Na ONU, Lula critica Conselho de Segurança, cobra “transformações” e tem microfone cortado

Presidente Lula realiza o discurso de abertura da 78ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos Reprodução/Nações Unidas – 19.09.2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) denunciou neste domingo (22), em discurso na Cúpula do Futuro, em Nova York, a crescente perda de “legitimidade” do Conselho de Segurança da ONU e alertou que os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável caminham para se tornar o “maior fracasso coletivo” da humanidade. O mandatário estourou o tempo do discurso e teve seu microfone cortado.

A reunião antecede a Assembleia-Geral das Nações Unidas e foi convocada com o objetivo de discutir formas de garantir o cumprimento das metas da chamada Agenda 2030, como erradicação da pobreza extrema e da fome, redução das desigualdades e fortalecimento das instituições globais.

“A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram limitações das instâncias multilaterais. A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”, afirmou Lula no plenário da ONU.

Durante seu pronunciamento, o presidente ainda cobrou “ousadia” e “transformações estruturais” para resolver a “crise da governança” no mundo, além de afirmar que o Sul Global “não está representado” nas instituições multilaterais “de forma condizente com seu peso político e econômico”.

O Portal iG está no BlueSky, siga para acompanhar as notícias!

Além disso, o petista alertou que, no ritmo atual de implementação, “apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo”. “Os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornar “o nosso maior fracasso coletivo”, acrescentou.

Segundo Lula, o mundo não pode “recuar na promoção da igualdade de gênero nem na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação, tampouco voltar a conviver com ameaças nucleares”.

“É inaceitável regredir a um mundo dividido em fronteiras ideológicas ou zonas de influência. Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso, e voltar atrás em nossos compromissos é colocar em cheque tudo que construímos tão arduamente”, disse.

O presidente também reforçou que os níveis atuais de emissões de gases do efeito estufa e dos financiamentos contra a crise climática “são insuficientes para manter o planeta seguro”.

“Em parceria com o secretário-geral [António Guterres], como preparação para a COP30 [em 2025, em Belém], vamos trabalhar por um balanço ético global, reunindo diversos setores da sociedade civil para pensar a ação climática sob o prisma da justiça, da equidade e da solidariedade”, declarou.

Quer ficar por dentro das principais notícias do dia? Participe do nosso canal no WhatsApp e da nossa comunidade no Facebook.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.