Vantagem de Kamala sobre Trump cai para apenas um ponto – 44% a 43%, segundo pesquisa Reuters/Ipsos


Os candidatos à presidência dos EUA Kamala Harris e Donald Trump.
Nathan Howard, Jeenah Moon/ Reuters
A liderança de Kamala Harris sobre Donald Trump diminuiu na reta final da disputa presidencial dos EUA, com a democrata à frente por apenas um ponto percentual sobre a republicana, 44% a 43%, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos publicada nesta terça-feira (29).
Empatados na reta final da eleição dos Estados Unidos, Donald Trump e Kamala Harris abocanharam dois eleitorados tradicionais dos partidos rivais, segundo revelou uma análise das pesquisas feitas pela agência de notícias Reuters e do Instituto Ipsos divulgada nesta sexta-feira (25).
A análise mostrou que Trump cresceu entre o eleitorado de homens latino-americanos, que sempre votaram em maioria nos democratas, enquanto Kamala ganhou mais votos entre mulheres brancas, parcela que sempre votou mais no Partido Republicano.
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Em ambos os casos, os candidatos seguem atrás de seus rivais nesses eleitorados, mas por uma diferença significativamente menor que a das eleições passadas.
Entre os homens latinos, o ex-presidente Trump agora está atrás de Kamala por apenas dois pontos percentuais — 44% a 46%. Em 2020, quando concorreu contra Joe Biden, o republicano ficou 19 pontos percentuais atrás do rival nesse eleitorado específico.
Já Kamala Harris, por outro lado, compensou com aumento de votos entre as mulheres brancas. Segundo a análise das pesquisas, ela fica abaixo de Trump nesse eleitorado por uma diferença de três pontos percentuais — 43% a 46%. Já na disputa de 2020, essa margem foi de 12 pontos percentuais.
As mulheres brancas representavam cerca de quatro em cada 10 eleitores em 2020, o dobro da parcela combinada de eleitores negros e latino-americanos.
A conclusão foi feita a partir de uma análise de 15.000 respostas às pesquisas Reuters/Ipsos conduzidas até 21 de outubro e durante o mesmo período de 2020.
Robert Alomia, um eleitor latino-americano que vive na cidade de Elizabeth, em Nova Jersey disse a Reuters que planeja votar em Trump.
“Precisamos de pessoas que pensem rápido e que estejam dispostas a liderar — ele é um líder”, disse Alomia, de 42 anos e que trabalha em uma empresa de segurança. Ele afirmou também ser simpático às visões linha-dura de Trump sobre imigração. “Basicamente a porta está aberta para essas pessoas.”
Os eleitores latino-americanos, o segmento de crescimento mais rápido do eleitorado dos EUA, inclinaram-se fortemente para os democratas na maioria das eleições presidenciais desde a década de 1970, mas Trump fez avanços significativos.
Ao longo da gestão de Joe Biden, Donald Trump acusou o atual presidente de deixar a fronteira sul dos EUA aberta para imigrantes. Já Kamala Harris, atual vice de Biden, culpa Trump por pressionar os republicanos no Congresso a rejeitar o projeto de lei bipartidário que foi negociado este ano entre as duas siglas e que reforçaria os controles de fronteira.
Já a moradora de St. Charles, no Illinois, Donna Berg, uma mulher branca, Illinois, contou que votou em Trump em 2016 e novamente “relutantemente” em 2020, mas abandonou Trump decisivamente após o ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. Ela votará em Kamala este ano.
“Depois de 6 de janeiro, tudo acabou”, disse Berg, para quem o Partido Republicano se desviou para o extremismo sob a liderança de Trump.
Entre os eleitores latino-americanos em geral, Kamala tem 51% dos votos, um pouco abaixo dos 54% que votaram em Biden, segundo a análise. Já Trump aparece com 37% dos votos entre esse eleitorado, contra os 30% que conquistou nas eleições passadas.
Os números estão sujeitos a erro de amostragem e têm níveis de precisão entre 2 e 6 pontos percentuais.
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O republicano também está a caminho de reduzir a diferenteça para os democratas entre o eleitorado negro. Cerca de 18% dos homens negros disseram que votariam em Trump em pesquisas recentes da Reuters/Ipsos, contra 14% desse eleitorado nas eleições passadas. Entre as mulheres negras, esse percentual foi de 8%, contra 4% no pleito de 2020.
Pesquisas de boca de urna após a eleição de 2020 mostraram que cerca de 8% dos eleitores negros em geral escolheram Trump em 2020, enquanto a pesquisa recente da Reuters/Ipsos mostra que esse percepentual cresceu para 12%.
A estrategista de campanha republicana Kristin Davison disse à Reuters que Trump está cortejando os eleitores negros e tentando convencê-los de que o Partido Democrata é muito radical em questões sociais.
“É isso que Trump conseguiu fazer com os homens negros e com os latino-americanos nos últimos quatro anos, não apenas nas questões da economia e do trabalho duro, mas com o país e a família”, disse Davison.
A história de tensão racial e injustiça dos Estados Unidos paira nas mentes dos apoiadores e detratores de Trump. Trump perguntou aos eleitores negros durante sua campanha presidencial de 2016: “O que diabos você tem a perder?”
“Muitas pessoas podem jogar a carta da raça. Podem dizer que ele é racista, podem dizer que está usando os negros. Podem dizer muitas coisas. Mas para mim, pessoalmente, sinto que ele provou que quer ver todo mundo vencer”, disse Kedrick Benford, um eleitor negro em Houston que não votou em 2020, mas disse que acha que votará em Trump desta vez.
Benford, 30, um varejista autônomo, disse que considerava Trump mais experiente do que Kamala.
Mulheres brancas
Embora as cotas de apoio dos dois candidatos entre homens brancos permaneçam praticamente inalteradas, o aumento de Kamala entre mulheres brancas significa que Trump está liderando por apenas nove pontos com eleitores brancos em geral, em comparação a quando ele liderava Biden por 14 pontos com eles em 2020.
A estrategista de campanha Kristin Davison disse ainda que muitas mulheres se voltaram para Harris em parte porque os democratas efetivamente as concentraram no aborto após a decisão da Suprema Corte dos EUA de 2022, encerrando o direito nacional à interrupção voluntária da gravidez.
As mulheres também estão avaliando “o forte contraste em liderança e caráter entre o vice-presidente e Trump, o que está influenciando suas escolhas”, afirmou a estrategista democrata Meghan Hays, ex-assessora sênior de comunicações do presidente Biden.
“A vice-presidente deve ampliar sua liderança entre as eleitoras para compensar a vantagem de Trump com homens negros e latinos”, acrescentou Hays. “Esta eleição será vencida pela menor das margens.”
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