A ex-senadora Ideli Salvatti (PT) visitou o Grupo ND nesta terça-feira (26) após falas polêmicas terem viralizado na internet nos últimos dias. As declarações foram mencionadas durante um evento com a presença do Padre Júlio Lancelotti no último domingo (24), em uma igreja católica.
Ideli Salvatti rebate críticas após chamar Santa Catarina de estado com mais células nazistas – Foto: Leo Munhoz/ND
Segundo a senadora, a declaração que afirmava que Santa Catarina é o estado com mais células neonazistas do Brasil foi “tirada de contexto”.
“Aqui em Santa Catarina, infelizmente, que é um estado maravilhoso e que eu amo de paixão, temos enfrentado muitas manifestações de ódio e violência. Existe uma situação grave de células nazistas, comprovadas aqui no estado, não por mim, mas por pesquisadores e pelo Ministério Público Federal”, diz.
E continua:
“Não estou inventando nada, apenas evidenciando um problema real. Infelizmente, houve um recorte da minha fala, incluindo coisas que não disse, interpretações equivocadas, o que desencadeou uma onda de ataques”, contou.
Declaração prejudica a imagem de Santa Catarina no Brasil?
Para Ideli, não. “A gravidade da existência de tantas células nazistas é uma preocupação nacional. Do dia 8 ao 12 de abril, teremos uma missão do Conselho Nacional dos Direitos Humanos visitando Santa Catarina devido à situação preocupante”, disse.
Segundo a ex-senadora, muitos ataques, como os que ocorreram em escolas ou chacinas no estado, podem ser atribuídos a essas células.
‘Arquitetura hostil’ em Balneário Camboriú:
Durante o discurso, Ideli Salvatti também abordou um projeto do vereador de Balneário Camboriú Eduardo Zanatta (PT), relacionado ao que chamou de “arquitetura hostil”.
“Nas palavras do padre Júlio Lancellotti, o maior nome brasileiro no combate à aporofobia, ‘uma cidade precisa ser hospitaleira para os pobres, para os indesejáveis. Esse é o nosso grande desafio civilizatório e o grande desafio de sermos de verdade uma democracia. Por enquanto, a democracia é apenas um conceito em nossas mentes. Não existe democracia quando há pessoas morrendo de fome, pessoas comendo lixo’”, afirmou em relação ao Projeto de Lei Ordinária n 92/2022.
Para rebater as críticas sobre o projeto, Ideli se defendeu explicando que “são os espaços públicos. São onde as estruturas não permitem que pessoas permaneçam nas praças, nos bancos, embaixo de viadutos. É uma arquitetura voltada para proibir que pessoas permaneçam naqueles espaços. O projeto visa transformar Balneário em uma cidade acolhedora para todos, não apenas para quem tem dinheiro”, disse Ideli.
Padre Júlio Lancelotti e a suspeita de pedofilia
Ideli também foi questionada sobre seu apoio ao padre Júlio Lancelotti, que recebeu uma homenagem do seu instituto, Humaniza Brasil, fundado pela ex-senadora. Em janeiro deste ano, Lancelotti foi acusado de pedofilia. Na época, uma matéria da Revista Oeste afirmou que uma perícia confirmou a existência de uma videochamada íntima entre ele e um menor de idade. O sacerdote nega veementemente todas as acusações.
Sobre o assunto, Ideli declarou também acreditar na inocência do padre. “Ele me lembra muito um cristão, um trabalho muito próximo de Cristo. O Ministério Público de São Paulo já atestou que o vídeo é falso. Há pessoas que têm uma régua, a régua da desumanidade, e é assim que julgam”, disse.
Ideli Salvatti descarta candidatura
Finalizando a entrevista, Ideli afirmou que não pretende voltar à política como candidata, nem nesta nem na próxima eleição, mas deixou uma mensagem:
“Política é o cotidiano, é tudo o que você faz para melhorar a sociedade. Hoje estou fazendo mais política do que já fiz em todos os momentos. Precisamos de uma sociedade solidária, de integração, de inclusão”, finalizou.