Taxa de desalento é a menor desde 2016

O movimento de recuperação do mercado de trabalho teve reflexos no comportamento dos brasileiros: o número daqueles que desistiram de procurar emprego diminuiu. Taxa de desalento é a menor desde 2016
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O movimento de recuperação do mercado de trabalho teve reflexos no comportamento dos brasileiros. O número daqueles que desistiram de procurar emprego diminuiu. A chamada taxa de desalento é a menor desde 2016.
Voltar para a fila de emprego foi um movimento que Cristiane de Souza Pereira da Silva fez depois de ficar muitos anos fora do mercado de trabalho. Tinha desistido de procurar.
“De carteira assinada, para eu poder ter uma certa estabilidade e continuar os meus estudos. Mas o que aparecer a gente faz porque os boletos não esperam”, diz.
Na mesma fila, Adriano de Jesus Pereira também voltou a buscar uma oportunidade.
“Seis anos parado e só a sua família te ajudando é chato”, afirma.
A condição de estar desempregado e desistir de procurar uma vaga tem nome. É chamado pelo IBGE de desalento ou desânimo. E a grande quantidade de pessoas desanimadas com essa procura por trabalho chamou atenção nos últimos seis anos. Mas o resultado mostrado agora pelo IBGE traz uma redução expressiva: o número de desalentados é o menor desde 2016.
Segundo os últimos dados do IBGE, entre fevereiro e abril de 2023, 3,7 milhões de brasileiros se encaixavam no desalento. No mesmo trimestre de 2022, esse número era bem maior: 4,4 milhões de pessoas. O índice chegou a ser de quase 6 milhões de desalentados no mesmo trimestre de 2021.
Segundo os últimos dados do IBGE, entre fevereiro e abril de 2023, 3,7 milhões de brasileiros se encaixavam no desalento
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De acordo com a pesquisa do IBGE divulgada agora, em um ano, cerca de 700 mil pessoas voltaram a buscar uma ocupação. Segundo especialistas, o retorno do interesse pelo mercado de trabalho é um sinal positivo, impulsionado pela retomada das atividades econômicas do país.
“Isso está trazendo um ânimo maior para as pessoas, está fazendo com que aquele trabalhador que, até então ele achava que ou tinha muita pouca condição ou que o mercado não estava tão atrativo, ele começa, então, a se animar e sai da inatividade e vai à procura de uma colocação no mercado de trabalho”, explica Maria Andréia Parente Lameiras, técnica de planejamento e pesquisa do IPEA.
A professora Marília Pinheiro Machado Liotti é uma das ex-desalentadas. Ela chegou a desistir depois de perder o emprego como professora em 2021. Mas, depois de investir na qualificação, viu que o mercado olhou para ela de um jeito diferente e, aos 48 anos, deixou o desalento de lado.
“Não é porque tu tem 48 anos que tu não consegui mais oferecer nada nesse mercado de trabalho. Pelo contrário. A tua experiência é muito importante. Essa troca com a juventude também é muito importante. Porque eles te ensinam. Isso é educação: um constante aprendizado. Eles te ensinam e tu ensina eles também”, diz Marília.
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