Reza alta e carinho do irmão: família descreve queda fatal de menina sobre vaso sanitário em SC

“Agora que aconteceu essa tragédia, a gente entende que ela era um anjo.” Fernanda Franco, mãe da pequena Alana Emanuelly Franco, relembrou momentos especiais que passou com a filha durante os sete anos de vida da menina.

Sempre sorridente e com muita animação, Alana levava alegria a familiares e amigos. Após a tragédia que tirou a vida da menina, a família de Alana falou com exclusividade à equipe da NDTV Record sobre o momento do acidente.

Menina morreu após sofrer um acidente doméstico – Foto: Arquivo pessoal/Divulgação/ND

A vida da menina terminou em um momento trágico, após cair sobre um vaso sanitário em uma casa alugada pela família na praia do Ervino, em São Francisco do Sul, no dia 16 de março.

Alana havia passado o dia na praia com os pais, Fernanda e Pablo Henrique Pavelski, e o irmão de apenas dois anos, Henrique.

Segundo Pablo, o pequeno Henrique tem medo de mar, mas naquele dia brincou muito com a irmã na água. “Na areia da praia tinha um monte de bichinhos. Eu pegava e mostrava para ela: ‘ó, filha, esses aqui eles usam para pegar peixe.’ Ela sabia que eu amava pescar.”

A família se divertiu na praia do Ervino até perto das 19h. Então, decidiram ir para a casa alugada antes de retornar para Guaramirim, cidade que fica a, aproximadamente, 55 km, onde residem.

Família da menina retornaria para Guaramirim após dia de praia – Foto: Arquivo pessoal/Divulgação/ND

A mãe conta que Alana pediu ajuda para tirar o biquíni antes do banho. Depois de ajudá-la, Fernanda fechou a porta para a menina tomar banho. “Em questão de um ou dois minutos, deu aquele estouro forte. Parecido com uma explosão”, relembra a mãe.

Segundo relatos, ao tentar mexer na temperatura do chuveiro, a menina subiu em cima do vaso sanitário que estava um pouco solto. Alana então caiu sobre o objeto, que se estilhaçou e cortou a menina. Uma artéria que passa pela axila foi atingida.

Fernanda encontrou Alana em pé, mas já desfalecendo. A menina estava perdendo muito sangue.

Os familiares a tiraram do banheiro e tentaram ajudar com massagens cardíacas enquanto gritavam por ajuda. Um vizinho chamou o Corpo de Bombeiros Militar.

Bombeiros não conseguiram conter hemorragia

“A gente percebeu que era um caso grave, porque já de longe os populares estavam sinalizando e havia bastante gente na rua”, relata o Soldado Rockembach, um dos bombeiros responsáveis pelos primeiros atendimentos à Alana.

De acordo com o soldado, a comunidade estava na rua desesperada e rezando alto. Quando chegaram na casa da família e se depararam com a cena, os bombeiros já constataram que Alana não tinha mais sinal vital.

A equipe iniciou o procedimento tentando estancar a hemorragia. Vendo a gravidade a situação, a corporação deu prioridade para o transporte. Colocaram a menina em uma maca rígida e a levaram para a ambulância.

“Em nenhum momento ela voltou a ter pulso. Até chegamos a dar choque em três oportunidades, mas não tivemos resposta”, relembra o soldado.

Fernanda acompanhou a menina e a equipe dentro da ambulância e presenciou as tentativas de salvar a vida de Alana. “Eu fui rezando o caminho inteiro, pedindo que Deus não tirasse ela de mim, por mais que eu tenha visto o último suspiro dela”, recorda a mãe.

Segundo o delegado de Polícia Civil, Fábio Estuqui, o médico legista informou que a causa da morte foi por hemorragia, causada pela perda excessiva de sangue “Foi uma tragédia mesmo o que aconteceu ali”, disse o delegado.

“Me senti tão culpada”, família relata choque com o acidente

Aos sete anos, Alana já fazia diversas atividades sozinha, inclusive tomar banho. A família relembra que, em casa, quando a temperatura estava gelada ou quente, a menina pedia a ajuda do pai para ajustar.

Pablo, o pai de Alana, não estava na casa alugada no momento do acidente e relata que saiu correndo o mais rápido possível quando soube da situação. “Cheguei lá e vi aquele sangue. Vi aquelas manchas de sangue. Aquilo lá doeu tanto meu coração.”

Ao receber a notícia da morte da filha, já no hospital, os pais relembram a culpa que sentiram por não poderem ajudar a menina. “Quem sabe se eu tivesse lá, eu poderia ter feito alguma coisa, ajudado minha filha no momento em que ela mais precisou de mim”, lamenta Pablo.

“Se soubesse que aquele vaso estava solto, jamais teria deixado ela sozinha”, afirma a mãe.

Despedida da menina foi marcada por tristeza

“A parte mais dolorida foi a hora que eu tive que escolher o caixãozinho da minha filha para fazer a liberação do corpo dela. Aquilo me destruiu”, recorda o pai.

Já o irmão Henrique, de apenas dois anos, não conseguiu entender toda a dimensão do acontecimento, apesar de ter presenciado os familiares tentando salvar Alana.

“Para ele, ela estava dormindo. E ele falou: ‘mana, acorda’. Chegava lá, fazia carinho nela, aí voltava para cá, depois voltava e fazia carinho de novo”, relembra Fernanda.

Como os dois irmãos compartilhavam o gosto por doces, Henrique buscou chicletes para Alana. “Ela não tinha como pegar o chicletinho, mas ele trouxe, fez carinho”, recorda a mãe.

Fernanda conta que na hora de levar o corpo de Alana para o cemitério, foi o momento em que o menino começou a entender a situação. “Ele chorou. Mas agora ele está entendendo que a ‘mana’ dele está no céu e que a Alana vai ser um anjo da guarda, vai cuidar muito dele e de todos nós.”

Volta para casa trouxe momentos difíceis

“Ver as coisinhas dela, é complicado, sabe?”. Ao encontrar todos os brinquedos e lembrança de Alana em casa, a família relata a dificuldade de encontrar forças para seguir adianta.

“A gente tem que recomeçar. Recomeçar a nossa vida sem ela, aprender a viver sem ela”, afirma Fernanda.

“Pedi muito para ela cuidar de todos nós, mandar força pra gente, para ela acalmar o nosso coração, porque a gente vai precisar bastante. Ela cumpriu o papel dela aqui na Terra. Deus só emprestou ela para nós. Foi os melhores sete anos da minha vida. Da nossa vida”, conclui a mãe.


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Família faz relatos emocionantes sobre a morte da menina Alana, de apenas sete anos – Vídeo: Marcelo Thomazelli/NDTV

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