O Bolsa Família e as bets

O recente alerta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o crescimento alarmante das apostas entre beneficiários do Bolsa Família, revela uma situação crítica que não pode ser ignorada.

Sites de apostas só poderão funcionar com autorização a partir de 1º de outubro no Brasil – Foto: Internet/Reprodução/ND

O Banco Central indica que cerca de 17% dos beneficiários do Bolsa Família estão apostando, evidenciando que as famílias de baixa renda são as mais afetadas por essa atividade.

A instituição estima que, em agosto, cinco milhões de pessoas pertencentes ao programa do governo federal enviaram R$ 3 bilhões via Pix para casas de apostas. A interseção entre vulnerabilidade financeira e jogos de azar está se tornando um ciclo vicioso devastador.

É chocante saber que 60% dos beneficiários são chefes de família que, em vez de investir no bem-estar de seus filhos, estão enviando uma parte significativa do auxílio do Bolsa Família para as “bets”.

A percepção de que o crescimento das apostas pode piorar a qualidade do crédito e aumentar a inadimplência é alarmante. O Banco Central já observa um aumento significativo no tíquete médio das transações via Pix para apostas, o que levanta preocupações sobre o impacto a longo prazo na economia e nas vidas dessas famílias.

Esse comportamento destaca a fragilidade emocional e financeira de muitas pessoas, especialmente dos jovens, que, atraídos pela promessa de dinheiro fácil, se veem presos a uma armadilha. A média de gasto dos jovens gira em torno de R$ 100 por mês.

A ilusão de enriquecimento rápido seduz aqueles que já estão em situações precárias, tornando-as mais vulneráveis a endividamentos severos.

A urgência de uma regulamentação robusta para as apostas online, como apontado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), é inegável. A lei 14.790, de 2023, precisa ser implementada com rigor, garantindo proteção ao consumidor e à sociedade.

É preciso uma ação imediata e eficaz para mitigar esse problema. A regulamentação não deve se restringir apenas ao controle das apostas, mas também incluir programas de conscientização e suporte financeiro para os mais vulneráveis.

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