Assassinatos de indígenas vêm subindo desde 2014, aponta levantamento do Conselho Indigenista Missionário

A violência, segundo lideranças indígenas, é uma das consequências da pressão sobre os territórios. Eles denunciam invasões, exploração de minério e desmatamentos ilegais. Assassinatos de indígenas vêm subindo desde 2014, aponta levantamento do Conselho Indigenista Missionário
Jornal Nacional/ Reprodução
O aumento da violência contra indígenas foi um dos temas debatidos no encontro convocado pelo Cacique Raoni no Mato Grosso.
O cacique Yanomami conta que não foram só desnutrição e malária que mataram parentes dele. Só em 2023, cinco foram assassinados.
“Continuam matando. Eles não falam nada”, diz o cacique Davi Yanomami.
Números apresentados esta semana pelo Conselho Indigenista Missionário apontam que os assassinatos de indígenas vêm subindo desde 2014, quando o Cemi passou a contabilizar os dados públicos. De 2015 a 2018, a média foi de 125 assassinatos por ano. Já de 2019 a 2022, foi de 199 mortes. O pico foi 216, em 2020.
Números do Conselho Indigenista Missionário apontam que os assassinatos de indígenas vêm subindo desde 2014
Jornal Nacional/ Reprodução
A violência, segundo lideranças indígenas, é uma das consequências da pressão sobre os territórios. Eles denunciam invasões, exploração de minério e desmatamentos ilegais.
“Os povos indígenas tentam conter esse avanço e nessa contenção há o conflito e além do conflito, as consequências são ameaças, espancamentos e assassinatos”, afirma Roberto Antônio Liebgott, missionário do Cimi.
As ameaças aos povos originários foi um dos pontos discutidos no evento “O chamado o Cacique Raoni”, com cerca de 800 indígenas no Alto Xingú, em Mato Grosso. Um relatório assinado por representantes de 54 povos será encaminhado ao presidente Lula.
“Nós temos trabalhado em parceria com o Ministério da Justiça para o combate a essa violência. Temos já o uso da Força Nacional de Segurança Pública em mais de doze territórios indígenas que sofrem as consequências de toda essa violência dos últimos anos”, diz Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.
Em uma carta de Rei Charles III, entregue pela vice-embaixadora do Reino Unido no Brasil, o Rei afirmou que a voz de Raoni tem sido fundamental na preservação da Amazônia e no apoio aos povos indígenas.
Ao fim do encontro, o cacique disse que precisa da união de todos os povos e do apoio das novas gerações.
LEIA TAMBÉM
Violência contra povos indígenas no Brasil aumenta em 2022, aponta o conselho; entenda
Cacique Raoni escolhe grupo de lideranças indígenas para sucedê-lo em trabalho de luta pelos povos originários, diz neto

Adicionar aos favoritos o Link permanente.