Pacientes eram torturados em piscina cheia de lodo e usavam balde como vaso sanitário em clínica de reabilitação, diz polícia

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Apesar de irregular, a clínica cobrava o valor de R$ 1,2 mil por mês pelas internações. Vítimas relatam que viviam em condições desumanas, eram agredidos e castigados em uma piscina cheia de lodo. Clínica clandestina é interditada após denúncias de agressão e tortura, em Aparecida
Uma clínica de reabilitação clandestina foi interditada durante uma operação da Polícia Civil, em Aparecida de Goiânia, após denúncias de tortura e maus-tratos contra dependentes químicos e portadores de doenças mentais. Segundo as investigações, os internos viviam em condições desumanas, eram agredidos e castigados em uma piscina cheia de lodo.
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O dono da clínica não foi encontrado no local no momento da operação e, por isso, não pôde ser preso em flagrante. Como o nome dele não foi divulgado, o g1 não localizou a defesa para se manifestar sobre o caso.
A clínica fica localizada no Setor no Jardim das Cascatas e tinha 75 internos do sexo masculino, entre maiores e menores de idade. Apesar de irregular, o local cobrava o valor de R$ 1,2 mil por mês pelas internações.
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Durante a fiscalização, a polícia constatou que a água utilizada para o consumo e banho era retirada de um córrego através de uma bomba, e portanto, não recebia nenhum tipo de tratamento. Vários internos mostraram pedaços de ferros que eram usados nas práticas de agressão e tortura.
“Eles tomavam água de um córrego sem tratamento. Havia uma bomba nesse córrego e eles tinham queixas de diarreia, vômito. Vários deles disseram que foram agredidos, espancados”, detalha o delegado do caso, Antônio André Santos Júnior.
Clínica com água suja e cheia de logo em clínica clandestina, em Aparecida de Goiânia
Reprodução/Polícia Civil
Quando a polícia entrou no local, na segunda-feira (16), encontrou um interno dentro da piscina cheia de lodo. Aos policiais, ele explicou que estava de castigo.
“Ele tinha cerca de 19, 20 anos. Estava na piscina e estava totalmente queimado do sol, porque tinha a pele muito clara e estava na piscina desde a manhã, de castigo”, relata o delegado.
A Vigilância Sanitária, Assistência Social, Meio Ambiente e Conselho Tutelar também estiveram presentes na clínica. Após a operação, todos os internos foram encaminhados para os seus responsáveis legais
Necessidades em balde
Aos policiais, os internos relataram que as condições dos alojamentos eram totalmente insalubres, chegando ao ponto de terem que dividir um banheiro com 44 pessoas. Fora isso, as necessidades básicas eram feitas dentro de um balde.
Internos afirmam que os alojamentos eram insalubres
Reprodução/Polícia Civil
“Deu oito horas, é o lanche. Um pão para cada, pão seco”, contou uma das vítimas à reportagem.
“Nos medicam e colocam dentro da piscina, para ficar limpando a piscina. Quando o remédio fazia efeito, colocavam a gente no sol. Levavam no quartinho de cima, ali era pau, taca”, afirma outro.
“Eu tenho 16 [ anos ], mas aqui tinha de 14, 15, 16 e 17”, detalha outro.
Os familiares dos internos foram comunicados sobre a ação e sobre a situação das vítimas. Segundo a polícia, o dono da clínica pode responder pelos crimes de tortura, cárcere privado e maus-tratos.
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Clínica de reabilitação clandestina foi interditada durante uma operação da Polícia Civil, em Aparecida de Goiânia
Reprodução/Polícia Civil
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