Colonos americanos-israelenses torcem por um segundo mandato de Trump

A israelense-americana Eliana Passentin, de 50 anos, residente na colônia de Eli, na Cisjordânia ocupada, posa para fotos durante entrevista em 30 de outubro de 2024Sharon ARONOWICZ

Sharon ARONOWICZ

Às vésperas das eleições presidenciais nos Estados Unidos, os americanos residentes nas colônias da Cisjordânia ocupada por Israel sabem exatamente quem querem que vença a votação: Donald Trump.

Pesquisas recentes mostram que a maioria dos israelenses, 66%, segundo uma consulta realizada pelo Canal 12 de notícias de Israel, sonham com os dias em que o ex-presidente republicano estava na Casa Branca.

Trump deu prioridade a Israel em seu mandato anterior, transferindo a embaixada americana para Jerusalém, reconhecendo a soberania israelense sobre as Colinas de Golã ocupadas, e ajudando a normalizar os laços entre Israel e vários países árabes em virtude dos chamados Acordos de Abraão.

Agora, muitos israelenses acreditam que Trump dará ainda mais respaldo ao país em sua luta contra os movimentos islamistas apoiados pelo Irã em Gaza e no Líbano, assim como contra a própria República Islâmica.

“Estou orgulhosa por dizer que votei no presidente Trump”, diz à AFP Eliana Passentin, de 50 anos, que se mudou de San Francisco para Israel ainda criança.

Passentin, mãe e avó, mora há 29 anos em Eli, parte de um conjunto de assentamentos israelenses situado no coração da Cisjordânia.

A região é ocupada por Israel desde 1967, mas poderia se tornar território soberano palestino no âmbito de uma solução de dois Estados favorecida pela comunidade internacional.

– “Nosso maior aliado” –

Passentin, que trabalha no conselho regional local, lembra-se de como as sucessivas administrações em Washington pressionaram Israel para que contivesse a expansão das colônias em uma tentativa de mediar a paz entre israelenses e palestinos, e alcançar uma solução de dois Estados.

“Agradecemos aos Estados Unidos da América, nosso maior aliado, mas por favor, entendam que sabemos como dirigir nosso país”, afirma Passentin.

No quintal de sua casa, com vista ampla para toda a região, ela aponta para as comunidades israelenses e palestinas próximas.

“Não acho que os israelenses que moram aqui sejam um obstáculo para a paz. Ao contrário, acho que os israelenses que moram aqui estão construindo a região para todos”, explica.

Passentin afirma que a região foi um núcleo para os judeus em tempos bíblicos e que, em virtude de acordos internacionais, os israelenses têm o direito de viver aqui.

Segundo o direito internacional, as colônias na Cisjordânia ocupada são ilegais.

“As coisas mudaram desde o 7 de outubro”, diz Passentin, referindo-se ao ataque do Hamas, executado nesta data de 2023 em solo israelense, que desencadeou a guerra em Gaza.

“Temos o direito de nos defender (…) E acho que o presidente Trump respeita e compreende isso”, explica.

Gedaliah Blum, um vizinho de 45 anos nascido em Nova Jersey, também diz rer votado em Trump, baseando-se em que futuro quer para Israel. “Queremos um futuro com uma ameaça de embargo a Israel cada vez que nos defendemos?”

– Ameaças de embargo –

“Trump não vai pressionar Israel para que assine um cessar-fogo que permita ao Hamas continuar no poder em Gaza. Não vai pressionar Israel para que assine um acordo de paz com o Líbano que permita ao Hezbollah continuar no poder”.

Com Kamala Harris no poder, Israel será submetido a uma “pressão” constante, assegura Blum.

No vizinho assentamento de Shiloh, onde se estima que 20% dos residentes tenham a nacionalidade americana, Yisrael Medad, nascido há 77 anos em Nova York, acredita que Trump será bom não só para os Estados Unidos, mas também para “os amigos dos Estados Unidos no exterior, incluindo Israel”.

Kamala Harris “não é o tipo de candidata que quero na Casa Branca”, explica, referindo-se a um incidente recente em um comício da campanha democrata, durante o qual a atual vice-presidente americana não rebateu um manifestante que disse que Israel cometia um “genocídio” em Gaza.

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