Polícia Civil e MPRJ tentam prender Bernardo Bello por morte de advogado; já são 5 mandados de prisão contra o bicheiro

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Agentes saíram para cumprir, no total, 8 mandados de prisão, mas 5 alvos já estavam encarcerados. A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciaram na manhã desta quinta-feira (7) a 3ª fase da Operação Ás de Ouros, com o objetivo, mais uma vez, de prender o contraventor Bernardo Bello. Este é o 5º mandado de prisão contra o bicheiro.
Agentes saíram para cumprir, no total, 8 mandados de prisão, mas 5 alvos já estavam encarcerados.
Todos são acusados de envolvimento na morte do advogado Carlos Daniel Ferreira Dias, em maio de 2022, em Niterói. Eles já haviam sido indiciados e denunciados pelo homicídio e agora responderão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Até a última atualização desta reportagem, Bello e os outros 2 alvos ainda não tinham sido encontrados.
A 1ª fase da Ás de Ouros foi em julho de 2022, e a 2ª, um ano depois.
Esta reportagem está em atualização.
Bicheiro Bernardo Bello em cena de ‘Vale o escrito’
Reprodução/Globoplay
Quem é Bernardo Bello
Bernardo Bello Pimentel Barboza é apontado como um dos chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro. O posto foi assumido após romper com a mulher e com toda a família dela — o clã Garcia — em uma ascensão marcada a sangue, segundo as investigações.
No meio dessa briga, Bello ainda presidiu a escola de samba Unidos de Vila Isabel.
Bello responde a 4 tipos de crimes em diferentes processos:
A morte de Alcebíades Paes Garcia, o Bid, tio da ex-mulher, Tamara;
A morte do advogado Carlos Daniel Dias André;
Lavagem de dinheiro;
Formação de quadrilha.
Bello se casou com Tamara Harrouche Garcia, filha de Waldermir Paes Garcia, o Maninho, assassinado em setembro de 2004.
Com a morte de Maninho, os negócios dos Garcias seriam herdados pelo irmão dele, Bid, mas Bello acabou tomando tudo para si.
De acordo com Shanna Harrouche Garcia, irmã gêmea de Tamara e ex-cunhada de Bello,
antes de seu tio Bid ser assassinado, em fevereiro de 2020, ele fez algumas brincadeiras, afirmando que iria reassumir os negócios.
Em janeiro de 2022, Bello, já apontado como mandante da morte de Bid, foi preso pela Interpol na Colômbia — ele constava da Difusão Vermelha (Red Notice), a lista dos mais procurados de cada país. A Justiça aceitou a denúncia do MPRJ e tornou Bello réu.
Bello ficou detido na Colômbia por 4 meses, quando obteve um habeas corpus, e voltou ao Brasil, respondendo ao atentado em liberdade.
A morte de Bid foi uma das que marcaram a guerra do jogo do bicho no RJ. Também foram executados Waldemir Garcia, o Myro, o filho dele, e Fernando Iggnácio.
Em novembro de 2022, Bello voltou a ser procurado, na Operação Fim da Linha, por corrupção e lavagem de dinheiro. A investigação começou com a notícia-crime sobre um bingo clandestino em Copacabana, na Zona Sul do Rio, que funcionaria com a permissão de policiais militares.
Em março de 2023, a Justiça expediu mais um mandado de prisão contra Bello, também por lavagem de dinheiro. Na ocasião, o MPRJ denunciou o ex-jogador Emerson Sheik (apelido de Marcio Passos Albuquerque).
Segundo a investigação, Bello e Sheik fizeram uma permuta de uma cobertura do ex-jogador por uma casa na Barra da Tijuca. Apesar de declararem que não havia valor envolvido, Bello transferiu “à margem da transação imobiliária formal”, em 4 depósitos em espécie, R$ 473.550 para Sheik – “utilizados clandestinamente como parte do pagamento pela aquisição de imóvel”. Os valores não passaram por contas bancárias de Bello e não foram registrados nas escrituras.
Investigadores afirmam ainda que a Vila Isabel foi utilizada, entre 2014 e 2015, para lavagem de dinheiro “oriundo, sobretudo, da contravenção do jogo do bicho e da exploração de máquinas caça-níqueis”.
A morte do advogado
O advogado Carlos Daniel Dias André, de 41 anos.
Reprodução
O advogado Carlos Daniel Dias André, de 41 anos, foi assassinado a tiros no bairro Cafubá, na Região Oceânica de Niterói, na manhã de 31 de maio de 2022. Um homem em uma moto preta se aproximou do veículo que Carlos Daniel dirigia e atirou. O carro do advogado estava com um dispositivo de GPS para monitorar seus passos.
Carlos Daniel era ex-policial civil e foi expulso da corporação em 2011, depois que foi preso pela Polícia Federal transportando traficantes que tentavam escapar do cerco à Favela da Rocinha para a implantação da UPP.
O advogado cumpriu 6 anos de prisão. Na cadeia, ele estudou, se formou em direito e começou a trabalhar na advocacia criminalista. Tornou-se especialista no ramo de execuções penais — área em que advogou para muitos policiais e contraventores do jogo do bicho e máquinas caça-níqueis.
Carlos Daniel atuou pontualmente como o advogado da viúva do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega (morto em confronto na Bahia, em fevereiro de 2020), Julia Lotufo. Ela foi alvo do Ministério Público, em março do ano seguinte, por suspeita de lavagem de dinheiro e organização criminosa — teria feito uso do dinheiro oriundo do espólio de Adriano.
À época, Julia tentou fazer um acordo de delação premiada. Foi neste momento que, segundo as investigações, Carlos Daniel entrou de vez na mira do contraventor Bernardo Bello.
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