Mercados ignoram riscos? Economista alerta para possíveis bolhas

Em uma entrevista ao programa Strike, da BM&C News, o economista-chefe da Way Investimentos e professor de economia Alexandre Espírito Santo fez uma análise crítica do comportamento atual dos mercados financeiros globais. Segundo ele, o cenário de recordes históricos em bolsas de valores, mesmo em meio a crescentes tensões geopolíticas e riscos fiscais, levanta dúvidas sobre a resiliência dos mercados e a possibilidade de uma bolha econômica. Espírito Santo enfatizou que a alta constante, especialmente de ações ligadas à tecnologia como a Nvidia, pode não ser sustentável, especialmente considerando as incertezas macroeconômicas.

Para Espírito Santo, o otimismo dos investidores pode ser explicado, em parte, pela quantidade de liquidez injetada no mercado desde a pandemia, quando bancos centrais adotaram políticas monetárias expansivas. “Existe ainda muito dinheiro disponível, e esse capital busca oportunidades de investimento, mesmo que o cenário atual seja instável”, explicou. No entanto, o economista alerta para o risco de correções, lembrando que a história já presenciou episódios semelhantes, como a bolha das dot-com nos anos 2000.

Outro ponto de preocupação para Espírito Santo é o endividamento global. Ele menciona que as duas maiores potências econômicas, EUA e China, enfrentam altos níveis de dívida em relação ao PIB, o que pode agravar as consequências de uma possível recessão. Além disso, Espírito Santo destaca o protecionismo crescente, especialmente com o possível retorno de políticas comerciais agressivas dos EUA contra a China, o que traria um impacto direto para economias emergentes, como o Brasil.

No cenário doméstico, o economista observa que o diferencial de juros torna o Brasil atraente para investidores externos, mas a falta de consistência fiscal e o aumento da dívida pública criam um ambiente de incerteza. “Temos um dos maiores diferenciais de juros, mas não estamos conseguindo atrair capital estrangeiro de maneira sustentável. Isso porque o investidor vê um país com potencial, mas também com riscos fiscais”, pondera.

Espírito Santo finaliza a entrevista sugerindo que, sem reformas estruturais e ajustes fiscais, o Brasil pode caminhar para uma situação de dominância fiscal, onde o aumento da dívida força o Banco Central a manter juros elevados por longos períodos. Segundo ele, o país precisa de um compromisso sólido com reformas para evitar uma crise econômica mais severa.

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