônico.
Mãe pede mudança
Mesmo abalada e em luto pela morte do filho, a mulher afirma que vai procurar a Justiça para que o soro seja oferecido em mais hospitais.
“Vou entrar com algum tipo de processo, [mas] não para receber dinheiro. Não estou afim de dinheiro porque nada vai trazer meu filho de volta, muito menos mídia. É só para ter um cuidado maior com a população”, explicou.
“Deveria ter um suporte legal, então eu vou correr atrás para realmente mudar esse processo”, completou.
Posição dos hospitais
Segundo o Hospital de Clínicas da Unicamp a criança picada por um escorpião em Jaguariúna foi recebida na emergência pediátrica às 14h30, uma hora e vinte após a notificação do Hospital Municipal.
Ainda de acordo com o HC, o menino chegou com a mãe e foi atendido pelas equipes do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox) e da emergência pediátrica, que administraram o soro “minutos após a entrada”.
Já a Prefeitura de Jaguariúna alega que o hospital municipal fez o atendimento “seguindo os protocolos estabelecidos no Plano Regional sobre Acidentes com Escorpião”.
Ainda segundo a prefeitura, pelo fato do hospital não ser uma unidade de alta complexidade, a criança foi encaminhada para o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
Nota da Secretaria Estadual de Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que, em caso de acidente com animais peçonhentos no estado de São Paulo, a população deve procurar o serviço de saúde mais próximo de sua residência, para que possa receber o tratamento adequado o mais rápido possível.
Atualmente, existem 221 Pontos Estratégicos de Soro Antiveneno (PESAs) para atendimento aos acidentados por animais peçonhentos em todo o Estado. As unidades de origem são responsáveis por providenciar o transporte para deslocamento seguro e adequado do paciente.
As unidades são distribuídas estrategicamente com o objetivo de reduzir o tempo entre a picada e o atendimento/tratamento do acidentado, principalmente no socorro às crianças de até 10 anos, que precisam de assistência em até 1h30 após o acidente.
Para facilitar a localização e a identificação de cada um dos pontos de atendimento soroterápico, a SES mantém um mapa interativo on-line com as informações necessárias para buscar ajuda em emergências, sobretudo, no período quente e chuvoso, época em que este tipo de acidente mais acontece. As unidades de referência e a ferramenta estão disponíveis pelo site.
Locais onde tomar o soro na região
Criança de 3 anos morre após ser picada por escorpião em Jaguariúna
A região de Campinas tem 11 locais de referência para aplicação de soro antiescorpiônico em caso de picada do animal. No último domingo (3), uma criança de três anos morreu em Jaguariúna (SP) e a família questiona uma suposta demora para o atendimento. Veja quais são os pontos:
Águas de Lindóia – Hospital São Camilo
Americana – Hospital Municipal
Amparo – Santa Casa Anna Cintra
Campinas: HC da Unicamp e Hospital Municipal Ouro Verde
Espírito Santo do Pinhal – Hospital Francisco Rosas
Indaiatuba – Hospital Augusto de Oliveira Camargo
Itapira – Hospital Municipal de Itapira
Mogi Guaçu – Santa Casa de Mogi Guaçu
Mogi Mirim – UPA Zona Leste
Socorro – Hospital Dr. Renato Silva
Sumaré – Hospital Estadual de Sumaré
Região de Campinas tem pontos de referência para soro contra picada de escorpião
Reprodução/EPTV
Morte em Jaguariúna
O caso aconteceu no último sábado (2). De acordo com a mãe, Arthur Morais Carvalho Nascimento estava em casa e foi até ela chorando. A mulher perguntou o que estava acontecendo e, ao verificar a bota que ela estava calçada, encontrou o escorpião.
Neste momento, ela procurou atendimento no Hospital Municipal Walter Ferrari, em Jaguariúna, e foi informada que ele teria de ser transferido para o HC da Unicamp para tomar o soro antiescorpiônico.
“A minha mão não chegou até o final da bota. Quando eu bati a bota no chão e aquilo saiu, foi um desespero. Eu fico me perguntando, por que não tinha o soro no hospital? Aí ele foi pra Unicamp. Só que demorou 40 minutos para ele sair do hospital municipal e ir para a Unicamp. Aí cheguei lá, ainda foram preparar a sala. Tinha uma enfermeira gritando: ‘cadê o soro?” e até ele tomar demorou uma hora mais ou menos”, disse a mãe.
Em seguida, ela foi informada de que o menino iria para a UTI, mas, horas depois, ele precisou ser entubado após relatar dores no peito e morreu.
Nota do HC da Unicamp
Em nota, o HC da Unicamp lamentou a morte do garoto e detalhou o atendimento, que começou às 14h30 de sábado. Segundo a unidade, ele foi atendido “imediatamente” pelas equipes do Centro de Informação e Assistência Toxicológica e de pediatria, com administração do soro antiescorpiônico “minutos após” a entrada no hospital.
Depois, segundo o HC da Unicamp, o menino apresentou “ligeira melhora” e foi transferido para a UTI, mas o quadro se agravou e ele foi a óbito na manhã de domingo. Veja a nota na íntegra:
O Hospital de Clínicas (HC) Unicamp lamenta o falecimento do paciente vítima de picada de escorpião. Ele foi atendido na emergência pediátrica às 14h30 de sábado (2), sendo atendido imediatamente pelas equipes do Centro de Informação e Assistência Toxicológica e de pediatria, com administração do soro antiescorpiônico minutos após sua entrada na unidade. O paciente apresentou ligeira melhora, foi transferido para a UTI Pediátrica, mas o quadro clínico se agravou, indo a óbito na manhã de domingo (3).
A unidade de origem é a responsável por providenciar o transporte para deslocamento seguro e adequado do paciente.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que, em caso de acidente com animais peçonhentos no estado de São Paulo, a população deve procurar o serviço de saúde mais próximo de sua residência, para que possa receber o tratamento adequado o mais rápido possível.
Atualmente, existem 221 Pontos Estratégicos de Soro Antiveneno (PESAs) para atendimento aos acidentados por animais peçonhentos em todo o estado de São Paulo. As unidades foram distribuídas estrategicamente com o objetivo de reduzir o tempo entre a picada e o atendimento/tratamento do acidentado, pensando principalmente no socorro às crianças de até 10 anos, que precisam de atendimento em até 1h30 quando ocorre o acidente com escorpião.
Para facilitar a localização e a identificação de cada um dos pontos de atendimento soroterápico, a SES lançou um mapa interativo on-line com as informações necessárias para buscar ajuda em emergências, sobretudo, no período quente e chuvoso, época em que este tipo de acidente mais acontece. As unidades de referência e a ferramenta estão disponíveis em: https://cievs.saude.sp.gov.br/soro/.
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