Modelo trans denuncia agressão e transfobia durante festa LGBTQIA+ em casa noturna na Zona Oeste de SP

Segundo relato da vítima, de 21 anos, agressor gritou ‘olha o traveco passando’ e ‘aqui não é o local para você, pode ir embora mesmo’ antes de agredi-la. Caso foi registrado na Polícia Civil. Modelo trans denuncia agressão durante festa em SP
Reprodução/TV Globo/Arquivo Pessoal
Uma modelo trans de 21 anos denunciou que foi vítima de transfobia e chegou a ser agredida dentro de uma casa noturna que fica em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. O caso aconteceu na madrugada de sábado (1) durante uma festa LGBTQIA+.
Em entrevista à TV Globo, Frantiesca relata que ela e um amigo estavam na festa quando um desconhecido se aproximou e começou a xingar. Câmeras de segurança da casa noturna registraram o momento da confusão e a agressão.
“Ele veio e falou ‘olha o traveco passando’. Eu desacreditei ouvir isso em uma balada LGBTQIA+, ignorei e continuei andando, quando o agressor completou: aqui não é o local para você, pode ir embora mesmo. Pedi para o homem falar novamente olhando o meu olho e foi quando tudo aconteceu, quando ele me agrediu”.
“Eu ignorei, entendeu? Eu não quis discussão, eu continuei andando. Só que ele continuou me xingando, ele continuou me agredindo verbalmente com palavras transfóbicas, entende? E daí nessa hora, enquanto eu desci a escada, voltei alguns degraus e eu falei, repete! Foi quando ele repetiu e pegou a bebida que estava na mão dele e jogou em mim”.
Frantiesca ainda relata que foi atrás do agressor para tentar se defender, quando os seguranças apareceram e, em vez de perguntar o que aconteceu, a retiraram do local.
Câmera de segurança registra confusão em casa noturna de SP
Reprodução/TV Globo
A modelo também afirma que a transfobia aconteceu não somente da parte do agressor, mas também dos seguranças que não deram nenhum apoio e nem trataram o amigo dela da mesma maneira.
“Um homem batendo numa mulher, eu sou uma mulher trans, mas ainda sim sou uma mulher, ou ao invés deles tomarem o cuidado, um certo cuidado que a gente espera de uma autoridade, eles simplesmente me agarraram por um braço, e me arrastaram do segundo andar do local até a rua me expulsando. Eu realmente não sei o que foi pior disso tudo”, desabafou.
Investigação
Modelo trans Frantiesca, de 21 anos, denuncia agressões em festa de SP
Arquivo Pessoal
Nas redes sociais, Fratiesca fez vídeos e postou fotos das lesões no olho, e escoriações nos braços e pernas.
A Secretaria de Segurança Pública afirmou que foi solicitado exame de corpo de delito ao Instituto Médico Legal (IML) e a vítima foi orientada quanto ao prazo para ofertar a representação criminal no 14° Distrito Policial. De acordo com Frantiesca, a representação foi feita nesta terça-feira (4).
Até o momento, o agressor não foi ouvido pela polícia.
O que diz a festa Euphoria?
A organização da festa “Euphoria” se posicionou sobre o caso nas redes sociais, juntamente com a publicação de imagens do circuito interno do momento que ocorre a agressão. Veja na íntegra:
“Olá caros, não íamos postar o vídeo para não fomentar mais discursos e ódio na comunidade, mas visto as falas distorcidas sobre como se iniciou a briga entre clientes, optamos por disponibilizar as imagens, mostrando fatos os quais são totais desaprovados por toda operação da casa mas que infelizmente ocorrem entre clientes e cabe a equipe de segurança do clube retirar todos envolvidos do local prezando pelo bem de todos os demais não envolvidos, assim se seguindo o evento como deve ser seguido.
A festa é estruturada pela própria comunidade, sendo avessa a qualquer tipo de preconceito e tendo o suporte de seguranças a qualquer divergência, aptos a conduzir ao melhor modo divergências e em casos extremos como esse, retirar e prestar o suporte devido quando de desejo, também toda registrada em vídeo para casos de necessidade, todos envolvidos tenham sua parte corroborada na justiça em detalhe fazendo-se assim a segurança de todos de modo físico e jurídico.
No mais, estamos aqui junto ao clube para dar todo suporte necessário como já foi oferecido anteriormente para tomar medidas cabíveis aos agressores, situações que ferem o direito de nossa comunidade LGBTQ+ nunca foi ou será tolerada em nosso local”.
O que diz a Open Bar Club
Já a Open Bar Club, local que aconteceu a festa, disse que após apuração com a equipe de funcionários, alguns clientes e com imagens, “ficou bem claro que a sra. Frantiesca causou uma confusão com um grupo de clientes, primeiramente dando um tapa na cara da pessoa e depois trocando socos e tapas, segundos relatos ela estava bem alcoolizada”.

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