Funcionários e pacientes do Hospital Heliópolis, na Zona Sul de SP, denunciam falta de médicos e estrutura precária


Secretaria Estadual da Saúde disse que está investindo cerca de R$ 50 milhões em obras e compra de equipamentos para o Hospital Heliópolis e que, mensalmente, realiza mais de 15 mil consultas e cirurgias e mais de 5 mil sessões de quimioterapia e radioterapia. Funcionários e pacientes do Hospital Heliópolis, na Zona Sul de SP, denunciam estrutura precária
Funcionários e pacientes do Hospital Estadual de Heliópolis, um dos mais importantes da Zona Sul da capital paulista, relatam uma situação precária na unidade de saúde: falta de médicos e enfermeiros, equipamentos parados e móveis sucateados.
Segundo um levantamento feito pelos próprios funcionários, 60% do espaço do prédio está sem uso.
Imagens obtidas com exclusividade pelo SP2 mostram a situação no espaço. Grande parte do segundo andar está desativada. A cena se repete em outros dois andares. Algumas paredes estão com infiltração e rachaduras.
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Um aparelho de angiografia, usado para identificar obstruções em vasos sanguíneos e com valor estimado em R$ 2 milhões, está parado. Em um espaço sem uso, camas hospitalares, armários e cadeiras novas estavam abandonadas.
Aparelho de angiografia
SP2
O SP2 também teve acesso a documentos internos do hospital que mostram uma sensível falta de funcionários:
No quadro atual, há 66 enfermeiros e 318 técnicos e auxiliares de enfermagem;
No entanto, o quadro dimensionado pelo Conselho Regional de Enfermagem diz que seriam necessários 244 enfermeiros e 607 técnicos e auxiliares de enfermagem pra atender a demanda que vem da Zona Sul da capital e do ABCD Paulista;
Uma planilha detalha os procedimentos feitos durante 2023 e 2024;
No total, foram realizadas 3.467 cirurgias;
Mas há três especialidades que aparecem zeradas: cancerologia, videolaparoscopia e ortopedia.
A operadora de caixa Cristiane da Silva sofreu dois infartos, ficou internada, foi operada, mas agora não tem acompanhamento médico.
“Eles me deram alta com uma suspeita de trombose nas pernas e com meu lado do coração 80% comprometido. Mesmo assim, deram alta”.
O médico que deveria acompanhar Cristiane é o cardiologista Fúlvio Alessandro de Oliveira Souza. Ele e o urologista Lawrence Aseba estão sendo investigados por registrarem o ponto e não cumprirem a jornada de trabalho.
“Eles falaram que não têm um outro médico para entrar para ficar no lugar do doutor Fúlvio, que não sabem quando eu poderia ser atendida novamente”, lamentou a mulher.
Um homem que preferiu não se identificar estava acompanhando um familiar internado e reclamou que falta o básico, como itens de higiene e até água quente no chuveiro.
“Eu tenho que trazer de casa toalha, sabonete, escova de dente, coisas de higiene pessoal, lençol, porque eles mandaram nessa lista que não tem no hospital. Fui tomar banho ontem e o hospital falou que a água quente só tem até 19h. Eu falei: ‘Como assim, gente!”, questionou.
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A Secretaria Estadual da Saúde disse que está investindo cerca de R$ 50 milhões em obras e compra de equipamentos para o Hospital Heliópolis e que, mensalmente, realiza mais de 15 mil consultas e cirurgias e mais de 5 mil sessões de quimioterapia e radioterapia. Sobre o caso da Cristiane da Silva, o hospital disse que irá agendar nova consulta.
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