Juiz amplia investigação contra esposa do primeiro-ministro da Espanha

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e sua esposa, Begoña Gómez, participam de um comício de campanha do PSOE em 21 de julho de 2023 em Getafe (Madri)JAVIER SORIANO

Javier Soriano

A esposa do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, foi convocada novamente pelo juiz que a investiga por suposta corrupção e tráfico de influência. As investigações foram ampliadas para incluir possíveis delitos adicionais, informou a Justiça nesta terça-feira (29).

O juiz Juan Carlos Peinado aceitou uma “queixa apresentada” contra Begoña Gómez por “apropriação indevida” de um software criado pela Universidade Complutense, onde ela trabalhava, indicou um comunicado do Tribunal Superior de Justiça de Madri.

“Intima-se a investigada para que compareça em sede judicial no próximo dia 18 de novembro, às 13h30”, para ser informada da nova queixa, acrescentou o comunicado.

De acordo com o documento do juiz Peinado, ao qual a AFP teve acesso, Gómez teria registrado como seu um software que foi criado para uma professora da Complutense e que foi financiado por empresas.

A nova denúncia foi apresentada pela Hazte Oír, uma associação próxima à extrema direita.

Diretamente da cidade indiana de Mumbai, onde está em visita, Sánchez minimizou a nova queixa e reiterou sua confiança na inocência de sua esposa.

“O tempo colocará as coisas em seu lugar (…) Absoluta tranquilidade, porque onde não há nada, não vão conseguir nada”, afirmou o mandatário socialista.

“Todas as queixas contra minha esposa partem das mesmas organizações ultradireitistas, esta é mais uma”, acrescentou o primeiro-ministro.

– Contexto difícil para Sánchez –

Dede abril, Peinado investiga Gómez, especialista em captação de recursos para fundações e ONGs, por suspeitas de que ela poderia ter se aproveitado do cargo de seu marido em suas relações profissionais, em particular com o empresário Juan Carlos Barrabés.

O juiz iniciou suas investigações diante de uma denúncia de outro coletivo próximo da extrema direita, o “Manos Limpias”, que afirmou ter se baseado exclusivamente em artigos de imprensa.

O magistrado continuou com o caso apesar de dois relatórios da Guarda Civil que não encontraram irregularidades e contra a opinião do Ministério Público, que pediu o arquivamento do processo.

“Toda a documentação, todos os depoimentos, todos os relatórios que constam na instrução mostram que não há nada” contra Gómez, afirmou nesta terça-feira em coletiva de imprensa o ministro da Justiça, Félix Bolaños.

O chefe da oposição de direita, Alberto Núñez Feijóo, criticou na rede social X o governo, a quem acusou de fazer parecer que “esse nível de corrupção econômica, política e moral seja algo normal com o que os espanhóis devam conviver resignados”.

A nova convocação judicial de Gómez ocorre em um contexto político difícil para Sánchez, enfraquecido por outro caso, desta vez relacionado a um de seus ex-ministros e homem de confiança, José Luis Ábalos, envolvido em um escândalo de corrupção pela compra de máscaras durante a pandemia de covid.

Em abril, quando o caso de sua esposa veio à tona, Sánchez anunciou surpreendentemente que estava considerando renunciar, mas após cinco dias de reflexão e incerteza no país, decidiu permanecer no cargo.

Sánchez foi convocado pelo juiz Peinado como testemunha, mas exerceu seu direito de não depor contra sua esposa. Em vez disso, ele processou o magistrado por suposta prevaricação, uma denúncia que foi rejeitada em meados de outubro.

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