Sem ampliar programa, governo de SP redistribui câmeras corporais e policiamento de trânsito passa a usar equipamento

Medida ocorre após o governador Tarcísio de Freitas afirmar que estado não tem tecnologia suficiente para colocar na farda de todos os batalhões de choque. Atual gestão não investiu na compra de novas câmeras tampouco na ampliação do Programa Olho Vivo, criado em 2020. Policiais militares do estado de SP usam câmeras corporais na farda
Reprodução/TV Globo
O governo de São Paulo começou a distribuir câmeras corporais para os policiais que trabalham na fiscalização do trânsito.
Cerca de 400 câmeras foram destinadas para o segundo batalhão, na região central, e para o primeiro, no Paraíso, na Zona Sul da capital paulista.
A medida faz parte de uma realocação do material que PM já tinha, uma vez que a atual gestão não investiu na compra tampouco na ampliação do Programa Olho Vivo, implantado em agosto de 2020, e ocorre semanas após o governador alegar que a falta de imagens dos casos em que houve mortes durante a Operação Escudo ocorre porque não há câmeras suficientes para todos os policiais.
Durante a campanha eleitoral, o uso do equipamento foi bastante criticado pelo governador.
A tecnologia é defendida por especialistas principalmente para coibir abusos policiais e para a segurança dos próprios agentes.
Segundo um estudo da FGV, as câmeras corporais contribuíram para um aumento de 102% no número de casos de violência doméstica em investigação, entre janeiro de 2019 e julho deste ano.
Rafael Alcadipani, professor da FVG, critica a postura do governo e questiona qual seria a razão de priorizar um policiamento envolvido em ocorrências de menor gravidade.
“Existem outras unidades da polícia onde essas câmeras corporais fazem mais sentidos do que no policiamento de trânsito. A pergunta que fica é se existe algum interesse em tentar diminuir a presença de câmeras onde interessa.”
Como funcionam as câmeras corporais da Polícia Militar de São Paulo
Arte/g1
Letalidade de PMs em serviço foi menor da história
A quantidade de pessoas mortas por policiais militares em serviço, as chamadas Mortes Decorrentes de Intervenção Policial (MDIP), foi a menor da história em 2022 com a ampliação do Programa Olho Vivo. O total caiu de 423 mortes em 2021 para 256 em 2022.
O dado faz parte de um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com a Unicef divulgado em maio.
Os pesquisadores destacam que, embora a letalidade provocada por policiais militares passe a cair a partir de 2018 entre crianças e adolescentes, a queda se acentua a partir de 2020, ano de implementação das câmeras operacionais portáteis.
Nos batalhões que incorporaram o uso das câmeras corporais tiveram redução de 76,2% na letalidade dos policiais militares em serviço entre 2019 e 2022, enquanto nos demais batalhões a queda foi de 33,3%. O número de adolescentes mortos em intervenções de policiais militares em serviço caiu 66,7%, passando de 102 vítimas em 2019 para 34 em 2022.

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