Dino: ‘Ação não parece ser proporcional em relação ao crime que foi cometido’, em SP

Na tarde desta segunda-feira (31), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que a ação policial que deixou ao menos 8 mortos no Guarujá, no Litoral de SP, “não parece ser proporcional em relação ao crime que foi cometido”.

“Chama atenção o fato de você ter um terrível crime contra um policial, um crime realmente que merece a repulsa, sendo usado inclusive uma pistola de 9 milímetros. E houve uma reação imediata que não parece nesse momento ser proporcional em relação ao crime que foi cometido”, afirmou Dino em conversa com jornalistas.

As mortes ocorreram durante uma operação policial que teve início na sexta-feira (28), durante as buscas dos suspeitos pelo assassinato do PM Patrick Bastos Reis, que era soldado da ROTA.

Flávio Dino também disse que as investigações sobre o crime serão conduzidas pelas autoridades do estado. “É muito importante garantir o principal: que as investigações ocorram conduzidas pelas autoridades estaduais de São Paulo”, afirmou o ministro.

Dino disse ainda que não conversou com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) sobre o caso, mas que, no momento, o governo federal não vai intervir nas investigações estaduais.

“Neste momento o fundamental é garantir que haja essa investigação independente no estado. As imagens das câmeras são fundamentais para o esclarecimento do fato. Essa providência com certeza as autoridades de São Paulo vão tomar, e nós, do governo federal, estamos acompanhamento. Não podemos neste momento fazer nenhum tipo de intervenção no estado de São Paulo ou qualquer tipo de presunção. Temos que respeitar as autoridades estaduais, tanto do Poder Executivo, mas sobretudo agora do Poder Judiciário e do Ministério Público, aguardar o que eles vão apurar. E aí sim, a luz do resultado da apuração tomar um posicionamento do governo federal”, afirmou Dino.

“Não gosto de especular sobre caminhos. O governo federal tem atitude de prudência, de respeito as autoridades do estado, qualquer que seja ele. Depois que esse estado emitir as suas conclusões, com base nas imagens das câmeras dos policiais, com base na corregedoria, na ouvidoria do MP, depois o Ministério da Justiça, o MPF, o Ministério dos Direitos Humanos pode, eventualmente, intervir. Mas não agora. Agora seria uma atitude imprudente, seria uma atitude desrespeitosa ao princípio federativo. Neste momento, o governo federal não pode atropelar, passar por cima das autoridades do governo de São Paulo”, completou o ministro da Justiça.

Tarcísio descarta excessos em operação que matou 8 no Guarujá

O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), avaliou como positiva a Operação Escudo, em que forças policiais mataram oito pessoas, durante confrontos no último fim de semana, no Guarujá, quando se buscava prender o assassino do soldado da Rota, Patrick Bastos Reis, executado na última quinta-feira (27). Em coletiva nesta segunda-feira (31), Tarcísio descartou excessos, elogiou o profissionalismo da polícia e anunciou que reforçará o efetivo na Baixada Santista, para reforçar o combate à criminalidade na região.

A ação de 600 agentes de equipes especializadas das polícias Civil e Militar resultou em dez prisões. A principal delas, ontem (30), foi do suposto sniper que atacou uma guarnição que patrulhava a Vila Zilda e executou o policial Patrick.

“A gente tem uma polícia extremamente profissional que sabe usar exatamente a força na medida que ela tem que ser usada. Não houve hostilidade, não houve excesso, houve uma atuação profissional que resultou em prisões e nós vamos continuar com as operações”, disse o governador, ao anunciar a manutenção da operação por ao menos 30 dias e instalar uma unidade da PM, em fevereiro de 2024.

Como comandante das força de segurança de São Paulo, Tarcísio afirmou que nunca há a busca pelo confronto, mas garantiu não tolerar agressão à polícia, que reagirá para repelir a ameaça. E, sobre a quantidade de mortos pela operação, ponderou que quem resolveu se entregar à polícia foi preso e apresentado à Justiça, como tem que ser.

“Nós não vamos deixar passar impune agressão a policial. Não é possível que o bandido, que o crime possa agredir um policial e sair impunemente, então nós vamos investigar, nós vamos prender, nós vamos apresentar à Justiça, nós vamos levar ao banco dos réus. Foi isso exatamente que foi feito nesse fim de semana. Estou extremamente satisfeito com a ação da polícia”, disse o governador.

Acusações e o crime organizado

O secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite atribuiu ao crime organizado as denúncias de suposta tortura de moradores e suspeitos e de ameaças de ao menos 60 mortes durante a Operação Escudo.

“É uma estratégia do crime organizado para que moradores falem isso ou aquilo, e depois no inquérito fica provado que nada disso aconteceu. Essa versão de que um indivíduo foi torturado não passa de narrativa. Não chegou nada para nós de que tenha havido algo assim. O que chegou foi que alguns criminosos optaram por continuar enfrentando as forças policiais e os policiais tiveram que reagir a estas atitudes”, afirmou Derrite.

Tarcísio De Freitas

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