Patrimônio nacional: Iphan estuda reconhecer arte santeira do Piauí e igreja da Vermelha como patrimônio cultural brasileiro


O tombamento provisório da igreja, que vigora desde 2011, garante proteção contra intervenções não autorizadas. No entanto, o Iphan deve se reunir na próxima semana para avaliar a conversão desse tombamento em definitivo. Patrimônio nacional: arte santeira e a igreja da Vermelha serão reconhecidas pelo Iphan
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está próximo de concluir o processo de reconhecimento da arte santeira do Piauí e da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Teresina, como patrimônios culturais brasileiros.
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A Igreja Nossa Senhora de Lourdes
Igreja Nossa Senhora de Lourdes, bairro Vermelha
Reprodução / TV Clube
Construída entre as décadas de 1960 e 1970, a igreja localizada no bairro Vermelha abriga um acervo de arte sacra que inclui obras de grandes mestres da escultura em madeira, como Mestre Dezinho e Mestre Expedito.
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A Igreja Nossa Senhora de Lourdes foi erguida após o Concílio Vaticano II, como parte de um esforço da Igreja Católica em se aproximar das classes trabalhadoras. A construção foi projetada para ser um ambiente onde os símbolos de fé dialogassem com a cultura popular local.
Neste contexto, o pároco convidou os mestres Dezinho e Expedito para esculpirem em madeira peças de devoção, inspirados pelo artista Afrânio Castelo Branco, autor de pinturas presentes na igreja.
O tombamento provisório da igreja, que vigora desde 2011, garante proteção contra intervenções não autorizadas. No entanto, o Iphan deve se reunir na próxima semana para avaliar a conversão desse tombamento em definitivo.
Além da preservação arquitetônica, o valor cultural da igreja está centrado nas peças artísticas que expressam a devoção popular, fruto do trabalho de mestres santeiros, cujas esculturas são tidas como parte do patrimônio artístico e espiritual do Piauí.
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O antropólogo do Iphan, Daniel Oliveira, lembra que o processo de tombamento da igreja da Vermelha começou há quase 20 anos e nasceu da necessidade de proteger piso bruto que diferencia a igreja de todas as outras.
“Finalmente a igreja Nossa Senhora de Lourdes será reconhecida como patrimônio cultural do Brasil, com seu tombamento definitivo. Mas além disso, a arte santeira do Piauí a da forma como os mestres se expressam sua arte na madeira também será contemplada nesse momento histórico” disse Daniel.
A mobilização em torno do tombamento envolve também a comunidade, que há anos se empenha para que o valor desse patrimônio seja formalmente reconhecido. Uma das defensores do projeto, dona Francisca Mendes, viveu a construção da igreja e organizou o pedido inicial de tombamento. “Saber que a igreja vai ser preservada para as futuras gerações é uma alegria muito grande, pois é um patrimônio de toda a comunidade e do estado”, comenta Francisca.
Altar da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, bairro Vermelha
Reprodução / TV Clube
Arte santeira de madeira do Piauí
Arte santeira na Central de Artesanato Mestre Dezinho em Teresina
Lívia Ferreira/g1 PI
A Arte Santeira do Piauí é uma manifestação plástica que utiliza a madeira como matéria-prima, com atributos artísticos e culturais presentes na talha de esculturas, oratórios, painéis e peças de mobiliário. Resulta de um fenômeno sociocultural que ocorreu no estado do Piauí na década de 1970.
Tal forma de expressão ganhou destaque por intermédio de iniciativas eclesiásticas, governamentais e do mercado de arte, que passou a nutrir um interesse por artefatos de origem popular, incentivando os santeiros de Teresina, de Parnaíba, de Campo Maior, de Pedro II e de José de Freitas, principais locais de produção.
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Nos anjos, nos santos e nos “caboclos” talhados pelos santeiros piauienses, são reconhecíveis algumas semelhanças morfológicas, como a estrutura maciça e vertical das esculturas. Outro aspecto comumente encontrado nas peças é a estilização das formas e o predominante acabamento monocromático delas.
Não há, no entanto, uma padronização da produção e cada santeiro define um estilo próprio. O entalhe de personagens sagradas e profanas carrega referenciais visuais ligados ao agreste piauiense, tendo carnaúbas, bacuraus, mandacarus e outros elementos da fauna e flora como motivos decorativos.
Estagiária sob supervisão de Andrê Nascimento.
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