Entenda como atletas de elite conseguem manter a concentração absoluta em momentos decisivos


É um combo que leva à eficiência: prestar atenção só no que interessa, mobilizar todas as forças para o que precisa ser feito e não dar ouvidos ao que atrapalha o caminho até a medalha. O Fantástico deste domingo (7) mostrou como atletas de elite conseguem manter a concentração absoluta em momentos decisivos.
Desbravador, Hugo Calderano fincou os pés em um espaço que parecia distante demais para um brasileiro: a elite mundial do tênis de mesa. Ele figura entre os dez melhores jogadores do mundo e está indo para a terceira edição das Olimpíada como candidato à medalha em Paris.
Aos 27 anos, Calderano desvendou uma das qualidades mais cruciais nessa modalidade tão frenética: a atenção.
“Eu acho que essa é uma das coisas mais importantes do esporte em geral: focar no que você tem que focar, no que você tem que fazer”, afirma Hugo Calderano.
Parece fácil falando. Mas, na prática, como é possível manter o cérebro imune a todas as distrações do ambiente?
Entenda como atletas de elite conseguem manter a concentração absoluta em momentos decisivos
Fantástico/ Reprodução
O optometrista Fernando Nassif usa tecnologia para avaliar em detalhes como nossos olhos e nosso cérebro reconhecem o ambiente. Em um esporte em que uma bola minúscula circula a quase 200 km/h, Fernando testou a capacidade de Hugo de se manter concentrado em alguns objetos. Os resultados são marcantes: pontuação máxima, algo raríssimo. Basicamente, isso significa zero desperdício. As áreas do cérebro de Hugo relacionadas à visão e ao foco estão em plena atividade para captar apenas o que realmente importa.
“Manter os olhos estáveis é uma habilidade complexa, falando do ponto de vista neurológico e motor. A simples capacidade de inibir as informações que eu não preciso neste momento para sustentar o meu foco já é um trabalho muito grande e que muitas pessoas têm dificuldade nisso”, explica o optometrista Fernando Nassif.
Ingrid Oliveira também precisa demais dessa capacidade de atenção total. Ela vai representar o Brasil nos saltos ornamentais pela terceira edição consecutiva nos Jogos Olímpicos.
“Nosso esporte é completamente perfeccionista. A gente tem que almejar a perfeição, tirar o 10 sempre”, diz Ingrid Oliveira.
É possível compreender melhor a capacidade de atenção da Ingrid com inovações da medicina. Um capacete futurista está repleto de sensores. Com eles, é possível medir a atividade de cada região do cérebro de Ingrid. Em um computador, ela assiste a imagens relaxantes, de paisagens naturais. E, de repente, vídeos de saltos da Ingrid são introduzidos.
Quando Ingrid está vendo as imagens de natureza, a atividade cerebral está concentrada na parte de trás do cérebro, responsável pelo estado de vigília, quando estamos relaxados. Mas, quando entram na tela as imagens dos torneios, o cenário muda bruscamente.
“Quando ela começa a pensar no movimento, se vê ali na plataforma em posição para saltar, muda totalmente, se desloca tudo para a região anterior, que é onde está a área que planeja as coisas. E como se tudo apagasse para ela no entorno e ela fica totalmente focada no salto, nos movimentos que ela tem que fazer no salto”, explica o neurologista Renato Anghinah.
Há ainda uma outra habilidade que ajuda demais os atletas a se manterem concentrados no que precisam fazer, algo que fica bem claro nos esportes em que existe público e, por consequência, barulho.
Rosamaria Montibeller é uma das principais jogadoras de vôlei do mundo, medalha de prata com o Brasil nos Jogos de Tóquio, em 2021. Está habituada a competir em arenas e ginásios lotados. E, por mais que o torcedor grite a plenos pulmões, ela sempre consegue ouvir o treinador e as companheiras na quadra.
“É muito real, parece que a gente realmente entra em uma bolha, como se fosse aquele cancelador de ruído, assim, sabe? E você está escutando apenas o que suas companheiras estão falando, o que seu técnico está te direcionando. Mas nem sempre é fácil”, diz Rosamaria Montibeller.
Isso também tem a ver com o cérebro. Em um ambiente silencioso, fica fácil perceber uma voz específica. Agora, em um estádio ou um ginásio, a competição sonora é enorme. Só que os atletas – por conta da experiência e dos treinamentos – conseguem reduzir ruídos periféricos, criando o que os cientistas chamam de trilhos sonoros, por onde passam apenas as frequências que eles precisam ouvir.
“Ele tem um hiperfoco em uma coisa só. Ele consegue ter um nível de concentração absurdo. Aquele tom de voz do seu técnico é esse que entra, você tem um filtro para essa modulação sensorial, outras vozes você apaga. Ele consegue ser seletivo em relação aos estímulos que ele vai receber”, explica Renato Angianhh.
No fim das contas, é um combo que leva à eficiência: prestar atenção só no que interessa, mobilizar todas as forças para o que precisa ser feito e não dar ouvidos ao que atrapalha o caminho até a medalha.
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