Acidente com soda cáustica no trabalho deixa jovem cego por nove dias em MG: ‘Eu renasci’

Ruan Galvão passou por tratamento em uma câmara hiperbárica. Equipe médica ficou surpresa com recuperação do rapaz, que aguarda o período de atestado vencer para retornar ao trabalho. Initial plugin text
Ruan Galvão, um jovem de 24 anos de Conceição do Pará, pode afirmar que viveu um verdadeiro milagre: ele recuperou a visão após um grave acidente envolvendo soda cáustica, que o deixou cego por nove longos dias.
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O acidente ocorreu enquanto Ruan limpava recipientes de requeijão durante o encerramento do expediente na fábrica de laticínios onde trabalhava.
No dia 9 de agosto, por volta das 17h30, ele executava a tarefa rotineira de higienizar os recipientes com soda cáustica, uma prática comum para evitar a contaminação dos produtos.
De outro cômodo, Ruan pediu a uma auxiliar que acionasse o vapor para aquecer a água misturada com soda cáustica, geralmente a uma temperatura máxima de 80 graus Celsius.
No entanto, quando percebeu que estava suficientemente quente, pediu à auxiliar que desligasse o vapor. Infelizmente, a auxiliar não fechou completamente a válvula, e a temperatura subiu para 103,5 graus Celsius.
O resultado foi uma visão comprometida e uma das pálpebras queimadas. Um alarme de segurança foi ativado imediatamente, mas, ao tentar sair correndo para desligá-lo, a tampa do compartimento explodiu, e o produto superaquecido atingiu Ruan no braço, abdômen, costas e, principalmente, nos olhos.
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Resgate
Ele lembra que, com a explosão, caiu no chão. Felizmente, duas pessoas que estavam na fábrica prestaram os primeiros socorros e acionaram o resgate voluntário, que chegou em menos de 10 minutos.
Ruan foi levado imediatamente para a Santa Casa de Pitangui, onde estava cada vez mais desesperado, pois seu olho não se abria, e a dor era insuportável.
“Os médicos que começaram a me atender falavam que era para priorizar os olhos. Aquilo parecia um pesadelo. Eu só pensava que aos 24 anos ia ficar cego e que minha vida tinha acabado”.
Na Santa Casa, Ruan recebeu tratamento médico e, depois de estabilizado, teve sua primeira consulta com um oftalmologista. Sua principal preocupação era se ele voltaria a enxergar, mas o especialista não conseguia dar uma resposta definitiva naquele momento.
“Doía demais. Ele teve que anestesiar para abrir meu olho e fazer o exame. Perguntei se voltaria a enxergar, mas ninguém me dava esse parecer. Ele disse que estava com 95% da visão comprometida e que a córnea tinha sido atingida e que por isso não poderia falar se eu voltaria a enxergar. E nem abrir o olho”, relembrou.
Tratamento com Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB)
Ruan permaneceu internado na Santa Casa, mas os recursos disponíveis na unidade se esgotaram, levando-o a ser transferido para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), que trata casos de alta complexidade.
Quando chegou ao hospital, ainda estava sem enxergar e foi informado de que faria uma sessão na câmara hiperbárica.
O tratamento com Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) envolve a respiração de oxigênio puro sob pressão, de duas a três vezes maior que a pressão atmosférica ao nível do mar, dentro de uma câmara hiperbárica.
Esse tratamento acelera a cicatrização não apenas da pele, mas também de todo o corpo. Embora a recuperação das queimaduras na pele fosse esperada, a recuperação da visão ainda era incerta.
Visão recuperada
Dois dias após o início do tratamento, Ruan começou a notar uma melhora gradual em sua visão. No sexto dia de tratamento, conseguiu finalmente abrir o olho direito, que estava fechado devido à queimadura.
“Percebi que minha visão estava retornando a cada dia, e eu só conseguia agradecer a Deus e a Santa Luzia. Estava enxergando novamente, mesmo que em processo de recuperação, mas já podia ver as coisas”, compartilhou.
Para a equipe médica que cuidou de Ruan, a recuperação da visão foi igualmente surpreendente.
“O paciente veio com uma expectativa baixa de recuperação da lesão nos olhos e, assim como ele, todos nós da equipe ficamos surpresos com a recuperação de forma tão rápida e grandiosa”, contou o médico hiperbárico, Henrique Maciel Prudente.
“A hiperbárica tem muitos benefícios já comprovados para lesões de pele, em relação às queimaduras, mas essa recuperação da visão dele, tão veloz e completa, após prognóstico de possível cegueira, foi algo ímpar”, completou o médico.
Nove dias após o acidente que o deixou com 95% da visão comprometida, Ruan conseguiu recuperar sua visão por completo.
“Eu renasci e agora tenho dois aniversários, para comemorar a vida, 25 de maio e 9 de agosto”.
“Eu tenho certeza absoluta que foi um milagre. Deus usou todas as pessoas envolvidas e a câmara hiperbárica para promover um milagre. Eu só posso agradecer a Deus por tudo e todas as pessoas que ele colocou no meu caminho desde o momento do acidente”, finalizou o rapaz que agora aguarda o período de atestado vencer para retornar ao trabalho.
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