Queimadas no AC até setembro superam em 50% o mesmo período em 2023; Rio Branco segue com a pior qualidade do ar


Estado já tem quase 6 mil focos registrados até o dia 22 deste mês e 91% do total registrado nos 12 meses de 2023. Com isso, concentração de poluentes no ar respirado na capital acreana está 40 vezes acima do aceitável conforme a OMS. Rio Branco continua encoberta por fumaça das queimadas nesta segunda-feira (23)
Dayane Leite/Rede Amazônica Acre
O número de queimadas registrados no Acre entre 1º de janeiro e 22 de setembro superou em 50% o mesmo período no ano passado e chegou a 5.981 focos. A informação é do monitoramento via satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 2023, o mesmo período teve 3.964 focos segundo o mesmo monitoramento.
📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp
Com quase 6 mil focos até esse domingo (22), o estado também tem 91% do total registrado nos 12 meses do ano passado, que encerrou em 6.562, conforme o Inpe.
Este ano, o ranking dos focos de queimadas no Acre continua sendo liderado por Feijó, que acumula 1.478 registros. Por conta dos números alarmantes no município, dez homens da Força Nacional foram autorizados a atuar por 90 dias no combate e investigação das causas de incêndios na cidade.
Os demais municípios ainda não ultrapassaram a marca de mil focos em 2024. Tarauacá vem logo depois de Feijó, com 939 focos, seguida por Cruzeiro do Sul, com 610.
Acre já tem 91% dos focos de queimada registrados em todo o ano de 2023
CBMAC
Fumaça encobre a capital
Rio Branco teve a pior qualidade do ar entre as capitais na manhã desta segunda (23)
Rhawan Vital
A capital acreana Rio Branco ocupa a quarta colocação em focos de queimadas registrados pelo Inpe, com 439 focos. O município segue encoberto por fumaça e na manhã desta segunda-feira (23) continuava com a pior qualidade do ar entre as capitais do país, com 605 μg/m³ (microgramas por metro cúbico) às 8h desta segunda, de acordo com o monitoramento da plataforma IQ Air.
LEIA MAIS:
Com mais de 3 mil focos de queimadas em 20 dias, MP ajuíza ação civil para obrigar Estado a combater incêndios
Em meio a queimadas que já destruíram 100 mil hectares no estado, Rio Branco volta a ter pior qualidade do ar entre as capitais
O número é 40 vezes acima do considerado aceitável segundo a Organização Mundial de Saúde, que é de 15 μg/m³. O índice é considerado “perigoso” e pode contribuir para problemas respiratórios.
Qualidade do ar entre as capitais do país
Alerta de observatório europeu
Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus (CAMS) revelou que as emissões de incêndios têm se mantido acima da média, quebrando recordes nacionais e regionais, especialmente no Pantanal e na Amazônia.
Ueslei Marcelino/Reuters
O Pantanal e a Amazônia enfrentaram seus piores incêndios em quase 20 anos, com o fogo afetando a qualidade do ar em boa parte da América do Sul, anunciaram cientistas do Observatório Europeu Copernicus nesta segunda-feira (23).
O dado considera o número de focos de incêndio, a extensão das áreas afetadas e as emissões de carbono geradas.
Segundo o Serviço de Monitoramento da Atmosfera do Copernicus (CAMS), as emissões de incêndios na região têm se mantido acima da média.
Em todo o Brasil, as emissões acumuladas em 2024 atingiram 183 megatoneladas de carbono (Mt CO2) até 19 de setembro, seguindo a mesma tendência do ano recorde de 2007. Naquele ano, 65 megatoneladas foram emitidas apenas em setembro.
Estados como Amazonas e Mato Grosso do Sul, onde está localizado o Pantanal, registraram as maiores emissões em 22 anos de monitoramento do observatório, com 28 e 15 megatoneladas de carbono emitidas este ano, respectivamente.
Já na Bolívia, as emissões de carbono resultantes dos incêndios alcançaram o maior valor anual no banco de dados do CAMS, somando 76 megatoneladas até meados de setembro, superando o recorde anterior de 2010.
A dispersão de fumaça na América do Sul entre 1 e 9 de setembro de 2024.
CAMS
Só em setembro, foram mais de 32 megatoneladas no país vizinho ao Brasil. Ainda segundo o Copernicus, enquanto os incêndios no Pantanal contribuíram significativamente para o recorde de emissões no Brasil, seu impacto na Bolívia foi moderado, sendo Santa Cruz de La Sierra a principal origem das emissões no país.
Tempestade Boris chega a Itália e obriga mais de mil pessoas a saírem de casa
“Em 2024, os incêndios na América do Sul têm se mostrado muito acima da média, especialmente na Amazônia e no Pantanal. A fumaça gerada afetou áreas muito além dos locais onde os incêndios ocorreram, chegando a atravessar o Atlântico”, diz Mark Parrington, cientista sênior do CAMS.
Para o Copernicus, esses incêndios são considerados fora do comum, mesmo durante o atual período de julho a setembro, quando normalmente ocorrem queimadas.
O observatório europeu cita ainda que altas temperaturas, seca prolongada e outros fatores climáticos contribuíram para o aumento da intensidade do fogo e seus efeitos na qualidade do ar.
“A extensão da fumaça e os efeitos na qualidade do ar indicam a gravidade e a intensidade das chamas. É fundamental manter o monitoramento desses incêndios e suas emissões para entender melhor seu impacto na qualidade do ar e na atmosfera”, acrescentou Parrington.
VÍDEOS: g1
Adicionar aos favoritos o Link permanente.