Tribunal do júri julga nesta quinta, 19, acusados de tentativa de homicídio em Santarém

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Os seis são suspeitos de serem integrantes da facção criminosa Comando Vermelho. Homem conhecido pelo apelido “Macaxeira” foi espancado na Ocupação do Juá e sofreu fraturas expostas
Zé Rodrigues/TV Tapajós
Começou na manhã desta quinta-feira (19) no salão do Tribunal do Júri do Fórum de Justiça de Santarém, oeste do Pará, o julgamento de um grupo de homens acusados de tentativa de homicídio contra Edivaldo Saraiva da Silva. O crime aconteceu no dia 18 de abril de 2022, na ocupação Bela Vista do Juá.
Deive Tapajós Henriques, Elizenilton Ferreira da Silva, Paulo Henrique dos Santos Silva, Raimundo Alessandro Vieira Pereira e Jeremias da Silva Vasconcelos são acusados pela Promotoria Criminal de tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e meio que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima em concurso de agentes e em concurso material de crimes com o delito de tortura qualificada.
Segundo o Ministério Público do Estado do Pará, no dia 18 de abril do ano passado, Edivaldo Saraiva, conhecido como “Macaxeira”, estava trabalhando na construção de uma fossa em uma casa localizada na Quadra 21 da ocupação Bela Vista do Juá, quando, por volta de 12h, suspendeu suas atividades e saiu do local para buscar almoço.
Quando estava chegando ao seu destino, próximo ao estabelecimento comercial “Estância do Jucá”, um veículo se aproximou e estacionou ao lado de Macaxeira. Dentro do automóvel estavam os Elizelton (Nino), Paulo (Paulinho) e Jeremias (Jeco, que era condutor do veículo), além da pessoa conhecida por “Profeta” e dois dos seus “soldados do tráfico”, os quais, ameaçando a vítima de morte, obrigaram Macaxeira a entrar no veículo e continuaram o trajeto com destino a uma área da ocupação conhecida como “Favela”.
Já na “Favela”, em um terreno baldio, os acusados passaram a acusar Macaxeira de ter furtado objetos na casa de um deles, como, botija de gás, um aparelho televisor, uma geladeira, etc. Com a intenção de obter a confissão da autoria do furto e a indicação de onde os bens estavam guardados, todos os acusados lesionaram Macaxeira intensamente com golpes de enxada, pá e pernamanca.
Apesar das agressões, Macaxeira negava a autoria do furto. Nesse momento, os agentes delitivos chamaram ao local Raimundo Alessandro, conhecido como “Capoeira”, que seria o chefe do grupo, para que os orientassem. Capoeira, então, mandou que “dessem um fim ” na vítima, pois não queria “problemas com a polícia”, afirma a acusação.
Homem suspeito de praticar furtos é agredido no Juá, em Santarém
Consta nos autos do processo, que a partir da orientação de Capoeira, o grupo passou a agir com mais violência ainda. Paulo e Sebastião teriam sido os responsáveis por quebrar as pernas e os braços dele com uma enxada, enquanto Elizenilton teria golpeado a vítima com uma tábua, e Deives teria batido em Macaxeira com pedaços de pau. Enquanto isso, eles filmavam toda a ação e diziam que Macaxeira não sairia de lá vivo.
“Quando acreditaram que Macaxeira não tinha chances de sobrevivência, os denunciados chamaram um homem conhecido por ‘Neguinho Carroceiro’ para que ele levasse a vítima até um local afastado, saindo da ‘zona’ dos denunciados, a fim de que lá ele agonizasse até a morte. Nesse momento, todavia, Macaxeira passou a gritar e pedir por socorro, sendo ouvido por moradores das proximidades, razão pela qual os denunciados evadiram-se do local e a vítima foi socorrida e levada ao Hospital Municipal para atendimento”, narra a denúncia oferecida pelo MPPA.
Ainda conforme a denúncia, as provas colhidas no âmbito policial, apontam para evidente organização e divisão de tarefas dentro do grupo, tais como a existência da liderança pelo denunciado Raimundo Alessandro, o Capoeira, a utilização de veículo, o local afastado para a prática do crime, entre outras questões. Além disso, existem registros policiais de outros vários crimes praticados pelos denunciados, demonstrando que fazem do crime seu meio de vida.
O caso ganhou grande repercussão por ter sido filmado e as imagens espalhadas pelas redes sociais (veja o vídeo acima). A Promotoria sustenta que os acusados fazem parte da facção criminosa denominada Comando Vermelho, e seriam os então controladores do tráfico no bairro do Juá.
Durante o julgamento, 17 testemunhas devem ser ouvidas em Plenário. Além disso, tratando de mais de um réu a ser julgado os debates entre acusação e defesa poderão se estender a até nove horas.
O julgamento é presidido pelo juiz titular da 3ª Vara Criminal de Santarém, Gabriel Veloso de Araújo. Já a está a cargo do Promotor de Justiça titular da 5ª Promotoria de Justiça Criminal de Santarém, Diego Libardi Rodrigues.
As defesas dos acusados estão sob a responsabilidade dos advogados Jadson Soares da Silva (acusado Paulo Henrique Santos da Silva), Igor Célio de Melo Dolzanis (acusado Raimundo Alessandro Vieira Pereira), Apio Paes Campos Neto e Gabriela Nascimento Campos (acusado Jeremias da Silva Vasconcelos), Ana Caroline Lopes da Costa Damasceno (acusado Deive Tapajós Henriques) e pela Defensora Pública do Estado do Pará – Jane Telvia Amorim (acusados Sebastião Andrade Pereira e Elizenilton Ferreira da Silva).
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