Ata do Copom acena com a possibilidade de corte na taxa de juros em agosto

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A pedido da liderança do governo federal, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou um convite para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, preste esclarecimentos sobre a alta taxa básica de juros no Brasil. Ata do Copom acena com a possibilidade de corte na taxa de juros em agosto
Jornal Nacional/ Reprodução
O Banco Central do Brasil divulgou nesta terça-feira (27) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária.
A ata da reunião do Copom, que manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, abriu espaço para a redução dos juros pela primeira vez em 2023. Revelou que houve divergência no comitê – hoje formado pelo presidente do Banco Central e mais sete diretores.
A maioria entende que, mantidas as condições e trajetórias da inflação, será possível reduzir juros em agosto. Mas alguns entendem que é preciso encontrar mais sinais da inflação no longo prazo.
“Observou-se divergência no comitê em torno do grau de sinalização em relação aos próximos passos. A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião. Outro grupo mostrou-se mais cauteloso. Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo”, diz a ata da reunião.
A ministra do Planejamento e o ministro da Fazenda comentaram a ata.
“Ficou claro que nós estamos no caminho certo. E eu penso que a economia brasileira, em virtude dessa desaceleração do crédito no Brasil, que é muito acentuada, precisa considerar o esforço que está sendo feito pelo governo e as trajetórias das variáveis todas, que incluem desaceleração, as taxas de inflação, a convergência. Vamos ver, vamos aguardar. O Brasil está com uma trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal com a monetária, que é algo que eu defendo desde dezembro, eu acredito que possa acontecer brevemente”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“A expectativa nossa é que, em agosto, nós já possamos ter uma sinalização ainda que modesta. E a economia vive de expectativas. Se vai ser 0,25% ou 0,5%, isso já vai ser um sinal para que investidores voltem a olhar para o Brasil. O setor, não só o setor empresarial, mas o setor também de serviços, possam estar pensando em investimentos a médio prazo. Economia vive de expectativa. É isso que nós precisamos”, declarou Simone Tebet, ministra do Planejamento.
A pedido da liderança do governo federal, crítico da atual política monetária, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou nesta terça-feira (27) um convite para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, preste esclarecimentos sobre a alta taxa básica de juros.
O senador da oposição, Carlos Portinho, condena a postura do governo.
“Mesmo o governo atual jogando contra a política monetária, com críticas ao Banco Central, a sua independência, matéria que o Congresso já aprovou no passado e que vem dando resultados a economia do país, mesmo assim, a gente vê que o país com essa política tem segurado a inflação e tem, agora, se esse cenário se solidifica, se sedimenta. É possível o Copom discutir a redução, mas com instrumento de mercado, olhando para o mercado e não olhando para a política”, diz Carlos Portinho do PL – RJ.
Economistas avaliam que a próxima reunião do Conselho Monetário Nacional será decisiva para o futuro da taxa de juros no Brasil. Na quinta-feira (29), o conselho formado pelos ministros da Fazenda, do Planejamento, e pelo presidente do Banco Central vai discutir uma possível mudança no período de referência da meta de inflação. Caso a proposta seja aprovada, ela deixaria de ser para o ano fechado, de janeiro a dezembro, e passaria a ser contínua, em um período de 18 meses.
O conselho também vai determinar a meta de inflação para 2026. A de 2023 é de 3,25%, e de 3% nos próximos dois anos – com tolerância de 1,5% para mais ou para menos.
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