PM é preso por matar jovem de 14 anos em Diadema, na Grande SP

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Mateus Henrique Reis de Lima foi morto em outubro de 2022, em Diadema. Ele e outro jovem teriam roubado uma moto e não tinham antecedentes criminais. Polícia indicia PM de folga que matou adolescente de 14 anos ajoelhado em SP
O soldado da PM João Batista Manuel Júnior foi preso por matar um adolescente em Diadema, na Grande São Paulo, em outubro de 2022. Ele responde por homicídio qualificado.
Um vídeo registrado por câmeras de segurança mostra o momento em que o policial persegue e mata Mateus Henrique Reis de Lima, de 14 anos.
Na semana passada, seis meses depois da ação, a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o soldado João Batista Manuel Junior por homicídio simples. Ele é investigado também pela Corregedoria da PM.
Nas imagens é possível ver que os garotos colidem a moto em um poste durante a perseguição. Um deles foge e o outro se esconde. Ao ver o agente se aproximando, Mateus se vira, abaixa, coloca as mãos na cabeça. 14 disparos foram efetuados pelo PM.
Mesmo rendido, leva dois tiros nas costas. Imagens de câmeras de segurança mostram a execução, em 28 de outubro do ano passado, em Diadema, na Grande São Paulo.
A vítima, que foi socorrida, mas não resistiu e morreu no hospital.
Menino de 14 anos foi morto em Diadema, em 2022
Reprodução/TV Globo
Nenhum dos dois adolescentes tinham antecedentes criminais. Na ocasião, o outro jovem foi socorrido com dois tiros no braço, que o fizeram perder o movimento do membro.
Após sair do hospital, foi apreendido e segue na Fundação Casa por ato infracional análogo ao roubo.
Ele contou em depoimento que estava com três amigos próximo de onde moram, por volta das 17h. O grupo teria decidido assaltar uma moto em uma avenida do bairro.
Os dois conseguiram levar a motocicleta simulando uma arma com a mão, por dentro da blusa. Mas foram perseguidos por um policial à paisana, que viu o roubo.
Caso ocorreu em Diadema, na Grande São Paulo
Reprodução/TV Globo
A ação aconteceu no bairro de Piraporinha, em Diadema, em 28 de outubro do ano passado.
A mãe de Mateus, que pediu para não ser identificada, disse que foi ameaçada algumas vezes e precisou mudar de casa. Segundo ela, o filho nunca andou armado. Nos últimos seis meses, ela diz que tem procurado provas sobre o caso.
“Quero uma resposta do Estado, que ele seja preso e pague o que fez com meu filho. Foi uma execução”, afirma.
Segundo ela, o filho estudava e nunca havia se envolvido com drogas ou atos ilícitos. “Eu nunca imaginei isso. Tenho oito filhos, todos trabalham, têm uma vida honesta. Queria sentar e perguntar: ‘Por quê você fez isso?’ e quero provar que ele não apontou arma para ninguém. E mesmo que tivesse, um crime não justifica o outro.”
Ela conta que desde que perdeu o caçula, vive à base de remédios. “É uma dor maior do que as minhas forças. Ele queria ser bombeiro, dizia que ia me dar uma casa e sempre cuidar de mim.”
O policial militar João Batista Manoel Junior, que pilotava a moto e atirou nos jovens, contou em depoimento que viu os dois rapazes roubando o veículo e que, durante a perseguição, um dos adolescentes apontou uma arma. Por isso, ele atirou.
O PM afirmou que continuou atirando e dando ordem para que o rapaz largasse a arma. Quando percebeu que ele estava desarmado, foi atrás do outro. Mas o relatório da investigação policial diz que não foi localizada nenhuma arma com os adolescentes.
A Ouvidoria das polícias acompanha o caso e pediu providências à Corregedoria da PM.
“A gente entende que a Corregedoria precisa usar este caso exemplarmente, este é um caso que a Ouvidoria e a sociedade como um todo abomina, uma execução sumária. A gente espera que sejam tomadas medidas exemplares no sentido de que Justiça seja feita”, afirmou Claudio Aparecido da Silva, ouvidor das policias.
O advogado do policial João Batista disse que a vítima do roubo da moto, antes da perseguição, viu uma arma com os adolescentes.
“Essa arma de fogo acabou desaparecendo, entretanto, a vítima desse primeiro roubo afirma categoricamente, afirmou na Polícia Militar e na delegacia de polícia, que viu os roubadores portando este armamento”, alegou Mateus Salviato, advogado do policial.
Segundo Jaqueline Aparecida Silva Alves Corrêa, articuladora e membro do Apoio Jurídico da Rede de Proteção e Resistencia Contra o Genocídio, o promotor mudou o homicídio de simples e homicídio tentado adicionando duas qualificadoras: a de que o PM dificultou a defesa da vítima e que o PM colocou em risco comum.
Caso a Justiça aceite a denúncia e o PM seja condenado, essa mudança deve interferir no aumento da pena.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o policial está afastado das ruas e cumpre funções administrativas, e que a Corregedoria da Polícia Militar acompanha o caso.

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