Morte em show de Luísa Sonza em Porto Alegre deve ser investigada como possível homicídio culposo, pede MP

Veterinária Alice de Moraes, 27 anos, passou mal durante apresentação. Cinco pessoas haviam sido indiciadas por omissão de socorro. Alice de Moraes, de 27 anos passou mal e morreu em um show da cantora Luisa Sonza em Porto Alegre
Arquivo pessoal
A morte de uma mulher durante o show da cantora Luísa Sonza em Porto Alegre , em julho de 2022, deve ser investigada como possível homícidio culposo, por conta do socorro prestado, de acordo com despacho divulgado nesta terça-feira (25) pelo Ministério Público do RS (MPRS). A Justiça vai analisar o pedido.
Alice de Moraes, de 27 anos, passou mal durante a apresentação, realizada no Pepsi On Stage, e procurou uma ambulância. Segundo testemunhas, houve negligência e demora no atendimento.
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O g1 entrou em contato com a empresa promotora do evento e a contratada para fazer o socorro. Até a última atualização desta reportagem, não havia obtido retorno.
A 30ª Promotoria de Justiça Criminal de Porto Alegre, que analisava o caso, solicitou a declinação de competência e pediu que a análise seja remetida à 9ª Vara Criminal de Porto Alegre, cujas promotorias são responsáveis por possíveis casos de homícidio culposo.
Em setembro, cinco pessoas foram indiciadas por omissão de socorro no atendimento Alice. De acordo com MPRS, o caso ainda pode gerar denúncia referente a omissão de socorro, em paralelo à investigação por homicídio culposo.
Luísa Sonza no Planeta Atlântida
Felipe Nogs/Agência Preview
Inquérito
Segundo o delegado Alexandre Vieira, responsável pelo caso, depoimentos e imagens analisadas confirmaram a hipótese de omissão de socorro. “Não resta dúvidas de que a vítima, a qual estava em estado de total vulnerabilidade, deixou de ser socorrida da forma correta”, disse no inquérito.
Previsto pelo Código Penal, o crime de omissão de socorro prevê pena de detenção de um a seis meses ou multa. A pena é aumentada pela metade caso a omissão resulte lesão corporal de natureza grave e, triplicada se resulta a morte.
A perícia considerou que a causa da morte da mulher é indeterminada. A polícia afirma que foram encontradas amostras de álcool e de um medicamento antidepressivo no corpo da vítima, mas que não é possível fazer relações entre os efeitos das substâncias e o óbito.
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Relembre o caso
Pouco mais de 30 minutos após o início do show, Alice informou a uma amiga, Camila Rodrigues, que iria ao banheiro. Porém, a jovem teria enviado uma mensagem pelo celular por volta de 2h dizendo que tinha passado mal e estava na ambulância.
“Eu fui correndo e encontrei ela lá, desacordada, sentada ao lado da ambulância em uma cadeira branca, deitada. Eu questionei a enfermeira como ela tinha chegado ali, e a enfermeira me relatou que ela própria, a enfermeira, tinha escrito a mensagem. (…) Eles me falaram que tinham encontrado ela desacordada no banheiro”, contou a amiga, na época do caso.
Camila afirmava que o atendimento foi realizado de forma negligente e demorada. “A gente foi muito maltratada nas três horas que a gente esteve ali, clamando socorro pela Alice. Eu comecei a questionar o que eles tinham feito, se eles tinham dado alguma medicação, se eles tinham dado água, e ela disse que eles não poderiam ajudar, não poderiam atender ela e me orientaram a chamar um Uber”, conta.
irmã da vítima, Andreia Moraes, que também estava no show, afirmou que Alice não tinha recebido nenhum tipo de remédio. A equipe de socorro teria dito que a jovem não poderia ser medicada por ter sido submetida a uma cirurgia bariátrica e que precisava ir para casa dormir.
Contudo, ao perceber a perda de sinais vitais de Alice, a irmã chamou outra vez a equipe médica. Só então eles teriam levado a jovem para dentro da ambulância e tentado um procedimento mais eficiente.
“Ela já estava roxa, com a boca roxa, já não tinha nenhum tipo de resposta. Eles me tiraram de dentro da ambulância para começar as manobras de ressuscitação. Depois, sei lá, de uma meia hora, chegaram duas ambulâncias: uma da mesma empresa e outra do Samu. Já tinha chegado polícia, enfim, mas ela já tinha ido a óbito”, afirmou a irmã na ocasião.
O caso foi comentado pela cantora Luísa Sonza, que manifestou pesar pela morte da fã. “Só soube ontem de tudo que aconteceu e tô arrasada com isso. (…) Desejo muita força a família e espero que o caso seja apurado o mais rápido possível”, escreveu em uma rede social.
Nas semanas seguintes ao caso, familiares e amigos protestaram pedindo justiça nas investigações.
Publicação de Luísa Sonza sobre morte de fã
Reprodução/Twitter
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