Ávidas por desafios, mãe e filha de Mafra escrevem uma linda história através do triatlo

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Há aproximadamente cinco anos, a corrida surgiu na vida de Elizete Custódio e sua filha Rafaela, de 13 anos. Moradoras de Mafra, no Planalto Norte de Santa Catarina, as duas formam uma dupla incansável e ávida por desafios, e o Portal ND+ conta a história delas neste especial de Dia das Mães.

Mãe e filha pretendem chegar ao Ironman em 2025 – Foto: Elizete Custódio/Acervo pessoal/ND

Elizete já praticava corrida desde 2017, para cuidar da saúde, mas foi em 2018 que o hobby se tornou um estilo de vida para ela e sua filha. Naquele ano, uma prova das Pernas Solidárias seria executada em Mafra. A competição é uma iniciativa de inclusão social que permite que pessoas com deficiência possam fazer parte de corridas de rua.

Rafaela, que possui paralisia cerebral, foi convidada para correr pela Apae, com um atleta condutor. Elizete topou a ideia, mas quis, ela mesma, correr com a filha. “Sou bem ‘ciumentinha’ dela. Já me pediram ela para correr, mas não empresto”, brinca.

A prova de 5 km foi difícil, mas ver o sorriso estampado no rosto da filha ao cruzar a linha de chegada fez Elizete querer continuar treinando para buscar novos desafios. “Pensei ‘agora vou começar a treinar firme, para poder participar das provas com ela’”, conta Elizete.

Filha nasceu prematura

E de desafios, mãe e filha entendem bem. Rafaela nasceu prematura, com quase seis meses, e apenas 835 gramas. Após o nascimento, porém, seu peso caiu ainda mais, chegando a 690 gramas. Foram quase três meses até que Elizete pudesse levar a filha para casa.

No dia da alta, os médicos diagnosticaram a paralisia em Rafaela. Naquele momento, porém, ainda não era possível determinar como a condição se manifestaria na garota, mas, para Elizete, isso pouco importava. “Eu vivi o medo de perdê-la por quase três meses. Então quando consegui levá-la para casa, o que viesse era o de menos”, comenta.

Rafaela ficou com a parte motora e de fala comprometidas, mas o sistema cognitivo não teve alterações. De acordo com Elizete, Rafaela é independente nas escolhas dela. “Ela escolhe o que vai comer, o que vai vestir e assistir”, explica.

Rafaela se encantou com a modalidade

E foi a própria Rafaela quem escolheu o triatlo, prova dividida em etapas de natação, ciclismo e corrida. Enquanto mãe e filha assistiam alguns vídeos de esportes, chegaram até um registro do atleta norte-americano Dick Hoyt, falecido em 2021, que praticava a modalidade com o filho tetraplégico. “Quando ela viu o vídeo, ficou encantada”, conta Elizete.

Rafaela começou a mandar beijos para a mãe – uma das formas com que sinaliza para Elizete o que deseja. Foi então que a mãe perguntou se a adolescente gostaria de realizar uma prova como a que tinha acabado de assistir, e Rafaela confirmou que sim.

Por coincidência, a assessoria que treinava Elizete desde a prova das Pernas Solidárias também atuava com treinamento para triatlo, o que facilitou a entrada das duas na modalidade.

Elizete e Rafaela cruzam linha de chegada em prova no Paraná – Foto: Elizete Custódio/Acervo pessoal/ND

Elizete já perdeu as contas de quantas provas realizou com a filha nestes anos de competições, mas uma prova que marcou bastante a trajetória das duas foi a de triatlo que participaram em 2020, na cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná.

O mar estava bastante agitado no dia da prova, o que dificultou a realização da etapa de natação. Segundo Elizete, porém, Rafaela não se abalou. “Eu pensei que ia perder a menina na água e ela estava ‘de boa’ no bote”, conta.

Mãe e filha já participaram também de várias provas de meia maratona (21 km) e pretendem concluir juntas uma maratona (42,1 km). Mas o maior sonho delas é completar uma prova do Ironman Triathlon – a prova consiste em  3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,195 km de corrida.

Elizete se emociona próximo à linha de chegada – Foto: Elizete Custódio/Acervo pessoal/ND

E as duas já têm data para alcançar o objetivo: 2025. De acordo com Elizete, a prova significa muito para Rafaela. “Ela é muito competitiva, gosta de ganhar. Quero muito ver ela cruzando a linha de chegada do Ironman”, conta.

“A meta da minha vida é fazer com que a Rafaela tenha uma história muito linda. Quero que as pessoas conheçam ela e saibam da força que a minha filha tem. Eu sei que, se ela cruzar a linha do Ironman, o mundo todo vai conhece-la”, diz Elizete, com emoção.

Mais que uma prova de triatlo, a concretização do sonho de Rafaela é, também, a concretização de uma das maiores metas da vida de sua mãe: tornar a história da filha conhecida mundialmente, para servir de inspiração para as pessoas.

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