Festa Literária das Periferias, no Rio, faz homenagem ao escritor Machado de Assis

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A abertura da Flup será neste sábado (13), com participação de Gilberto Gil. ‘É importantíssimo que as nossas crianças pretas e pardas saibam que o nosso maior escritor foi uma criança muito parecida com elas’, afirma o escritor Henrique Rodrigues. Festa Literária das Periferias faz homenagem ao escritor Machado de Assis no Rio de Janeiro
A Festa Literária das Periferias, no Rio, vai homenagear o escritor Machado de Assis.
O escritor, que é uma referência da literatura brasileira, teve sua própria história apagada: na certidão de óbito, Joaquim Maria Machado de Assis é declarado branco e isso foi repetido ao longo dos anos. Mas Eduarda e Lorena, do projeto “Pretinhas Leitoras”, sabem que na verdade ele era negro.
“Tanto que a gente procura Machado de Assis e sempre vai aparecer uma imagem branca, porque naquela época, quem só podia ser escritor eram pessoas brancas”, explica a integrante do projeto Pretinhas Leitoras, Eduarda Ferreira.
“Ainda mais pela inteligência dele. Ninguém esperava que ele fosse uma pessoa negra e ele é. Ele é um de nós, ele é preto, favelado”, conta outra integrante do projeto Pretinhas Leitoras, Helena Ferreira.
Esse é o ano homenageado na Flup, a Festa Literária das Periferias. A abertura será neste sábado (13), no Rio, com participação de Gilberto Gil.
“Com o surgimento do interesse do Brasil pela sua porção negra, voltou-se a ter um interesse profundo pela porção negra do Machado, e isso está em voga. Machado hoje está sendo enegrecido, enegrecido, enegrecido cada vez mais”, afirma o cantor e compositor Gilberto Gil.
“Machado de Assis é cria, e é isso que Flup quer reforçar esse ano nessa 13º edição. Foi embranquecido, foi colocado no lugar de uma literatura elitista, mas agora o nosso objetivo é trazê-lo de volta às suas raízes, literalmente”, explica a porta-voz e diretora da Flup, Dani Salles.
A festa acontece no lugar em que ele nasceu: Machado de Assis foi criado em um conjunto de casas que fica no Morro do Livramento. Teve uma juventude difícil como ainda hoje é a vida de meninos e meninas que nascem em favelas. Autodidata, se transformou num dos maiores nomes da história da Literatura. Ele foi da favela para o mundo. Ele fundou a Academia Brasileira de Letras e a cadeira dele é a 23.
“Machado de Assis é o nosso maior clássico, é o nosso maior escritor, e a gente precisa apresentar esse escritor para as nossas crianças , para os nossos jovens. É importantíssimo que as nossas crianças pretas e pardas saibam que o nosso maior escritor foi uma criança muito parecida com elas e é desse lugar que precisam surgir os novos Machados de Assis”, diz o escritor Henrique Rodrigues.
“O fato é que existe, hoje, por parte dos círculos intelectuais brasileiros, um empenho no sentido de atribuir definitivamente uma negritude clara ao Machado de Assis”, diz Gil.

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