Faria Lima à espera de um ‘milagre’: governo fará cortes em ano eleitoral?

A Faria Lima, epicentro do mercado financeiro brasileiro, observa com cautela os movimentos do governo em relação ao aguardado pacote de corte de gastos. Para o economista VanDyck Silveira, comentarista da BM&C News, a expectativa por um “milagre” de curto prazo ignora a necessidade de reformas estruturais que sustentem o equilíbrio fiscal no longo prazo. Segundo Silveira, o mercado espera por uma sinalização concreta, mas os ajustes propostos podem não ser suficientes sem que o governo enfrente problemas mais profundos.

“A situação estrutural é preocupante. Sem desvincular gastos obrigatórios, como os da Previdência e áreas como educação e saúde, a economia brasileira continuará carregando uma dívida interna crescente e um orçamento inflexível,” afirma Silveira. Ele observa que o pacote proposto, embora possa gerar algum otimismo momentâneo, não deve impactar o cenário de maneira sustentável.

Outro ponto levantado é o anúncio do governo de que os cortes deverão seguir em 2025 e 2026, este último um ano eleitoral, o que desperta dúvidas nos especialistas. Silveira aponta também a necessidade de um pente-fino rigoroso nas concessões de benefícios sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Vale Gás, assegurando que os recursos estejam chegando a quem realmente precisa. Sem isso, Silveira estima que o déficit orçamentário pode ultrapassar os R$ 200 bilhões, enquanto o governo se esforça para atingir uma meta de superávit primário de 2,5% do PIB ao longo dos próximos anos. Esse valor, segundo ele, é fundamental para criar um colchão fiscal que resguarde o país em caso de uma recessão global, o que ele considera “inevitável” nos próximos dois anos.

“A relação dívida/PIB do Brasil pode chegar a 92%, e, sem reservas fiscais, enfrentaremos um cenário de fragilidade extrema”, alerta Silveira. O economista reforça que a falta de um pacote que toque em questões estruturais será uma “solução paliativa” e compara a situação a “dar Tylenol para um paciente terminal”. Para ele, a ausência de ajustes robustos deixará o país pendurado de “cabeça para baixo”, sem munição para reanimar a economia caso ocorra uma recessão.

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