São Francisco de Assis: conheça a rosa que faz parte da história do santo

Igreja celebra a memória de Francisco nesta quarta-feira (4), quando também se comemora o Dia dos Animais e o Dia da Natureza. Rosa faz parte de um dos milagres atribuídos a ele. Rosa canina assisiensis, descrita na história de São Francisco
Convento dos Frades Menores Capuchinhos
Que São Francisco é o protetor dos animais, muita gente já sabe. Mas a história que pouca gente conhece é a de que o santo também tem uma relação forte com uma espécie de rosa.
A Igreja conta que, em certa ocasião, Francisco, para combater um momento de tentação com severidade e rigor, se despojou das roupas e se atirou nu sobre o jardim de rosas que havia ao lado da igreja.
O que deveria ser um forte castigo, pela dor da perfuração da pele pelos espinhos, transformou-se num milagre, conforme narra a tradição. Ao se atirar contra os roseirais, os espinhos se recolheram.
Por esse motivo a rosa sem espinhos de Assis, mais tarde, acabou sendo catalogada como uma subespécie da rosa canina, sendo a rosa canina assisiensis.
Única da família sem espinhos, a flor pode ser encontrada até hoje no jardim da igreja onde Francisco viveu os momentos mais marcantes de sua vida, na região conhecida como Porciúncula, a 45 minutos de caminhada de Assis. O “il Roseto” é um lugar conhecido, ponto de visitação para quem viaja até a cidade na Itália.
A planta é um arbusto de folhas que mudam da cor verde para a marrom no outono e que caem durante o inverno. As dimensões variam entre 1 e 5 metros de altura. As flores são grandes, podem medir de 4 a 6 centímetros e contam com 5 pétalas. De fragrância suave, floresce uma vez, na primavera ou no verão. A variedade pode ser encontrada na Europa, na Ásia Central, no noroeste Africano e na Ásia.
A rosa sem espinhos que surgiu a partir da história de Assis, floresce todos os anos no jardim de Francisco. O santo que amava os animais também tinha muita estima pela flora. Para ele, a Terra nunca foi algo particular de ninguém, mas sim a nossa casa comum.
Rosa canina assisiensis, subespécie da Rosa canina
Convento dos Frades Menores Capuchinhos
Celebrações
Não à toa, em 4 de outubro também são celebrados o Dia da Natureza e o Dia dos Animais. Para o frei Ademir Sanquetti, que trabalha no Seminário Franciscano de Santo Antonio, em Agudos (SP), São Francisco era “a simbiose de tudo, percebia que tudo no planeta era uma conexão única entre humanos, animais e vegetais. Nenhum era mais importante de que outro, tudo se complementava”.
O padre Jonas Christal, da Paróquia São Sebastião, em Valinhos (SP), lembra que Papa Francisco, escolheu seu nome por causa do Santo de Assis.
“São Francisco, fiel à Sagrada Escritura, propõe-nos reconhecer a natureza como um livro esplêndido onde Deus nos fala e transmite algo da sua beleza e bondade. Por isso, celebramos São Francisco de Assis e o apelo do Papa Francisco, para que cuidemos de toda a criação”, afirma o pároco.
Segundo a tradição católica, certa vez, o santo amansou um lobo selvagem. Para isso, não precisou usar nenhum tipo de doma ou força. Ele teria dito ao animal: “Venha aqui irmão lobo, mando-te da parte de Cristo que não faças nenhum mal a mim, nem a ninguém”.
Imagem de São Francisco na Basílica dele em Assis
Rodrigo Catusso
São Francisco, a história
O padroeiro dos animais nasceu no ano de 1182, em Assis, localizada na Úmbria, região central da Itália. Seu nome de batismo era Giovanni, antes de passar a ser Francisco.
Como parte dos jovens de seu tempo, participou de combates medievais, o que era comum naquela geração. Num dos confrontos, foi capturado e ficou preso por um ano em Perúgia, cidade da região, onde começou a ver a vida por outro ângulo. Numa segunda batalha desistiu de guerrear e começou um caminho de conversão.
Roseiras do Jardim de São Francisco
Rodrigo Catusso
Mas para quem pensa que tudo foi tranquilo, a biografia dele mostra o contrário. Houve capítulos turbulentos com a família que, no primeiro momento, não aceitou a opção de Francisco. Ele também conviveu com conflitos internos de quem busca o aprofundamento da fé.
“Naquela época o ideal para uma família rica era conquistar poder e riqueza por meio de batalhas, até a própria igreja tinha esse tipo de mentalidade durante o período medieval”, explica Frei Ademir.
Fundou uma ordem de confrades que, até hoje, serve à Igreja Católica e presta serviços às pessoas em situação de vulnerabilidade social em vários continentes. Na ordem franciscana, era comum alguns padres mudarem de nome como uma representação de uma nova vida a partir dali. Foi assim com Santo Antonio, que se chamava Fernando de Bulhões e mudou de nome para seguir os passos de Francisco.
Basílica de São Francisco na cidade de Assis, na Itália
Rodrigo Catusso
O frei Ademir Sanquetti analisa que “os tormentos e dúvidas fazem parte de todo ser humano. Com São Francisco não foi diferente. As provações ocorreram, mas São Francisco teve a coragem de enfrentar as inseguranças com base na fé”, declara.
A admiração pelo estilo de vida de Francisco vai além da questão religiosa. Pessoas de diferentes crenças veem nele um exemplo de conexão com a comunidade, os animais, o meio-ambiente e o universo. A data de hoje faz memória a sua morte ocorrida em 1226.
Nascido numa rica família de comerciantes de tecidos, Francisco ganhou o apelido de “poverello”, pobrezinho em italiano, pela maneira que optou viver até o fim da caminhada terrestre. Francisco morreu com 44 anos, mas deixou um legado que continua através dos séculos.
Em Assis, há uma basílica onde os restos mortais do santo repousam junto dos de outros confrades franciscanos. A igreja é um local de peregrinação e oração.
Basílica de São Francisco na cidade de Assis, na Itália
Rodrigo Catusso
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