Lucas Salinas, de Sorocaba (SP), é meio-campista do FC Ashdod, equipe da cidade de Ashdod, que fica a 50 quilômetros da Faixa de Gaza. Atleta está na casa de colega colombiano que tem um bunker e planeja viajar para Portugal na quarta-feira (11). Os ataques do grupo extremista islâmico armado Hamas a cidades israelenses por terra, ar e mar, que deram início a um estado de guerra na região, pegaram milhares de moradores desprevenidos na manhã de sábado (7). Um deles foi o jogador de futebol brasileiro Lucas Spinola Salinas, de 27 anos, que vive em Israel há pouco mais de um ano.
Natural de Sorocaba, no interior de São Paulo, o atleta deu início à carreira como jogador nas categorias de base do São Bento. Em seguida, passou por Atlético Sorocaba. No exterior, atuou em equipes de Portugal e da Bulgária. Atualmente, defende a camisa do FC Ashdod, equipe da cidade de Ashdod, em Israel, que fica a 50 quilômetros da Faixa de Gaza.
Ao g1, ele conta que, na sexta-feira (6), havia viajado com o time para Nazaré, no norte do país, onde o grupo ficou concentrado para um jogo no dia seguinte. No entanto, por volta de 6h30 de sábado, os alarmes da cidade começaram a soar.
“Despertaram todo mundo no hotel e o pessoal do clube conversou com a gente para explicar a situação. A gente tomou café da manhã e todos decidiram voltar a Ashdod. No caminho, nós pudemos ver muitos mísseis sendo interceptados, muitas barragens, muita polícia na rua, mas chegamos em paz”, relata o meio-campista.
O campeonato foi paralisado e, desde então, Lucas está trancado no apartamento de um colega de equipe colombiano, que possui um bunker em um dos quartos: “eu tenho o meu apartamento, mas resolvi vir para cá. Quando soa o alarme, a gente vem para esse bunker e fica 10 minutos. Se não soa outro alarme, a gente pode sair e ficar normal no apartamento”, explica.
“Ontem [domingo (8)] as coisas estavam abertas. Fomos a um mercado que é muito perto daqui e compramos as coisas necessárias. Então, temos água, comida, todos os mantimentos necessários para alguns dias. A sensação é horrível, mas, dentro das circunstâncias, a gente tenta obedecer o que as autoridades dizem, que é para ficar em casa tranquilo.”
Sem voos
Assim como Lucas e o amigo colombiano, os outros jogadores do FC Ashdod também estão abrigados durante o conflito. Alguns estrangeiros já conseguiram sair do país, mas muitos ainda enfrentam dificuldades. Na quarta-feira (11), o brasileiro pretende viajar para Portugal.
“Três africanos foram para a Etiópia e, de lá, para seus países. Um escocês e um francês ficaram 25 horas no aeroporto. Compraram quatro passagens, mas todas foram canceladas. Na quinta, conseguiram ir para a Hungria e, agora, vão seguir para a França e a Escócia”, continua.
“Eu penso em ir para o Brasil em breve. Comprei um voo para Porto na quarta-feira (11). Foi o primeiro que achei, porque muitas companhias aéreas estão cancelando os voos aqui e eles recomendaram comprar por três ou quatro companhias daqui. Se Deus quiser, quarta-feira estarei partindo. Vamos estar em oração para que esse voo não seja cancelado e para que a situação aqui acabe o mais rápido possível para a gente ficar em paz.”
Embora já tenha presenciado ataques de foguetes do Hamas no ano passado, Lucas garante que nunca viu nada parecido com a situação atual.
“Todo mundo fala que esse é o pior ataque dos últimos 50 anos. É uma situação muito complicada, porque Israel é um país pequeno e o número de mortes já está muito elevado. Muitos jogadores do meu clube conhecem pessoas que infelizmente vieram a falecer. Eu pessoalmente não conheço nenhuma, mas todos os conhecidos aqui perderam alguém”, completa.
O conflito, que chega ao terceiro dia nesta segunda-feira (9), provocou a morte de ao menos 1.300 pessoas, sendo 800 em Israel, 493 na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia, segundo o balanço mais recente. Além disso, milhares de pessoas ficaram feridas.
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