Rixa entre Capitão Guimarães e ex-presidente da Vila morto cresceu por insatisfação de Moisés em não ter seu nome na quadra, diz investigação

rixa-entre-capitao-guimaraes-e-ex-presidente-da-vila-morto-cresceu-por-insatisfacao-de-moises-em-nao-ter-seu-nome-na-quadra,-diz-investigacao

rixa-entre-capitao-guimaraes-e-ex-presidente-da-vila-morto-cresceu-por-insatisfacao-de-moises-em-nao-ter-seu-nome-na-quadra,-diz-investigacao


Polícia investiga se Capitão Guimarães mandou matar o ex-presidente da Vila Isabel após desavenças. Inquérito apontou que aliado do bicheiro pesquisou o nome da mulher de Moisés antes do crime. Operação investiga participação de Capitão Guimarães na morte de ex-aliado
A Polícia Civil acredita que a rixa entre o bicheiro Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, e o ex-presidente da Unidos de Vila Isabel, Wilson Vieira Alves, conhecido como Moisés, cresceu por conta de disputas na escola de samba.
Segundo a polícia, Moisés estava descontente pelo fato de a quadra não ter sido batizada com seu nome, conforme um acordo que teria sido feito entre ele e Capitão Guimarães.
Os investigadores apuram se as desavenças entre os dois, que já foram aliados, motivaram o assassinato de Moisés.
A Polícia Civil do RJ fez, nesta sexta-feira (12), uma operação dentro das investigações da morte de Moisés. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra Capitão Guimarães e mais três alvos. Todos são suspeitos do assassinato.
Os mandados foram cumpridos em endereços residenciais e até em presídios.
Capitão Guimarães
Reprodução
Foram alvos da operação:
O bicheiro Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães (em prisão domiciliar);
Luiz Macedo Guimarães Jorge, filho de Capitão Guimarães;
O policial civil Alzino Carvalho de Souza (preso);
O ex-policial militar Deveraldo Lima Barreira (preso).
Alzino está encarcerado no Presídio Constantino Cokotos, em Niterói, e Deveraldo, no Presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio. Homens de confiança de Guimarães, eles são suspeitos de tramar a morte de Moisés.
A investigação apontou que Alzino chegou a pesquisar o nome da mulher de Moisés, Shayene Cesario Vieira, na internet.
A operação foi deflagrada pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Ao todo, foram cinco mandados de busca e apreensão. A investigação tem como base um homicídio que aconteceu no ano passado (entenda mais abaixo).
Nos endereços, agentes apreenderam um Porsche Cayenne Coupé, avaliado em R$ 700 mil, e R$ 10 mil em espécie, além de HDs, pen-drives, celulares e anotações.
Porsche apreendido pela polícia
Reprodução
O atentado
Moisés foi executado em 25 de setembro do ano passado em um posto de gasolina na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
O dirigente deixava uma farmácia quando levou um tiro pelas costas, disparado pelo garupa de uma moto, que saltou e mirou na nuca. Moisés morreu na hora.
Toda a ação durou menos de 15 segundos. Relembre:
Atentado contra ex-presidente da Vila Isabel durou menos de 15 segundos
Quem era Moisés
Moisés foi sargento do setor de informação da Brigada de Infantaria Paraquedista e ficou mais famoso por seu envolvimento com o mundo do samba e da contravenção.
Em 2004, foi convidado por Capitão Guimarães para integrar o time de diretores da Unidos de Vila Isabel e ajudar a devolver a escola do Grupo A para o Especial, o que conseguiu.
Moisés foi campeão pela Vila em 2006
TV Globo
Em 2006, virou presidente da agremiação e conquistou o título do carnaval carioca daquele ano, com o enredo “Soy loco por tí, América: A Vila canta a latinidade”.
Em abril de 2010, o presidente da Vila foi o principal alvo da Operação Alvará, da Polícia Federal, que investigava a máfia dos caça-níqueis que atuava em Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
Em novembro de 2011, Wilson Vieira Alves foi condenado a 23 anos, um mês e 10 dias de prisão pelos crimes de contrabando, formação de quadrilha e corrupção ativa em uma decisão do juiz André Lenart, da 4ª Vara Federal de Niterói.
No entanto, ele ficou preso menos de dois anos até ser beneficiado por uma decisão judicial.
Outro assassinato
Capitão Guimarães foi levado para a sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, na Zona Portuária da cidade
Diógenes Melquíades/ TV Globo
Capitão Guimarães é investigado por um outro homicídio, o do pastor Fábio Aguiar Sardinha, em julho de 2020, em São Gonçalo. Em dezembro do ano passado, o contraventor chegou a ser preso, mas logo progrediu para o regime domiciliar.
A suspeita é que Fábio tenha desviado dinheiro da quadrilha do Capitão Guimarães e foi morto em represália.
No dia do crime, de acordo com a Polícia Militar, a vítima chegou a um posto de combustível junto com o seu pai para abastecer o carro e foi abordado por dois homens a bordo de uma motocicleta — mesma dinâmica da morte de Moisés.
Monitoramento
Investigações da Polícia Federal e do Ministério Público estadual dizem que a quadrilha de Guimarães fez levantamentos e pesquisas sobre a rotina de um juiz, de delegados e de rivais.
Algumas dessas pesquisas, segundo o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro, aconteceram no interior da 66ª DP (Piabetá), na Baixada Fluminense.
Um dos endereços pesquisados está em uma cidade da Região Serrana do Rio. As investigações comprovaram que no local mora um juiz do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O magistrado foi o responsável pelos mandados expedidos na Operação Dedo de Deus, em 2011, que mirou bicheiros da Região Serrana e da Baixada Fluminense.
De acordo com o MP, no primeiro semestre de 2021, ou seja, dez anos após a operação, a organização criminosa chegou a fazer um mapa indicando onde era a residência do magistrado, além de apontar como era a rotina próximo ao imóvel.
A foto foi encontrada nos arquivos do policial civil Alzino Carvalho de Souza.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.