‘Importante, principalmente para mulheres’, diz moradora de Florianópolis sobre lei para ônibus

Os usuários do transporte coletivo de Florianópolis podem se sentir mais seguros à noite. A prefeitura regulamentou uma lei, de 2014, que permite aos passageiros embarcar e desembarcar fora do ponto de ônibus, das 22h às 6h, todos os dias, caso desejem.

transporte coletivo em Florianópolis tem mudança importante para aumentar segurança – Foto: Leo Munhoz/ND

Para tanto, o ônibus deve estar no trajeto normal e o local não pode ter parada proibida. A medida é uma resposta aos pedidos por mais segurança nas paradas de ônibus da cidade.

Motoristas e cobradores do Consórcio Fênix, formado pelas cinco empresas que fazem as linhas de ônibus na Capital, foram avisados da mudança, que passou a valer sexta-feira.

A estudante Lais Ferreira Lucas, 26, considera a medida válida e vai aderir. Ela utiliza o coletivo todos os dias úteis indo de casa, na Tapera, para a faculdade, no Centro.

“Às vezes, o ônibus passa e não consigo ir até o ponto, então, acredito que vai ser muito benéfica [a mudança] para segurança da população”, diz.

Quando a aula termina mais tarde, Lais volta para casa depois das 22h, mas se sente segura no bairro. Para ela, a mudança será útil quando for para locais que não têm familiaridade.

A recepcionista Amanda Coelho do Nascimento, 26, avalia a medida como muito apropriada.

“Esse horário, em que o fluxo de pessoas é menor, se torna mais propício para a prática de crimes, então, me sinto insegura na rua. É uma medida importante, principalmente para mulheres retornando do trabalho ou da faculdade”, comenta.

Segundo ela, cidades como Campo Grande (MS), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG) têm sistemas parecidos. “Florianópolis não deve ficar para trás, apesar de ser menos violenta”, afirma Amanda.

Números do transporte coletivo na Capital

Junho de 2023: média de 204 mil passageiros por dia;
Num dia chuvoso: 156 mil passageiros;
Entre 22h e 6h, apenas 6% dos usuários do dia;
Antes da pandemia, a média de passageiros diária era de 216 mil;
Num mês de alta rotatividade, alcança 240 mil passageiros;
Frota: 500 veículos.

O servidor público Federal Ricardo Quentel Melo, 33, lembra que a regra é antiga. “Conheço e já utilizei. Entretanto, como era mal divulgada, muitas vezes, esquecia ou não utilizava para evitar atritos com motoristas que desconhecem a regra. Agora, com maior divulgação, pretendo utilizar com mais frequência”, diz Ricardo.

“O período noturno é o que mais utilizo [ônibus]. Há muitos pontos mal iluminados e desertos à noite e me sinto inseguro, tanto no embarque quanto no desembarque, em especial na região da UFSC [Universidade Federal de Santa Catarina] e Centro”, completa.

Aumento da ‘sensação de segurança’

O decreto vale para todos os ônibus do transporte coletivo convencional de Florianópolis.

Não vale para os executivos (amarelinhos), que já param em qualquer local e horário no seu trajeto. Conforme o prefeito Topázio Neto (PSD), a regulamentação visa garantir, principalmente, a segurança dos passageiros.

“Não é comum termos casos de violência em pontos de ônibus da cidade, mas sabemos que, na madrugada, as pessoas se sentem mais inseguras, principalmente em locais sem movimento. Por isso, é importante todos saberem que podem esperar onde se sentem mais seguros”, comenta.

Período de implementação e ajustes

Secretário de Transportes e Infraestrutura de Florianópolis, Rafael Hahne reforça que o movimento cai muito entre 22h e 6h e que apenas 6% da operação ocorre nesse período.

Para ele, a mudança não vingou no passado porque boa parte da população não sabia da possibilidade, por isso, a prefeitura está dando visibilidade à legislação.

Usuários consideram que muitos pontos de ônibus estão em locais inseguros à noite – Foto: Leo Munhoz/ND

“Como toda e qualquer medida tem que ser acompanhada e podemos ajustar. Buscamos, enquanto prefeitura, deixar o consórcio inteirado. Vamos cobrar e fiscalizar para que aconteça da melhor forma possível”, completa.

O coordenador técnico do Consórcio Fênix, Marcelo Biasotto, acredita que a regulamentação será tranquila.

“Lidamos com muita gente, podem surgir situações em que o motorista não viu e até reclamações, mas, de modo geral, concordamos com a medida”, declara.

Segundo Biasotto, os motoristas e cobradores receberam um ‘mosquitinho’, na sexta-feira, comunicando a medida.

Em 2023, após o baque da pandemia, a operação do transporte coletivo na Capital se aproximou da normalidade, alcançando 90% dos números que obtinha antes da crise sanitária.

*Fontes: Consórcio Fênix e Secretaria de Transportes e Infraestrutura de Florianópolis.

 

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