Empresa que transformará terraço do Edifício Martinelli em bar e espaço para festas quer retomar visitações até final deste ano

Contrato de concessão foi assinado por Prefeitura de SP e Grupo Tokyo nesta sexta-feira (16). Duração é de 15 anos. Terraço está fechado para o público desde início da pandemia, em 2020. Edifício Martinelli, no Centro de São Paulo
Renata Bitar/g1
A Prefeitura de São Paulo assinou nesta sexta-feira (16) a concessão do terraço do Edifício Martinelli, o primeiro arranha-céu da cidade, localizado no Centro da capital paulista. O vencedor da licitação foi o Grupo Tokyo, responsável pela balada de mesmo nome, também na região central.
O contrato prevê a concessão de quatro andares no topo do edifício (25°, 26°, 27° e 28°), além da Loja 11, na parte térrea, por um período de 15 anos. Ao todo, a área concedida tem 2.570 m².
Em entrevista ao g1 em fevereiro deste ano, Junior Passini, sócio do Grupo Tokyo, contou que pretende instalar bar, café, lojas, anfiteatro, museu e realizar shows e festas no local.
Antes da pandemia de Covid, o público podia visitar o terraço do Martinelli gratuitamente para ter acesso uma vista privilegiada de São Paulo. Com a concessão, Passini disse que a visitação será cobrada, mas pretende estipular entrada grátis em dois dias da semana.
Do terraço é possível ver pontos como Catedral da Sé, Praça da Sé, Pateo do Colégio, Largo e Mosteiro de São Bento, Vale do Anhangabaú, Teatro Municipal, Edifício dos Correios, Viaduto do Chá, Viaduto Santa Ifigênia, Edifício Matarazzo e a sede da prefeitura.
Vista do Martinelli.
Renata Bitar/ g1
O espaço está fechado para o público desde 2020, mas deve ser reaberto para visitação até o final deste ano, segundo anunciou Fábio Floriano, outro sócio do grupo, durante a cerimônia de assinatura do contrato nesta sexta.
A outorga fixa mensal, ou seja, o valor que a empresa deverá pagar mensalmente à prefeitura pelo uso e exploração comercial da área concedida, é de R$ 135 mil.
O Martinelli é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp) na classificação NP2 desde 1992, ou seja, características externas e elementos internos do local devem ser protegidos.
De acordo com a gestão municipal, o tombamento do edifício está relacionado a “elementos arquitetônicos de reconhecido valor histórico e cultural”, portanto, a medida não impede a realização de eventos como festas e shows no local.
Projeto conceitual do terraço do Edifício Martinelli
Concessão
Em 2020, a Prefeitura de São Paulo lançou o primeiro edital de licitação para a concessão do edifício, mas, a pedido do Tribunal de Contas do Município (TCM), o processo foi suspenso para ajustes nas regras da concessão;
A licitação para a concessão foi homologada em 6 de março deste ano, após a finalização do prazo recursal de cinco dias úteis, sem a apresentação de questionamentos.
Dentre os objetivos da concessão, estão:
Retomar o protagonismo do Martinelli no cenário turístico e urbanístico da capital;
Proporcionar ao público uma experiência baseada nos eixos ‘visitação pública’, ‘memória’ e ‘gastronomia’;
Maximizar o retorno financeiro dos imóveis pertencentes à prefeitura;
Garantir a melhoria e o desenvolvimento do Centro Histórico de São Paulo.
Roftop do Martinelli.
Renata Bitar/ g1
Primeiro arranha-céu de SP
O Edifício Martinelli foi idealizado por Giuseppe Martinelli, um comerciante italiano que chegou ao Brasil em 1889 pelo porto do Rio de Janeiro. Ele era dono de uma empresa de navegação em Santos;
O edifício foi projetado pelo arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena;
A construção do prédio foi iniciada em 1924 e previa 12 andares. A obra, porém, foi ficando mais alta e andares foram sendo acrescentados. Em 1928, quando Martinelli já havia assumido o projeto arquitetônico, o prédio chegou a 24 andares, mas foi embargado por não ter licença e desrespeitar as leis municipais;
Giuseppe reuniu, então, uma série de documentos para provar que a obra era segura e, após uma análise de uma comissão técnica, a obra foi liberada pela prefeitura, mas para ter apenas 25 andares;
O objetivo de Martinelli era chegar a 30 andares. Para atingir essa meta e ao mesmo tempo amenizar a desconfiança de parte da população sobre a segurança do empreendimento, ele construiu a própria casa (um palacete) na cobertura do prédio;
Em 1944, o prédio perdeu o título de maior arranha-céu da cidade para o que hoje se chama Farol Santander (à época, era o Edifício do Banespa, o banco do estado) ;
A construção do edifício acarretou problemas financeiros para Martinelli, que precisou vender o edifício para o governo da Itália em 1933. Em 1943, com o Brasil declarando guerra ao Eixo (do qual a Itália fazia parte), bens italianos foram confiscados, e o edifício passou a ser propriedade da União;
Em 1975, o então prefeito Olavo Setúbal desapropriou o edifício, dando início a sua restauração. Os sistemas hidráulico e elétrico foram substituídos, novos elevadores foram instalados, a fachada foi limpa e um sistema de prevenção de incêndios, instalado. O prédio foi reinaugurado em 1979, abrigando repartições municipais.

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