Selic em 11,25%: Banco Central volta a subir taxa básica de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em meio ponto percentual e agora o Brasil tem uma taxa básica de juros em 11,25%. A decisão foi unânime. O comunicado emitido pelo comitê do Banco Central afirma ainda que os ajustes futuros e a magnitude total do ciclo de aperto serão ditados pelo compromisso de convergência da inflação à meta. “Ajustes futuros dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade e à política monetária. Também dependerão das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz o BC.

Na última reunião do Copom a taxa básica de juros subiu 0,25 ponto percentual, num movimento de alta que não ocorria desde agosto de 2022. Na época a Selic subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. Após passar um ano nesse nível, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano.

Reações do mercado

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual surpreendeu parte do mercado, que esperava um ajuste mais brando. Esse movimento reflete uma resposta à recente pressão inflacionária, que ultrapassou a meta e gerou preocupações em diversos setores da economia. Segundo Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, o Banco Central demonstrou cautela ao evitar medidas extremas que poderiam sufocar a economia. “Penso que o mais adequado é um aumento mais gradual, mas apertando o pé agora porque a inflação deu uma assustada. Se acelerar a Selic demais, também machuca a economia do país, então é bom ser evitado”, destaca Eyng.

Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, corrobora essa análise ao destacar os impactos no custo do crédito e na atividade econômica. “Com o aumento de 0,50 pp, o Copom demonstra uma postura mais firme para trazer a inflação ao centro da meta. Isso gera impacto direto no custo do crédito e pode esfriar a atividade econômica, mas traz uma vantagem para o câmbio ao aumentar a atratividade do país para investidores estrangeiros”, afirma Laatus. No entanto, ele adverte sobre o limite dessa política, que pode prejudicar a recuperação econômica caso o aumento dos juros se intensifique.

A recente vitória de Donald Trump e seus desdobramentos no cenário internacional também influenciaram a decisão do Copom, como destaca Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest. “Muitos investidores que estavam investindo no Brasil correram para fora, levando dinheiro para os Estados Unidos para investir, por exemplo, na Tesla, que subiu 15% no dia de hoje. Isso fez com que o governo fosse obrigado a subir um pouco essa taxa para tornar o país mais atrativo para os investidores estrangeiros”, explica Andrade. Ele prevê que o dólar pode se manter estável, mas o governo precisará manter os juros elevados para continuar atraindo capital.

Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, ressalta a importância de conter a inflação sem sacrificar a economia. “A decisão de intensificar o aumento da Selic busca conter o recente salto inflacionário e estabilizar as expectativas para o próximo ano. Esse ajuste pode atrair capital estrangeiro, ajudando a manter o dólar, mas existe o risco de desaceleração econômica, especialmente se o aumento dos juros começar a restringir o crédito e reduzir o consumo”, analisa Monteiro. Ele enfatiza que o desafio é encontrar um equilíbrio que permita conter a inflação sem frear o crescimento econômico de médio prazo.

Diante dessas análises, fica evidente que o aumento da Selic visa não apenas a contenção da inflação, mas também a manutenção da competitividade do Brasil no cenário internacional. No entanto, o Copom precisa continuar monitorando cuidadosamente os efeitos dessas medidas para evitar impactos significativos na atividade econômica e no acesso ao crédito.

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