Constituição ganha primeira tradução para uma língua indígena

A cerimônia, em São Gabriel da Cachoeira, município com a maior população indígena do país, foi mais um passo para o reconhecimento e proteção dos direitos desses brasileiros. Projeto é do STF e a tradução foi feita em três semanas. Trinta e cinco anos depois de ser promulgada, a nossa Constituição ganhou a primeira tradução oficial em uma língua indígena.
A escolha de São Gabriel da Cachoeira tem um valor simbólico. Mais de 90% dos 47 mil habitantes do município são indígenas. O evento foi mais um passo para o reconhecimento e proteção dos direitos desses brasileiros.
O hino nacional foi cantado em língua indígena; 15 indígenas do Alto Rio Negro e Médio Tapajós receberam os primeiros exemplares da Constituição Federal de 1988 na língua deles: Nheengatu.
“Eu aprendi que o Nheengatu é uma língua do tronco de Tupi Guarani e levou para a língua brasileira milhares de vocábulos”, disse a ministra Rosa Weber.
Indígenas foram responsáveis por traduzir cada palavra das mais de 450 páginas da Constituição brasileira. Dadá Baniwa agora pode folhear os direitos de cidadã que ajudou a deixar compreensíveis para o seu povo.
“Falar da Constituição Federal, falar de um documento muito importante, de uma lei muito importante, que hoje temos esses exemplares agora em Nheengatu, que é uma das línguas oficiais do nosso município de São Gabriel da Cachoeira, que é o município mais indígena do Brasil”, comemorou Dadá.
Dadá Baniwa, uma das tradutoras da Constituição para língua indígena
JN
A ministra do STF Cármen Lúcia, a presidente da Funai, Joenia Wapichana, e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também acompanharam o lançamento.
Segundo o IBGE, o Brasil tem 305 povos indígenas que, até hoje, conseguiram preservar 274 línguas diferentes. O Nheengatu é considerada um tipo de língua geral amazônica, falada por diferentes povos.
A partir dessa iniciativa, a intenção é fazer com que a Constituição seja conhecida por todos os brasileiros, com futuras traduções também para outras línguas indígenas.
“Para que a gente possa, juntos, fazer valer essa Constituição e, assim, a gente garantir a continuidade desse trabalho e que os povos possam acessar diretamente o seu direito, a partir da sua língua paterna”, ressalta Sônia Guajajara.
Poder ler a Constituição na língua nativa é uma conquista para quem tem sede de fazer valer as leis que regem o país, e que estão lá no mais novo e importante livro indígena.

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