Eclipse solar anular: oftalmologista explica formas seguras de assistir ao fenômeno sem prejudicar a visão

Fenômeno poderá ser visto em todo o país, e deve acontecer às 12h19 no horário do Acre. Especialista alerta que olhar diretamente para o eclipse pode ferir a retina. A lua passa entre o sol e a terra durante eclipse solar anular
REUTERS/Tim Chong
Os eclipses movimentam os apaixonados por fenômenos astronômicos ao longo de todo ano, com muitos deles acompanhando pelo calendário os dias em que irão ocorrer. Neste sábado (14), é a vez de um eclipse anular do Sol, que será visível em todo o país, sendo que nas regiões Norte e Nordeste o fenômeno completo poderá ser visto. No Acre, será visto de forma parcial a partir das 12h19 até às 16h44.
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Porém, isso não significa que basta apenas levantar a cabeça e fixar os olhos no céu. O eclipse anular do Sol ocorre quando a Lua se alinha entre a Terra e o Sol, e o seu diâmetro aparente está menor do que o Sol. Como a sombra da Lua não cobre totalmente o Sol, cria-se um “anel de fogo” no céu.
Por mais belo que seja, olhar diretamente para ele, sem proteção adequada aos olhos, pode causar danos permanentes. Esse é o alerta da oftalmologista Isabel Braga, especialista em retina e vítreo.
“Se você olhar diretamente, os raios solares provenientes desse fenômeno podem afetar diretamente a sua retina, especialmente a mácula, que é a principal região da nossa visão. Então, por esse motivo, não é recomendado observar a olho nu o eclipse solar”, explica.
Para a especialista, a forma mais segura de se acompanhar o fenômeno é através de transmissões pela internet ou televisão. Mas, se a curiosidade for mais forte, é preciso garantir os equipamentos que podem dar mais segurança na observação e filtrar os raios solares mais nocivos.
Porém, outro alerta trazido pela oftalmologista é que, ao contrário da crença popular, objetos como filmes fotográficos, radiografias, óculos escuros comuns, telescópios, e outros, não protegem nesse caso.
“O equipamento correto para visualizar o eclipse são as lentes com filtro para soldadores, de nível 14 ou superior. Esses óculos podem ser comprados em lojas especializadas”, acrescenta.
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Arquivo pessoal
E foi exatamente com lentes de soldador que o servidor da Universidade Federal do Acre (Ufac) Lucas Araújo garantiu uma forma de acompanhar o eclipse, e ainda buscar uma renda extra. Araújo teve a ideia de confeccionar os equipamentos de forma artesanal e também vender aos amigos mais próximos por R$ 15.
“Mensalmente listo calendário de eventos astronômicos de forma amadora, e, desde o começo do ano, já estava na ansiedade pelo eclipse solar. Passei três meses tentando comprar óculos na internet sem sucesso e só encontrava em páginas de procedência duvidosa. Procurei moldes caseiros on-line e também não achei, mas já sabia que precisaria usar lentes de soldador filtro 14, então desenhei modelos até achar um jeito que melhor encaixasse no rosto, ao estilo óculos cardboard”, conta.
Ele comprou 30 lentes específicas ainda em agosto já pensando que, se desse certo, poderia vender. Junto com o óculos, Lucas também envia recomendações para o uso e cuidado. “Fui postando fotos do processo criativo nas redes sociais pra quem tivesse interesse também. Fiquei com receio de que agora perto do eclipse faltassem lentes em Rio Branco. Como é tudo feito de forma artesanal, demandou tempo até achar um modelo firme/razoável. Já fiz 20 das 30 lentes que consegui.”
Modelo de óculos criado por Lucas Araújo segue as recomendações
Arquivo pessoal
O Eclipse
Mas por que tanto interesse nesse fenômeno? O astrônomo Naelton Mendes de Araujo, da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro, explica que o último eclipse solar anular visível no Brasil foi em 29 de abril de 1995.
“A faixa de anularidade passou pelo norte do Amazonas, sul de Roraima, norte do Pará (incluindo a capital Belém), sul do Amapá e litoral dos estados do Maranhão (incluindo São Luís), Piauí e Ceará”, relata.
O astrônomo compartilha do alerta da oftalmologista, de que não se deve olhar diretamente para o eclipse. Ele também alerta que se deve evitar a improvisação, e só devem ser utilizados equipamentos certificados.
Araujo relembra ainda que várias cidades devem promover eventos para observação do eclipse, com distribuição de instrumentos adequados, e que o público deve procurar estes espaços e instituições.
“Nunca se deve olhar para o Sol ,mesmo que apenas 1% dele esteja visível. No caso do eclipse anular, o cuidado deve ser tomado durante todo o evento. O perigo maior é usar algo que diminua a luz visível e deixe o observador confortável e com a pupila larga, deixando entrar radiação ultravioleta e infravermelha. Essas radiações são invisíveis e causam danos indolores no momento da exposição, mas podem causar muitos problemas visuais sérios”, finaliza.
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