Armas e sabre de Plácido de Castro, líder da Revolução Acreana, são furtados de museu no interior do Acre


Itens foram furtados do Museu do Xapury, na cidade de Xapuri. Fundação Elias Mansour, responsável por gerir locais de patrimônio histórico no Acre, diz que estava vedado e aguardando por reforma. Armas históricas que ficavam nesse local, no Museu do Xapury, foram furtadas
Arquivo pessoal
Duas armas e um sabre [arma branca corto-perfurante, também dita, tradicionalmente, uma arma de estocada e de corte] utilizada por Plácido de Castro, líder da Revolução Acreana, foram furtadas do Museu do Xapury, no município de Xapuri, distante 187 km de Rio Branco.
Segundo a Fundação Elias Mansour (FEM), responsável por gerir locais de patrimônio histórico no Acre, o espaço estava vedado e aguardando por reforma que aconteceria em breve.
O diretor da FEM, Ítalo Facundes, não soube informar exatamente quais outros itens foram levados e ressaltou que os objetos que estavam no local eram de grande valor histórico.
“O museu de Xapuri, ele tem um acervo rico da nossa revolução. Essa gestão da FEM está desde o ano passado só, desde 2023. Tanto a chefia de patrimônio histórico, quanto a presidência da FEM. Então, em 2023, a gente tomou várias ações no sentido de tentar precaver de que o pior acontecesse. A gente fez a retirada do material arqueológico que estava lá dentro para que não fosse furtado. A gente vedou todas as portas, então assim, não é que a porta estava aberta, arrombaram a porta, a gente não deixou tudo aberto. A gente vai fazer a manutenção, a gente tentou guardar tanto o acervo que estava lá dentro quanto o próprio prédio, para que não ficasse mais deteriorado ainda”, explicou.
Entrada do Museu de Xapury, mostra o estado de deterioração do local
Arquivo pessoal
Sobre as condições em que o prédio se encontrava, o diretor da FEM comentou que há projeto para a revitalização do espaço. “A gente tomou algumas ações, desenvolvemos o projeto de recuperação do espaço, o projeto arquitetônico, desenvolvemos orçamento junto com a secretaria parceira, e agora recentemente a gente conseguiu fazer a captação do recurso […] as obras já vão iniciar”, disse.
“O que ocorreu em Xapuri foi uma fatalidade. De fato, o museu está há muitos anos [abandonado]. Eu não vou saber precisar, mas eu acho que quase uma década nessa condição. Uma condição muito ruim. As obras já estavam previstas para iniciar em agosto, porque a gente está inaugurando outros espaços que a gente conseguiu já reformar e recuperar, e a gente já teria o início da reforma do Museu de Xapuri”, completa o diretor.
Facundes esclareceu que as obras do local não iniciaram porque após o furto é necessário aguardar a perícia. “A gente tinha servidor da FEM, em Xapuri, que fazia o monitoramento, e logo que soubemos do ocorrido, a gente realizou o boletim de ocorrência. A gente está fazendo todo o ato administrativo. Espero que a gente consiga recuperar esses itens, porque o valor deles é só histórico, e quem o fez nem sabe do valor histórico que tem. Não tem valor monetário essas peças, infelizmente. Então, foi uma fatalidade e a gente está fazendo de tudo possível para que os danos sejam mínimos, esperando, inclusive, uma possível recuperação disso, que a gente consiga junto com a Polícia Civil fazer a recuperação desses itens”, diz ele.
FEM
O site da instituição diz que a Fundação de Cultura Elias Mansour foi criada por meio da lei complementar nº 61, de 13 de janeiro de 1999. É uma entidade de direito público, responsável por gerir as políticas culturais do governo do Estado do Acre, tendo vinculados a sua estrutura os conselhos estaduais de Cultura e de Patrimônio Histórico.
Entre bibliotecas, casas de leitura, teatros, museus e outros centros culturais, a FEM administra um total de 37 prédios públicos de cultura e memória, situados na capital e no interior do Acre
Outro furto de museu em Xapuri
O Memorial do Seringueiro, espaço turístico também em Xapuri, que reconta a história dos Ciclos da Borracha e de seringueiros, foi invadido por criminosos e duas réplicas de espingarda furtadas, em agosto deste ano. As peças faziam parte do acervo e não possuem mecanismos que as façam funcionar.
A Secretaria de Turismo do município informou que, possivelmente, os criminosos entraram no local por uma janela que está danificada. Porém, não havia sinais de arrombamento e nem destruição.
Museu de Xapury
Inaugurado em 3 de agosto de 2005, procura retratar a história da cidade e da sua população. A sede do museu está instalada em um edifício construído em 1927, para abrigar a Prefeitura Municipal e apresentava (quando aberto) uma exposição sobre a história do povo de Xapuri, desde seu povoamento, passando pelo período áureo da borracha que lhe garantiu o título de Princesinha do Acre, até a luta de um de seus filhos mais ilustres, Chico Mendes, líder do movimento de resistência dos seringueiros em defesa dos seringais nativos da região, que culminou na criação das reservas extrativistas de borracha.
O acervo contava com armas do período da Revolução Acreana, mobiliário e uma enorme diversidade de objetos representativos da exploração sobre os trabalhadores da floresta.
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