Justiça torna réus envolvidos em suposto esquema de fraudes licitatórias em Bariri

Denúncia aponta que o esquema era formado por um grupo que fraudava procedimentos licitatórios para direcioná-los a pessoas determinadas. Investigação teve desdobramentos na esfera política e uma CP foi aberta para investigar a participação do prefeito. Gaeco Bariri
Lucas Araújo/ Jornal Noticiantes
A Justiça acatou o pedido do Ministério Público e tornou réus cinco investigados em uma ação que apura fraudes em processos licitatórios na comarca de Bariri. O pedido foi encaminhado na quarta-feira (4), depois do MP encerrar a primeira etapa das investigações do caso, iniciado em agosto.
Além disso, a Justiça também decretou a prisão preventiva de dois empresários e um policial militar que já estavam detidos. Um dos alvos também foi exonerado do cargo público e está proibido de exercer qualquer função pública, sair da comarca e falar com agente público. Ele ainda deve ficar em recolhimento domiciliar noturno.
Também atendendo a pedido do MP, a Justiça determinou sequestro e bloqueio de todos os envolvidos no total de R$ 11 milhões, para futura recomposição ao patrimônio público. A medida atinge contas bancárias, veículos e imóveis.
A denúncia aponta que o esquema era formado por um grupo que fraudava procedimentos licitatórios para direcioná-los a pessoas determinadas.
O esquema envolvia também incrementos contratuais a fim de maior lucratividade, permitindo que os envolvidos fossem pagos mesmo sem terem executado os serviços.
As autoridades identificaram pagamentos de propinas e coação de testemunhas, que tiveram celulares roubados durante as investigações
Desdobramentos
Na esfera política, as investigações do Gaeco motivaram a Câmara de Vereadores de Bariri a aprovar a abertura de uma Comissão Processante (CP) contra o prefeito Abelardo Maurício Martins Simões Filho (MDB), o Aberladinho. O processo pode levar à cassação do chefe do poder Executivo.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Abelardinho estaria envolvido em crimes de corrupção passiva, concussão, fraude licitatória, coação no curso do processo, roubo e outros delitos. No último dia 4 de setembro, o órgão do MP-SP pediu à Justiça a instauração de uma investigação criminal contra o prefeito de Bariri para apuração dos delitos.
Prefeito Municipal de Bariri, Abelardo Maurício Martins Simões Filho (MDB), o Aberladinho, será investigado por suposto envolvimento em fraudes em licitações
Candeia/Reprodução
No pedido, os promotores do Gaeco usam como base o interrogatório do empresário de Limeira, Paulo Ricardo Barboza, preso desde o dia 8 de agosto. Ele é suspeito de ser o líder de um grupo criminoso envolvido em fraudes em licitações de cidades do interior de SP e de ter ameaçado o denunciante do suposto esquema na cidade de Bariri.
No depoimento aos investigadores, o empresário afirmou que era extorquido, depositando mensalmente valores em dinheiro ao prefeito de Bariri para que o contrato entre a empresa de limpeza pública e prefeitura fosse mantido. Os supostos valores de propina direcionados a Abelardinho eram anotados em uma agenda, que foi apreendida e periciada
O empresário de Limeira, dono da Latina Ambiental que presta serviços para o munícipio de Bariri, é suspeito também de ter contratado um capitão da Polícia Militar para coagir o denunciante das supostas fraudes em licitações no serviço de limpeza pública de Bariri. Para executar o crime, o PM recebeu a quantia de R$ 5 mil. Ele foi preso no último dia 18 de agosto.
Fraudes em licitações
No último dia 8 de agosto, o Gaeco realizou uma operação contra crimes de corrupção, entre eles, a suspeita de irregularidades em licitações de cidades do interior de São Paulo. A ação, que teve apoio da Polícia Civil e Polícia Militar, esteve em endereços nas cidades de Jaú, Bariri, Itaju e Limeira (SP).
As diligências indicaram existência de um grupo criminoso organizado, liderado por um empresário de Limeira e com participação ou auxílio de agentes públicos municipais. “Trata-se de um crime complexo”, categoriza a investigação.
Além dos mandados de busca e apreensão domiciliar nos endereços dos investigados, o MP também tinha solicitado a prorrogação de 15 dias, previamente autorizado judicialmente, das interceptações telefônicas e de monitoramento de contas em aplicativos de mensagens entre os investigados.
VÍDEOS: assista às reportagens da região
Veja mais notícias da região no G1 Bauru e Marília.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.