Procissão do Senhor dos Passos reúne 80 mil fiéis no Centro de Florianópolis

Um ato de fé, devoção e, como de costume, marcado por muita emoção. Se na véspera nem mesmo a chuva atrapalhou o cortejo da Procissão do Senhor dos Passos, neste domingo (17) o tempo colaborou e milhares de pessoas – jovens e mulheres e idosos, alguns na casa dos 90 anos – acompanharam a procissão, tradição com 258 anos de história na Capital e a terceira maior do país.

A saída ocorreu por volta das 16h da Catedral Metropolitana, com caminhada pelas ruas do centro e retorno à Catedral, para o encontro das imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores e o sermão do padre Valdemar Groh. Depois, o cortejo saiu em direção à Capela Menino Deus, onde o arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, agradeceu à comunidade e a procissão foi encerrada. Ao todo, 80 mil fiéis participaram da procissão, sábado e ontem, segundo a organização do evento.

Provedor da irmandade Senhor dos Passos há sete anos, Eduardo Dutra da Silva destacou a participação dos jovens. “As pessoas se arrepiam, vejo vários descalços pagando promessas. Foi fantástico, um dia de muita emoção. Uma tradição repetida há quase 260 anos”, disse.

Coordenadora da procissão, Rita Peruchi tinha a expectativa de que a procissão seria, mais uma vez, muito bonita, como o Senhor dos Passos, a Nossa Senhora das Dores e o povo merecem. “É um momento muito especial e as pessoas vêm agradecer, pedir. Elas têm muita esperança. Isso é muito bonito de ver”, disse Rita. Para ela, a grande diferença deste ano foi a participação massiva da população.

Convocação à reflexão

Prefeito de Florianópolis, Topázio Neto disse que vai a todas as manifestações da cidade, sejam culturais ou religiosas. “Essa procissão tem 258 anos passando pelas ruas de Florianópolis e é um orgulho para todo morador poder acompanhá-la pelo menos uma vez. São tantas gerações, tantas pessoas, e é uma demonstração de fé inabalável desse povo”, afirmou Topázio.

O governador do Estado de Santa Catarina, Jorginho Mello também participou. O prefeito e o governador, aliás, contribuíram com o cortejo pelas ruas do Centro carregando o pálio que encobre o arcebispo no cortejo, junto de outras autoridades.

“As pessoas estão nervosas, ansiosas e precisamos ser exemplo. Hoje é um dia que nos convoca para uma reflexão. Estamos precisando abrandar os corações e de calma. Todo santo dia pratico isso, tendo fé em Deus”, declarou o governador.

Ter mais fé e participar mais

Digitadora na Alesc (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina), Gisele Andrade da Silva, 40 anos, participou da procissão descalça, cumprindo sua promessa.

“Venho há 17 anos, pois fiz uma promessa para o resto da vida e todos os anos estou aqui. Recebi minha bênção e a recebo todos os anos.” Para ela, as pessoas deveriam ter mais fé e participar mais.

“Acreditei, fiz minha promessa e sempre fui alcançada. Fiquei desempregada uma época e pedi para ele não me desamparar. Nunca mais fiquei sem emprego”, contou Gisele, que participou do evento com a filha, o primo e a mãe, que também pagava promessa.

Agradecer e pedir um novo milagre

Elza de Jesus, 72 anos, é manezinha do Abraão no Continente.

Dona de casa, ela nem sempre participa, porque mora em Palhoça. Neste ano, como fez uma promessa e foi abençoada, compareceu.

“Tinha uma dor muito forte na perna e fui curada. Hoje vim pedir outro milagre e vou alcançar, em nome de Jesus”, disse.

“Acho lindo, é uma tradição, a gente se criou dentro da igreja. Tem tanta gente afastada, é tanta falta de amor. Que bom que hoje tem muita gente.”