Colégio diz que tomará ações legais contra humorista que ridicularizou estudantes nas redes sociais ao votar, em SP


Além de expor o rosto de pelo menos 16 alunos sem autorização da escola, Guilherme Santana chegou a fazer comentários sobre a aparência de um adolescente. Após repercussão negativa, ele afirmou ter cometido um erro e se disse arrependido. Guilherme Santana e trabalho exposto em seu colégio eleitoral
Reprodução/Redes sociais
Um colégio particular na Zona Oeste de São Paulo afirmou que está tomando ações legais contra o humorista Guilherme Santana, o Gui Santana, ex-Pânico na TV, depois que ele expôs alguns dos alunos e ridicularizou trabalhos escolares nas redes sociais, quando esteve no local para votar, no último domingo (27).
Em uma série de vídeos temporários (stories) publicados, Santana mostrava algumas colagens que os estudantes fizeram, nas quais utilizaram suas próprias fotos para recriar obras de artistas famosos, como Lasar Segall.
Além de expor o rosto de pelo menos 16 alunos sem autorização do Colégio Notre Dame nem dos pais — alguns com o nome e o sobrenome —, Santana chegou a fazer comentários sobre a aparência de um adolescente.
“Mais trabalho tosco aqui da galera. O que é isso aqui? Olha esse aqui, não tem nem vergonha. Olha o tanto de espinha que tem na cara. O que é isso aqui? Cambada de vagabundo. Olha só esse aqui, coisa feia.”
O humorista também filmou outras atividades pedagógicas, expostas em paredes e mesas da escola, às quais se referiu como “coisa mais feia” e “tosquice”.
“Mais uma sessão de trabalhos toscos aqui da escola, para os alunos passarem vergonha”, disse em um dos vídeos.
Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, membro da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB SP, Guilherme Santana submeteu os estudantes a ridicularização, situação vexatória, constrangedora e humilhante.
Suas publicações podem ser vistas como violações aos artigos 17 e 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que tratam da preservação da imagem e da proteção à dignidade, respectivamente.
As postagens também vão contra o artigo 227 da Constituição Federal, que garante o direito a respeito e dignidade de crianças e adolescentes — ainda que tenham desaparecido após o período de 24 horas.
Ariel explica que, caso seja de vontade dos pais ou responsáveis, o humorista pode responder a procedimentos no Conselho Tutelar e à Promotoria da Infância e Juventude, além de poder ser acionado judicialmente por danos morais aos alunos.
Por meio de nota, o Colégio Notre Dame classificou a atitude do humorista como “arbitrária, irresponsável, ofensiva e constrangedora”. A direção afirmou que lamenta o episódio, compartilha da indignação das famílias de seus alunos e está trabalhando, por vias legais, para que o autor das publicações seja responsabilizado.
Após a repercussão negativa de suas postagens, Gui Santana publicou um novo vídeo, no qual diz ter cometido um erro.
“Eu estava ali, fazendo alguns comentários sobre esses desenhos, sobre essas colagens, mostrando um outro lado dos trabalhos infantis, mostrando a tosquice, como que era malfeito. Eu disse isso nos vídeos procurando, simplesmente, dar uma zoada, fazer uma brincadeira, essa que saiu errado.”
“Tá aqui esse vídeo, mostrando o meu arrependimento, mostrando também que eu sou um ser humano”, afirmou o humorista. “Não quero desestimular as crianças. Eu também sou artista. Às vezes, a gente pode ter um grande artista ali, um grande desenhista. O senhor Walt Disney quantas vezes foi reprovado em seus desenhos até se tornar um grande ícone da animação mundial?”
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