Técnico de futebol chamado de ‘macaco’ por psicóloga está ‘profundamente abalado’, diz defesa


Psicóloga está sendo investigada pela Polícia Civil. Ela chegou a ser presa, mas foi solta em audiência de custódia. Psicóloga é presa suspeita de chamar técnico de futebol de ‘macaco’ durante jogo em Goiânia
Divulgação/Polícia Civil
O técnico de um time de futebol infantil, que pediu para não ter sua identidade revelada, está “profundamente abalado” após ser chamado de “macaco” durante uma partida, em Goiânia. As informações foram repassadas pelo advogado, Kleber Junior Moreira. Uma psicóloga apontada pela vítima como responsável pelo crime de racismo está sendo investigada pela Polícia Civil.
“Ele ainda está realmente abalado. Não é a primeira vez que ocorre (uma situação de discriminação racial contra ele). Ele chorou”, lamentou o advogado da vítima.
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Em nota, a defesa da psicóloga informou ao g1 que só vai se manifestar pelos autos do processo. À TV Anhanguera, o advogado dela, Carlos Márcio Rissi Macedo, disse que não concorda com a prisão, afirmando que a mulher teve um momento de irritação, mas que suas palavras foram mal interpretadas.
Além da investigação que já está sendo feita pela polícia, a defesa informou que vai processar a psicóloga por danos morais.
“O crime tem o agravante por se tratar de injúria racial cometida no contexto de atividades esportivas”, destacou o advogado.
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Se condenada na esfera criminal, a pena da psicóloga pode ser de 2 a 5 anos de prisão.
Em nota, o Conselho Regional de Psicologia de Goiás (CRP-09) disse que repudia qualquer forma de racismo e discriminação racial e que “é fundamental que a Psicologia, enquanto ciência comprometida com o respeito à diversidade e à promoção da justiça social, se posicione firmemente contra qualquer prática que fira esses valores. Quaisquer ações que fujam de tais parâmetros não refletem a atuação ética da nossa categoria”.
Entenda o caso
Psicóloga é presa suspeita de chamar técnico de futebol de ‘macaco’ durante jogo
O crime aconteceu na manhã de sábado (2), durante um campeonato de futebol infantil realizado no Residencial San Marino, na capital. Segundo o delegado Humberto Teófilo, a psicóloga que é mãe de um dos alunos chamou o técnico de um time adversário de “macaco”.
Em um vídeo gravado por testemunhas, a mulher tenta se justificar do crime (assista acima). Segundo ela, no momento em que tudo aconteceu, três jogadores estavam na frente dela e o técnico, na opinião dela, estavam se movimentando como um “macaco”.
“Estavam três jogadores, três meninos, do time deles. E eles técnicos ficam gesticulando, né? e eu falei assim: ‘ah porque, ah lá, óh, eles ficam parecendo macaco’. Aí ele está achando que eu falei contra a pessoa dele, contra a pele dele”, disse a mulher.
Pessoas que presenciaram a cena chamaram a Polícia Militar, mas a mulher teria conseguido fugir do lugar onde o campeonato acontecia. A vítima, então, acionou os policiais civis plantonistas da Central de Flagrantes, que foram até a casa da mulher, no Setor Marista.
Lá, segundo o delegado, o marido da psicóloga afirmou que sua esposa estava sendo vítima de perseguição e inveja pelo fato dela ser bonita e bem-sucedida. Mesmo assim, a psicóloga foi presa em flagrante pelo crime de racismo, que é inafiançável.
Soltura
A psicóloga foi solta no dia seguinte ao crime, domingo (3). Durante audiência de custódia, o juiz Rodrigo Rodrigues de Oliveira Silva entendeu que, por ter uma residência fixa e nunca ter sido condenada por nenhum crime, ela não apresentava risco para a sociedade de poderia ficar em liberdade
“Entendo desnecessária a manutenção da prisão da conduzida, pois, ao que tudo indica, não oferece riscos à ordem pública, tampouco há elementos que indiquem que irá se evadir do distrito da culpa e/ou que prejudicará a instrução criminal. Além disso, a custodiada possui residência fixa e é primária”, declarou.
Apesar disso, a psicóloga vai ter que cumprir algumas medidas restritivas. Veja abaixo quais são:
Proibição de frequentar estádios e outros locais esportivos.
Proibição de manter contato com a vítima por qualquer meio de comunicação, não podendo tentar qualquer aproximação.
Proibição de repercussão do caso em redes sociais.
Essas medidas têm validade de 180 dias, e a liberdade provisória dela está condicionada ao comparecimento a todos os atos do processo e à atualização de endereço nos autos. Em caso de descumprimento dessas determinações, poderá ser decretada sua prisão preventiva​.
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