UFRGS instaura comissão para apurar suposto caso de racismo de estudante contra professora

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Aluno teria ofendido a docente ao criticar enunciado da questão de um trabalho acadêmico. Professora conta que era recorrente ele questionar sua autoridade dentro da sala de aula. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Gustavo Diehl
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instaurou, na terça-feira (17), uma comissão para apurar um suposto caso de racismo de um estudante contra uma professora da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), em Porto Alegre. Dois docentes e um aluno terão 30 dias (prorrogáveis por mais 30) para analisar e concluir o processo disciplinar discente.
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O caso teria acontecido em 19 de julho, quando a professora Gláucia Aparecida Vaz chegava ao prédio da instituição para dar aula. A direção da Fabico afirma que tomou conhecimento dos fatos no dia 23 de agosto e que na mesma data encaminhou o processo à Corregedoria – instância responsável pela análise de todos os processos desta natureza dentro da UFRGS. No dia 16 de outubro, houve definição pela abertura do processo.
A professora Gláucia conta que o universitário disse que ela “não sabia qual era o lugar dela”. Ele também teria falado que ela “continuaria sendo perseguida e odiada”. O estudante não teve o nome divulgado.
O caso ocorreu no primeiro semestre letivo deste ano. Conforme a UFRGS, a orientação foi que o aluno não frequentasse nenhuma aula ministrada pela professora Gláucia. A Universidade afirma que ele não se matriculou em nenhuma disciplina oferecida pela docente no semestre atual.
Professora Gláucia Aparecida Vaz, que contou ter sofrido racismo de aluno da UFRGS
RBS TV/Reprodução
O caso
Gláucia relata que, assim que passou a catraca da recepção, no dia 19 de julho, percebeu que o aluno a aguardava segurando o elevador. Em seguida, ele disse que queria discutir uma questão do trabalho com ela, pois não havia tirado a nota máxima, 15, mas sim 14.
“A nota era praticamente a nota máxima, mas ele disse que não era a nota [o motivo da discussão], e sim o enunciado da questão. Ele não concordava com a forma que eu tinha proposto a atividade, mas não deu nenhuma explicação [a respeito do que não concordava]. Falava tudo isso gritando e alterado”, lembra a professora Gláucia.
Ao ver que o diálogo não estava levando a nada, Gláucia disse que precisava trabalhar e optou por ir de escada até a sala de aula. O aluno pegou o elevador. No entanto, no lance de escadas que ia do terceiro para o quarto andar, o estudante apareceu e impediu que ela subisse.
“Minha intenção era subir direto, mas ele falou que eu não sabia escutar ninguém, que eu não sabia qual era o meu lugar. E que, ainda que fosse uma mulher – ele usou isso: falou ‘uma mulher loirinha dos olhos azuis’ –, eu continuaria sendo perseguida e odiada pelas pessoas”, conta Gláucia, emocionada.
A professora ainda citou que era recorrente que o aluno questionasse a sua autoridade dentro da sala de aula.
Professora Gláucia recebeu apoio do sindicato e de instituições de direitos humanos
RBS TV/Reprodução
Tudo isso fez com que a docente buscasse assessoramento jurídico, o que motivou o pedido de abertura de um processo administrativo disciplinar à UFRGS, para que a instituição apurasse a situação.
“Eu me senti totalmente desamparada. O que me choca mais nessa história é a falta de humanidade. E acho que isso escancara o racismo institucionalizado”, afirma a professora Gláucia.
Na terça-feira (17), alunos e entidades civis protestaram em favor da professora e exigindo celeridade no processo aberto pela UFRGS para investigar o caso.
Alunos protestaram em favor da professora Gláucia exigindo mais celeridade ao processo que apura suposto caso da racismo na UFRGS
RBS TV/Reprodução
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